A fim de conscientizar a população sobre o câncer de colo de útero, foi criado o Março Lilás, com o objetivo de alertar para a prevenção e enfrentamento da doença. A campanha, que ocorre no mês do dia das mulheres, incentiva todas elas a conhecerem as formas de prevenção e os primeiros sinais e sintomas da doença.
O Março Lilás surgiu como uma alternativa para reverter a alta incidência desse tipo de câncer, uma vez que, mesmo sendo de fácil prevenção, é o terceiro mais frequente entre a população feminina (atrás do câncer de mama e de colorretal), e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil. Isso se deve, justamente, à falta de informação sobre as ações preventivas, visto que, em casos de diagnóstico precoce, a doença pode ser tratada e revertida.
Março Lilás: o câncer de colo de útero
O câncer de colo de útero se desenvolve a partir da infecção pelo vírus Papilomavírus Humano (HPV), que é transmitido por via sexual e pode ser evitado pela vacina tetravalente, prevista na adolescência, além do uso de preservativos. Tal infecção pelo HPV, em alguns casos, provoca alterações celulares, isto é, lesões precursoras que podem evoluir para o câncer. Porém, essas lesões são facilmente diagnosticadas por meio do exame papanicolau – procedimento simples realizado em qualquer unidade do Sistema Único de Saúde.
“As lesões precursoras de alto grau, quando não tratadas, podem evoluir para o câncer de colo uterino. O exame papanicolau identifica essas lesões. Após o diagnóstico citológico, a paciente é encaminhada ao serviço de colposcopia, um exame mais detalhado que permite a biópsia dirigida e tratamentos por meio de cirurgia de alta frequência – a conização”, explica a referência técnica distrital em Ginecologia Oncológica, Indara Queiroz. A conização é um procedimento de nível ambulatorial, em que se retira um fragmento do colo do útero, com o intuito de eliminar toda a lesão e evitar o avanço para câncer.
Embora a idade média no momento do diagnóstico seja 50 anos, o câncer de colo do útero também pode ser diagnosticado em mulheres com idade entre 35 e 44 anos e, raramente, naquelas com menos de 20 anos. Entretanto, o risco de desenvolver o câncer ainda está presente à medida que envelhecem. Ou seja, mesmo que mais de 20% dos casos ocorram em mulheres com mais de 65 anos, a doença dificilmente afeta mulheres que realizaram exames regulares de rastreamento para câncer de colo do útero antes dos 65 anos.
De acordo com o OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde), o câncer de colo de útero é a principal causa de morte entre as mulheres na América Latina e Caribe. Apesar de ser facilmente evitável, a doença mata 35,7 mil mulheres a cada ano nas Américas, sendo 80% destes casos na região da América Latina e Caribe. Além disso, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) levantou que para cada ano do triênio 2020/2022, sejam diagnosticados 16.590 novos casos de câncer de colo do útero no Brasil, com um risco estimado de 15,43 casos a cada 100 mil mulheres, ocupando a terceira posição.
Embora os números tenham diminuído com o avanço do exame papanicolau, o ainda grande desconhecimento sobre a prevenção e as formas de diagnóstico contribui para que este câncer siga interrompendo a vida de muitas mulheres. Dessa forma, campanhas de conscientização, como o Março Lilás, são de extrema importância para a saúde pública.
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Por Jovana Meirelles – Fala Universidade Federal de Minas Gerais!