Ao ler a bula de uma pílula anticoncepcional, é possível se deparar com uma extensa lista de contra indicações ao uso do medicamento. O anticoncepcional hormonal combinado oral (AHCO) ou pílula anticoncepcional é um comprimido que contém a combinação de hormônios, geralmente estrogênio e progesterona sintéticos, que inibe a ovulação.
Ele é indicado para evitar gravidez indesejada, mas também para regularizar um ciclo menstrual e para o tratamento de problemas como cólicas menstruais fortes, TPM intensa, diminuição do fluxo menstrual, endometriose e síndrome dos ovários policísticos. Este método deve ser indicado pelo médico e nunca deve ser ingerido sem prescrição médica.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos e encomendada pela farmacêutica Organon, 58% das mulheres brasileiras utilizam a pílula oral como método contraceptivo. No entanto, apesar do alto número de usuárias, existem também pesquisas que comprovam alguns riscos ao uso contínuo de anticoncepcional oral.
O Manual Global de Planejamento Familiar, produzido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em parceria com outras instituições, revelou alguns dos efeitos colaterais das pílulas anticoncepcionais. Saiba quais são.
Os riscos que o uso de anticoncepcional pode ocasionar
De acordo com o Manual, o uso contínuo de anticoncepcional pode causar varizes e trombose, principalmente, em pessoas com pré-disposição genética.
A combinação de hormônios como estrogênio e progestagênio, hormônio sintético derivado da progesterona, que bloqueiam a ovulação e impedem que o colo do útero dilate, dificultando a passagem dos espermatozoides. O estrogênio aumenta o risco de trombose e o uso de contraceptivos causam resistência às proteínas C-reativas, anticoagulantes naturais do organismo.
O desequilíbrio do sistema circulatório torna mais propenso a criar coágulos no sangue. A formação de um coágulo, ou trombo, é uma reação natural do organismo quando existe um ferimento ou corte. O trombo surge como um curativo que se forma e impede que o corpo tenha sangramentos contínuos por conta de um simples corte. Quando ele se forma sem necessidade e cai na circulação sanguínea, pode atingir órgãos vitais como o coração, o pulmão ou o cérebro.
Além do uso de anticoncepcionais, outros fatores como excesso de peso, sedentarismo, muitas horas em pé ou sentada todos os dias podem causar o surgimento da trombose.
De acordo com Letícia Helena, 27 anos e autônoma, quando tomava o anticoncepcional oral Ciclo 21, teve um princípio de trombose. “Minhas pernas doíam e formigavam muito, também tive algumas varizes. Eu sentia minhas pernas inchadas, vermelhas e rígidas ao final do dia”, contou.
Além do risco de trombose, a ingestão de hormônios via oral também pode causar sobrecarga no fígado. Por isso, é imprescindível que mulheres que já apresentem um histórico de lesões e problemas hepáticos não façam o uso deste medicamento.
Também é possível que ocorra o aumento do risco de hipertensão arterial, pois o estrogênio, hormônio presente na composição de alguns anticoncepcionais, tende a ser vasoconstritor quando produzido sinteticamente. Por isso, o uso pode ser o principal causador de hipertensão arterial.
O uso de anticoncepcionais hormonais também podem aumentar o risco do diagnóstico de depressão. De acordo com uma pesquisa publicada no Journal of the American Medical Association Psychiatry, o uso de anticoncepcionais hormonais – principalmente entre adolescentes – foi associado ao uso subsequente de antidepressivos.
O estudo observou mais de um milhão de mulheres dos 15 aos 34 anos que usavam algum tipo de contraceptivo e acompanharam sua saúde por 13 anos. No geral, eles descobriram que as mulheres que usavam métodos contraceptivos hormonais (como a pílula, o DIU hormonal, os anéis vaginais e os adesivos) tinham maior tendência a usar antidepressivos e ter o diagnóstico de depressão no fim do estudo do que as que optaram por opções não-hormonais (camisinhas, diafragma e DIU de cobre).
Amanda Mendonça Porto, 24 anos, designer, revelou que o uso de anticoncepcionais ocasionou um quadro de depressão nela. A jovem conta que usou o medicamento por quatro anos e que no início não sentia nada, no entanto, durante o terceiro ano de uso passou a ter depressão. “Quando comecei a fazer terapia, a psicóloga comentou que o remédio poderia agravar meu caso. Como depressão pode ser multifatorial, comecei o tratamento com psiquiatra e ele me indicou parar com o anticoncepcional também, porque além de poder ser um dos causadores, sua interação com os psicotrópicos pode ser perigosa”, explicou a designer
A jovem conta que optou pelo uso do DIU não-hormonal para continuar se prevenindo. “Hoje em dia, não trato mais da depressão e nunca mais tomarei anticoncepcional. Me sinto muito melhor sem ele. Não recomendo pra ninguém contraceptivos hormonais”, conclui.
Métodos contraceptivos não-hormonais
Veja algumas alternativas para substituir os contraceptivos hormonais.
- Camisinha: Protege contra doenças sexualmente transmissíveis e possui 98% de eficácia contra a gravidez.
- Esponja contraceptiva: 88% de eficácia contra a gravidez.
- Capuz Cervical: 92% de eficácia contra gravidez.
- Diafragma: 90% de eficácia contra gravidez.
- DIU de cobre: 99% de eficácia contra gravidez.
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Por Simone Maia – Fala! FIAM FAAM