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As Muitas Camadas de ‘King Kong’: Uma análise do clássico do cinema

Quando se fala em cultura pop, dificilmente se esquece da imagem de um gorila gigante batendo no peito em cima do Empire State Building. King Kong (1933), dirigido e idealizado por Merian C. Cooper, foi um marco no cinema. Não é à toa que sua história seja recontada inúmeras vezes ao longo dos anos.

Confira uma análise sobre King Kong, um clássico de 1933.
Confira uma análise sobre “King Kong”, um clássico de 1933. | Foto: Reprodução.

O que será que tem de tão interessante? Talvez o simples fato de um símio enorme destruindo tudo ao seu redor e brigando com dinossauros já seja o bastante para o entretenimento. E ainda ser uma nova forma de contar a história da bela e a fera. Mas pode ter certeza de que esse filme é muito mais do que isso. E a mensagem por trás dessa narrativa pode ser interessante e também pejorativa, dependendo da interpretação de cada um.

Análise crítica sobre King Kong, um dos filmes mais icônicos do cinema

King Kong é um fruto de seu tempo. Em 1933, principalmente nos Estados Unidos, o racismo era algo latente. Então não seria difícil de imaginar que o próprio Kong fosse uma analogia para os negros. E que o fato de ele ser capturado de sua terra natal e usado como entretenimento para uma elite branca, fosse um paralelo com a escravidão. Com um fim trágico para o protagonista, que se rebelou contra seus opressores, simplesmente porque queria sua liberdade.

O gorila está entre os personagens mais famosos do cinema.
O gorila está entre os personagens mais famosos do cinema. | Foto: Reprodução.

Entretanto, esse tipo de interpretação se perde quando se percebe que, apesar de ser uma fera gigante e bruta, Kong ainda consegue demonstrar mais empatia e sensibilidade do que os seres humanos. Ficando mais evidente na adaptação de 2005, dirigida por Peter Jackson. Uma cena em particular chama a atenção. Quando o gorila coloca sua companheira Ann Darrow (Fay Wray) em uma caverna, enquanto ele vira as costas, um plesiossauro a ataca. Nesse momento, é possível ver que antes de partir para o ataque, ele estava colhendo uma flor, na intenção de dar para Ann. Um detalhe que quase passa despercebido. E foi colocado ali pela mente de seu animador, Willis O’Brien, que se baseou nas suas próprias experiências pessoais para dar vida ao personagem.

Também não dá para deixar de associar as semelhanças da trama com o colonialismo. Tendo em vista que uma parte bem significativa do mundo ainda estava intacta. Kong seria a personificação do oriente, na visão das pessoas daquela época, indomável e misteriosa. A representação dos nativos da Ilha da Caveira também levanta essa teoria, mesclando costumes de alguns povos da África e da Ásia.

Mas o que mais chama a atenção em toda a história, sem dúvida seria a crítica ao capitalismo selvagem e o desprezo do homem pela natureza. Durante todo o longa, os homens brancos são retratados como seres gananciosos, vorazes e imperialistas. Representações expressadas principalmente pelo personagem Carl Denham (Robert Armstrong), um inescrupuloso diretor de cinema que não mede esforços para conseguir o que quer, com o único objetivo de obter fama e fortuna. Mesmo que para isso tenha que capturar um gorila de sete metros e botar a vida de dezenas de pessoas em risco.

Uma das cenas mais marcantes de "King Kong" (1933).
Uma das cenas mais marcantes de “King Kong” (1933). | Foto: Reprodução.

Kong é considerado o rei do mundo em que vive. Ele é a representação da força desenfreada da natureza, contra o desejo da humanidade de ser explorada unicamente para ganho pessoal. Que quando menosprezada desencadeia sua fúria, que acarreta várias consequências.

Quem é o verdadeiro monstro em King Kong, afinal?

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Por Matheus Cosmo – Fala! Fiam

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