Por Beatriz Pugliese – Fala!PUC
“Bastava alguém manifestar qualquer dúvida na matéria e interesse em aprender, que ele já puxava uma cadeira para ensinar”. Essa afirmação faz parte da homenagem que o Cursinho Chico Poço prestou ao falecido professor e vereador da cidade de Jundiaí, Francisco de Assis Poço. O docente tinha o sonho de criar um cursinho popular, que foi realizado, em 2007, pelo seu sobrinho Rafael Pelizzer, também professor de matemática.
O cursinho Chico Poço é uma ONG sustentada com ajuda da prefeitura, doações e trabalho voluntário. Ele acolhe jovens vestibulandos que não tem condições de pagar um cursinho pré-vestibular e conta com um corpo docente de professores voluntários, formados nas melhores universidades do Brasil. Matheus Cury, graduado em história e filosofia pela USP, ingressou no Chico Poço em 2009 e desde 2016 é presidente do cursinho. Ele explica que a ONG é administrada por três coordenadores: o presidente, vice-presidente e secretário; além do tesoureiro. Os cargos duram dois anos e durante 2018 acontecerão novas eleições.
Uma aula de solidariedade – ONG ajuda jovens com dificuldade financeira a ingressar nas melhores universidades do Brasil
Matheus destaca como o cursinho o ajuda a crescer não só como professor, mas também como pessoa, “Foi onde eu aprendi a dar aula. Se hoje eu sou professor em várias outras escolas, é porque foi aqui que comecei”. Ainda, o presidente comenta sobre os projetos além da sala de aula. CPvest é uma feira de profissões, organizada pelo cursinho e reconhecida por toda a cidade, que acontece uma vez ao ano e ajuda os jovens a refletir sobre a escolha da carreira, dúvida que rodeia muitos vestibulandos. Também há o CPApresenta que é um momento de descontração, no qual os estudantes e professores preparam um show cultural, com teatro, música e muita comédia. Finalmente, o VamoAí! acontece no final do ano, nas vésperas dos vestibulares e é simplesmente um encontro para diluir a ansiedade das cinco horas que definem o futuro do aluno.
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A aluna Ana, de 20 anos, quer cursar medicina e é vestibulanda faz cinco anos. Entretanto, esse é o seu primeiro ano no Chico Poço e ela comenta como o cursinho ajudou-a a evoluir: “É muito mais que conteúdo, é saber estudar; eu fui me descobrindo como aluna”. Ana conta como funciona o processo seletivo, após realizar as inscrições, o aluno deve prestar uma prova e ao conseguir um bom resultado, ele é convocado para as entrevistas socioeconômicas.
Independentemente da questão financeira, qualquer jovem que passa pelo processo do vestibular encontra diversas dificuldades em seu caminho. Ana afirma que sofre de problemas de ansiedade devido à pressão que coloca em si mesma, chegando ao ponto de desenvolver problemas dermatológicos devido ao nervosismo. “Eu acordo pensando: e se eu não passar esse ano? O que vou fazer da minha vida? ”.
Já Eric, de 19 anos, além da questão de ser aprovado, ele também enfrenta dificuldades para se identificar com uma carreira. Após escolher e desistir de arquitetura diversas vezes, Eric está pensando em mudar de área. O aluno critica o sistema de vestibular, “não é a nossa cara”.
Para Matheus, é dever do cursinho ajudar os jovens a lidar com todas essas dificuldades. Por isso, foram instalados recentemente um plantão psicológico e orientação vocacional, além dos projetos externos já citados. O Cursinho Chico Poço deixa uma marca tão importante na vida dos alunos que passam por lá, que muitos deles ingressam na faculdade dos seus sonhos e após formados retornam ao cursinho como docente, para passar adiante essa corrente do bem.