Dra. Etiana Lopes é uma cirurgiã-dentista de Guiné-Bissau. Com 6 anos de formada, ela tem experiência na área tanto no serviço público quanto privado. Ainda assim, ela se considera “um bebê em odontologia” e reconhece que sempre temos muito a aprender. “A Odontologia me ensina todos os dias”, contou.
A seguir, confira uma entrevista completa com a dentista!
Entrevista com Dra. Etiana Lopes
1. O que te atraiu inicialmente para a especialidade de odontologia?
Eu sempre gostei da cirurgia, isso porque nunca tive experiência anterior, como assistir algum profissional da área da saúde operando ou algo do tipo. Na verdade, o curso que eu queria fazer era Medicina por falta de informação, não sabia que a odontologia tinha também a cirurgia como uma especialidade.
2. Quais são os seus momentos de maior orgulho nos aspectos clínicos e docentes da sua vida?
Eu acho que é de ter me formado no período mínimo do curso, porque eu passei por situações delicadas, tanto de saúde como financeira. Muitas vezes olhava para mim e falava que não ia conseguir terminar o curso mas, graças a Deus, estou aqui para contar que deu tudo certo.
3. Foi difícil sua jornada até aqui? Qual foi o maior desafio?
Não foi fácil, eu tive que lutar com a questão da saúde, dificuldade de adaptação no início, saudades da família e enfim… O maior desafio para mim foi quando eu decidi me desafiar, mudar para São Paulo para fazer a pós graduação em cirurgia sem conhecer ninguém.
4. Durante o curso houve iniciativas da faculdade por trabalhos sociais na área de saúde pública?
Não, mas eu fazia campanhas de arrecadação para ajudar uma instituição dos idosos, extremamente carente, em Natal/RN.
5. Como a saúde bucal reflete as condições de vida da população?
O sorriso é o cartão postal de uma pessoa, a boca faz parte do corpo e a saúde começa pela boca. Apesar do Brasil ser o país com mais dentistas no mundo, ainda se percebe a desigualdade social, mesmo com a acessibilidade que se tem hoje. O Sus em determinada região não se percebe a cobertura da população, acredito que é devido a demanda que faz com que os colegas não deem conta, resumindo… a desigualdade social é discrepante mesmo com toda a facilidade de acesso que hoje se tem, ainda vamos encontrar uma parte da população com a saúde bucal precária por falta de condições e de acesso também.
6. Além de exercer a profissão na clínica, também faz trabalhos voluntários. Como é a experiência de oferecer esse cuidado aos menos favorecidos?
Gratificante!
Porque não tem dinheiro que paga o abraço afetuoso, o brilho no olhar gratificante… é indescritível!
7. E falando no trabalho social, a Dra é voluntária da Cruz Vermelha/ SP. Poderia contar um pouco sobre esse trabalho com a instituição?
Oficialmente, eu pertenço a 2 departamentos da Cruz Vermelha Brasileira filial São Paulo: O Departamento de Restabelecimento dos Laços Familiares e da Juventude, mas, a minha atuação é mais “forte” no primeiro citado. Este departamento trabalha com os imigrantes auxiliando na busca das pessoas desaparecidas tanto aqui no Brasil como no país de origem, manter o contato com a família através das ligações gratuitas, atividades com as outras instituições que trabalham com estes fins como o CRAI, etc .Desde o início da pandemia o departamento em parceria com a prefeitura de SP tem distribuído toda semana cestas básicas para esta comunidade. E, quando têm ação da saúde, participo na parte da saúde bucal, realizando atividades coletivas e palestras.
8. Qual a importância da saúde bucal para as crianças e os adolescentes?
Como falei anteriormente, a saúde começa pela boca então, é de extrema importância a educação voltada à promoção e prevenção de saúde bucal para evitar futuras consequências. O consumo de açúcar na infância ainda é um grande problema quando não se tem a educação do cuidado falando especificamente da orientação.
9. Dicas para nós, os pacientes?
Escovar os dentes todos os dias, priorizando a noite (pois quando estamos dormindo se tem pouca quantidade de saliva facilitando assim atividade bacteriana) e alimentação saudável, não esquecer também de visita regular ao profissional cirurgião- dentista.
10. Qual o seu sonho agora?
Expandir seja a Luz ( associação que eu idealizei) com realização de de atendimentos completos da área de saúde, educação tanto aqui no Brasil como na África, especificamente em Guiné- Bissau.
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Por Benazira Djoco – Fala! UNIESP PB