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Opinião: A influência anti-vacina de Bolsonaro que mata

Desde o começo da pandemia, o chefe do Executivo, Jair Bolsonaro, se mostrou alheio à situação, seu comportamento anti-ciência comprova isso. O estado de negação do Presidente em relação à eficácia das vacinas produzidas por farmacêuticas, a defesa de tratamento precoce, suas falas inconsequentes e sua falta de ação ao combate da Covid-19, e agora, a forma descarada de espalhar fake news comprova o quão Bolsonaro sempre esteve despreparado para assumir o cargo de presidente da República.

A ‘’gripezinha’’ de Bolsonaro que ceifou 600 mil vidas

Bolsonaro sempre minimizou a gravidade da pandemia. Comparecendo aos eventos e entrevistas sem máscara, defendendo tratamento precoce e boicotando a eficácia de vacinas. Quando atingimos 100 mortos, o presidente da República declarava em rede nacional que ‘’90% de nós não teremos qualquer manifestação caso se contamine’’ e alegou que ‘’pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus não precisaria me preocupar, nada sentiria ou seria acometido por uma gripezinha ou resfriadinho’’.

Ainda, no pronunciamento, anunciou que o ‘’FDA americano e o Hospital Albert Einstein buscam a comprovação da Cloroquina no tratamento do Covid-19, nosso governo têm recebido respostas positivas’’.

Mas, de acordo com um estudo publicado no jornal científico Clinical Microbiology and Infection, a hidroxicloroquina não diminui mortalidade em casos do novo coronavírus e pode aumentar a mortalidade em até 27%. Com base nos estudos, para os pesquisadores, a hidroxicloroquina não é eficaz no tratamento contra a Covid-19 quando administrada sozinha e quando combinada com azitromicina pode ser muito perigosa para os pacientes.

Hidroxicloroquina, tratamento indicado por Bolsonaro, não é eficaz no tratamento para covid-19.
Hidroxicloroquina não é eficaz no tratamento para covid-19. | Foto: Reprodução/Unsplash

Mesmo com os estudos comprovando de que a medicação não é indicada para o tratamento de Covid-19 e com a conclusão da Organização Mundial da Saúde (OMS) de que a hidroxicloroquina não é eficaz no tratamento, o chefe do Executivo segue com a crença convicta de que a medicação é mais eficaz que a vacina e diz que caso seja infectado novamente, tomará hidroxicloroquina e ivermectina. Em uma entrevista à rádio Novas de Paz, de Recife, diz que tomará hidroxicloroquina pois segundo ele ‘’sua vida está em jogo’’. A convicção com mistura de negação influencia seus apoiadores a continuarem acreditando que a vacina não é eficaz contra a Covid-19 e que sigam propagando fake news.

Eu falo aqui, olha: se eu for novamente reinfectado, eu vou tomar hidroxicloroquina e ivermectina, ponto-final. É a minha vida que está em jogo (…) se o médico não quiser receitar, eu vou procurar outro médico. Quando você não se sente bem com um advogado, você não procura outro advogado? Assim tem que ser a nossa vida.

declarou Bolsonaro em entrevista

Bolsonaro, com a sua grande influência, propaga notícias sem veracidade alguma aos seus apoiadores fiéis, que assim como ele, acreditam na eficácia da cloroquina e criam teorias conspiratórias com relação ao ‘’surgimento’’ e disseminação do vírus. Ainda este ano, declarou  que o ”vírus é potencializado pela mídia”.

O vírus não é ‘’potencializado’’ pela mídia, é potencializado pela irresponsabilidade na forma de conduzir o país com um vírus que ceifou 600 mil vidas. O vírus é potencializado pela desinformação propagada e má influência que o próprio exerce. Até então, o papel que o consórcio dos veículos de imprensa vêm fazendo é de manter a população informada e atenta nos dados verídicos do número de mortes e de imunizados (ou parcialmente imunizados) em todo o País.

Covid-19 no Brasil.
Lenços estendidos em homenagem às vítimas da Covid, no Rio de Janeiro. | Foto: Reprodução/TV Globo.

 Série Vítimas do Negacionismo, do G1

​A série do G1, Vítimas do Negacionismo traz depoimentos de familiares que perderam seus entes para a Covid-19 por conta da disseminação das fake news.

As primeiras histórias são de Rodrigo Guglieri e Adriana Avanci, que lidam com o luto de um parente que preferiu acreditar em informações enganosas. O pai de Rodrigo, Luíz Carlos, de 76 anos, menosprezava a gravidade da Covid-19 e acreditava na eficácia do tratamento precoce. O pai de Rodrigo não quis ir ao hospital quando surgiram os primeiros sintomas e morreu em março deste ano. 

O meu pai morreu por conta dessas notícias falsas. O meu pai morreu por utilização de remédios não comprovados, que debilitaram a saúde dele. Morreu por conta desse discurso que não levou a pandemia a sério e ele também não levou a pandemia a sério.

disse Rodrigo ao G1

O avanço da vacinação no Brasil

Neste domingo, 31, o G1 atualizou o mapa da vacinação que contém a evolução percentual das pessoas vacinadas nos estados do Brasil em relação à população total. A seguir, entenda os critérios considerados para a atualização dos dados percentuais.

Os dados são coletados pelo consórcio de veículos de imprensa, que têm como fonte os dados das secretarias estaduais de Saúde. Na coleta, são considerados os seguintes dados:

  • Número de pessoas vacinadas, os dados são informados diariamente pelas secretarias estaduais de Saúde;
  • O percentual de vacinados, com base nos dados informados pelos governos estaduais sobre a população (estimativa feita pelo IBGE);
  • Total das doses recebidas pelos estados, os dados também são informados pelas secretarias estaduais.

Ao todo, o Brasil atingiu o número de 117.079.004 de vacinados que tomaram as duas doses ou a dose única, correspondendo a 54,88% da população brasileira vacinada. No caso das pessoas que estão parcialmente vacinadas, o país possui 154.715.794, o que corresponde a 72,53%.

Apesar do avanço da imunização, é imprescindível que todos nós continuemos tomando os devidos cuidados contra a Covid-19 e a desinformação. Continuem usando máscara em lugares fechados, vacinem-se e acreditem na ciência. Busquem outras fontes antes de compartilhar a notícia, cheque a veracidade da informação na Agência Lupa, Fato ou Fake do G1, Comprova e entre outros.

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Por Isabella Martinez – Fala! Anhembi

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