Um dos filmes mais esperados do ano, Barbie (2023) chegou as salas de cinema brasileiras no dia 20 de julho. Como já era imaginado, a produção da Warner Bros. se tornou um fenômeno mundial mesmo com poucos dias de estreia.
O filme arrecadou um total de US$ 337 milhões no mundo todo apenas com o final de semana de estreia. No Brasil, a live action também já é um sucesso e bateu recorde na história das bilheterias, ocupando o segundo no lugar na lista de maiores estreias do país. A produção só fica atrás da estreia de Vingadores: Ultimato (2019).
Que a produção já é um sucesso de bilheteria não restam dúvidas, mas será que Barbie vale a pena ou é só hype? Confira uma análise crítica a seguir!
Enredo da live action
O lançamento é uma live action inspirada na boneca de plástico da Mattel, a Barbie. Na trama, acompanhamos a Barbie estereotipada, protagonista vivida por Margot Robbie (O Esquadrão Suicida). A boneca vive na Barbielândia, um mundo composto e dominado por várias versões da boneca.
Sempre impecável, a Barbie estereotipada começa a passar por alguns desafios e descobre que talvez não seja tão perfeita assim. Em busca de recuperar sua perfeição, ela enfrenta o mundo real, mas acaba descobrindo que a vida por aqui é bem diferente da Barbielândia.
A obra é dirigida por Greta Gerwig (Lady Bird: Hora de Voar) e o elenco trouxe nomes como Ryan Gosling, Hari Nef, Issa Rae, Dua Lipa e muito mais.
Barbie vale a pena? Confira a análise crítica
Barbie é uma live action que busca explorar novas nuances da boneca de plástico da Mattel, que sempre foi símbolo de perfeição, criando e reforçando padrões de beleza no mundo feminino.
O filme, ao trazer os embates da Barbie Estereotipada, propõe reflexões sobre os desafios femininos em um mundo em que se espera sempre elegância, feminilidade, força, beleza e diversos outros atributos exigidos às mulheres.
Quando conhece o mundo real, a protagonista se depara com uma realidade completamente diferente do que conhecia. Se na Barbielândia as mulheres dominam e ocupam as posições de poder, no mundo real, tudo é o contrário. Além disso, enquanto no mundo cor de rosa todos a idolatram, no mundo real, ela não passa de uma mulher bonita que facilmente é objetificada.
Ao viver a experiência de estar fora dos holofotes e suscetível a imperfeição, a boneca tem suas perspectivas transformadas. A partir disso, o filme traz reflexões sobre o lugar da mulher na sociedade e critica o patriarcado.
Apesar do tom crítico, a produção traz diversas referências nostálgicas possíveis de serem captadas por quem cresceu brincando com a boneca, além de quebrar a seriedade com piadas ácidas e de duplo sentido que podem arrancar boas risadas.
No entanto, apesar do filme ter uma pegada crítica, o que já era esperado por ter sido dirigido por Greta Gerwig, as críticas sociais propostas pelo filme ficam na superficialidade. O debate sobre o lugar da mulher na sociedade é pouco explorado e muitas questões interessantes, como o assédio e a objetificação feminina, poderiam ter sido um pouco mais aprofundados, principalmente pela boneca sempre ter sido símbolo de beleza, perfeição e sensualidade.
O roteiro parece corrido e os personagens são pouco aprofundados. Apesar da Barbie Estereotipada ser a protagonista, o enredo é regado de personagens coadjuvantes com potencial que mais parecem figurantes. A falta de exploração dos personagens dificulta a construção de identificação e simpatia com o público.
A produção conta com um tempo de 1h54 e, talvez, alguns minutos a mais poderiam ter resolvido isso e resultado em um roteiro digno do hype que filme gerou.
Barbie traz uma bela fotografia e figurinos que podem ser reconhecidos pelo público fã da boneca da Mattel. A produção também traz uma pegada de musical que a torna mais divertida.
Outro ponto que chama atenção é a diversidade da Barbielândia, que conta com bonecas dos mais diversos tipos: negra, ruiva, asiática, gorda e muito mais. A diversidade marca a própria investida da Mattel ao longo dos anos, que trouxe outras opções ao público para além da tradicional boneca branca, loira de olhos azuis e cabelos lisos.
Mas e aí, Barbie vale a pena? Apesar do roteiro corrido, o filme passa uma mensagem que as mulheres podem ser o que quiser. Embora a crítica não fuja da superficialidade, a produção tem rendido muitos debates sobre questões de gênero. Dessa forma, não podemos deixar de destacar a importância da inserção de assuntos como esses na cultura de massa e reconhecer que, em uma sociedade que tem pouco entendimento sobre as relações de gênero e poder, pequenas reflexões conseguem levantar debates generalizados. Por isso, vale a pena dar uma chance e tirar suas próprias conclusões sobre a produção de Greta Gerwig.
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Por Giovana Rodrigues – Redação Fala!