SÃO PAULO – Dois dias depois de ser derrotado nas urnas, Sérgio Camargo resolveu se pronunciar no Twitter sobre o resultado do primeiro turno das eleições deste ano. Candidato pelo Partido Liberal – o mesmo de Jair Bolsonaro – para deputado federal por São Paulo, o polêmico ex-presidente da Fundação Palmares conseguiu menos de 14 mil votos e não se elegeu. Em mensagem publicada nesta quarta-feira (05), Camargo rebateu a existência de “racismo estrutural” e alegou fraude na contagem dos votos.
“Racismo estrutural inexiste, portanto, é impossível que esta seja a causa da minha “derrota” nas eleições. Somente uma recontagem dos votos, individualizada e honesta, poderá revelar a verdade. Cidadãos decentes do Brasil, de qualquer cor, admiram Sérgio Camargo e o querem eleito!”, disparou ele.
Racismo estrutural INEXISTE, portanto é impossível que esta seja a causa da minha "derrota" na eleição. Somente uma recontagem dos votos, individualizada e honesta, poderá revelar a verdade. Cidadãos decentes do Brasil, de qualquer cor, admiram Sérgio Camargo e o querem eleito!🇧🇷 https://t.co/uHMWYKU2AV
— Sérgio Camargo (@CamargoDireita) October 5, 2022
Quem é Sérgio Camargo?
Ex-presidente de um órgão federal destinado a promoção da cultura afro-brasileira, Sérgio Camargo ficou conhecido por minimizar as consequências da escravidão no Brasil e fazer duras críticas ao movimento negro. Nas redes sociais, o jornalista se define como “negro de direita, antivitimista e inimigo do politicamente correto”.
À frente da presidência da Fundação Palmares, Camargo retirou diversos nomes da lista de homenageados, como Benedita da Silva, Marielle Franco e o próprio Zumbi dos Palmares, que ele considera um “falso herói”. Em 2021, chegou a ser alvo de uma denúncia do Ministério Público do Trabalho por acusações de assédio moral e perseguição ideológica contra ex-funcionários da fundação.
No começo do ano, pouco antes de deixar o cargo para entrar na disputa eleitoral, Camargo criticou a comoção nacional em torno do assassinato do congolês Moïse Kabagambe – espancado até a morte ao cobrar as diárias de trabalho em um quiosque na orla do Rio. Sem provas, ele declarou nas redes sociais que Moïse “foi um vagabundo morto por vagabundos mais fortes” e que a cor de sua pele não teve nenhuma relação com o assassinato.
Após fracassar na disputa eleitoral, o destino político de Sérgio Camargo segue incerto. Sem cargos públicos, a possibilidade de reassumir o comando da Fundação Palmares depende da reeleição de Jair Bolsonaro – que segue abaixo de Lula (PT) nas pesquisas de intenção de voto.
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Por Ludi Evelin Moreira do Santos – Fala! Universidade Federal do Paraná