Apesar da disponibilidade de vacinas contra a Covid-19 no país, mais de 8 milhões de brasileiros ainda não tomaram a segunda dose do imunizante, segundo dados do Ministério da Saúde.
Atualmente, o Plano Nacional de Imunização (PNI) possui o registro de aplicação de quatro vacinas no país: AstraZeneca/Oxford, CoronaVac, Pfizer e Janssen. Com exceção do imunizante da Janssen, que confere proteção completa após uma única aplicação, as demais vacinas seguem o esquema vacinal de duas doses, em intervalos diferentes.
O intervalo previsto entre as aplicações da CoronaVac é de 14 a 28 dias. Já para aqueles imunizados com a AstraZeneca ou a Pfizer, a segunda dose deve ser ministrada após três meses.
E mesmo fora do prazo é muito importante que os cidadãos completem o esquema vacinal. Isso porque caso entrem em contato com o vírus, o organismo é capaz de gerar uma boa resposta imune após a segunda aplicação da vacina.
Por qual motivo são necessárias duas doses da vacina contra Covid-19?
Os estudos feitos acerca da efetividade das vacinas foram baseados em testes realizados com as duas aplicações do imunizante. Ou seja, a segunda dose é essencial para garantir a eficácia prevista pelas empresas, visto que ela aumenta e prolonga a proteção contra o vírus SARS-CoV-2, da Covid-19.
A eficácia da vacina se torna maior, melhor e mais duradoura com a segunda dose.
afirma o infectologista Gustavo Magalhães.
A primeira dose vai provocar um estímulo da resposta do nosso sistema imune. Quando você toma a primeira dose, ela já provoca que o nosso sistema de defesa comece a produzir os anticorpos. Mas uma dose não é suficiente, vamos precisar de um reforço. Esse reforço fará com que a produção de anticorpos seja melhor ainda e nos deixe imune por mais tempo.
Em comparação com as pessoas que completaram o esquema vacinal, quem tomou apenas uma dose do imunizante corre mais risco de se infectar. Com mais vírus circulando, a chance de novas variantes mais resistentes se desenvolverem aumenta consideravelmente.
Por que algumas pessoas não tomam a segunda dose?
De acordo com dados obtidos pelo Ministério da Saúde, os estados com o maior percentual de atrasos na segunda dose são: Ceará, com mais de 17%; Bahia, com mais de 12%; e Sergipe, com 11%. Além disso, no estado de São Paulo, mais de 500 mil pessoas ainda não compareceram para completar o esquema vacinal.
O medo dos efeitos colaterais, a circulação de notícias falsas no ambiente virtual e a confusão sobre o intervalo entre as aplicações são alguns dos motivos apresentados por especialistas no que diz respeito ao abandono da segunda dose. Neste sentido, alguns infectologistas tentam esclarecer sobre tais estigmas relacionados à vacinação.
O diretor científico da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), Renato Kfouri, diz que a segunda dose acarreta bem menos reações quando comparada à primeira dose. Além disso, o infectologista esclarece também sobre a necessidade de ficar atento à divulgação de notícias sobre a vacinação em plataformas mais seguras.
É preciso buscar fontes confiáveis onde você possa avaliar os benefícios da vacinação, mostrando o valor, a eficácia e a segurança de todas essas vacinas.
alerta Kfouri.
Qual a importância da vacina contra a Covid-19?
Embora não impeça a transmissão e o contágio do vírus, a vacinação é essencial para o combate da Covid-19. Através de anticorpos específicos, o imunizante induz o organismo a produzir uma “barreira” contra o vírus, impedindo a sua replicação e, portanto, o desenvolvimento de casos mais graves da doença.
A imunização completa é obtida duas semanas após a aplicação da segunda dose. E vale ressaltar que cuidados como o uso de máscaras, álcool em gel e distanciamento social precisam continuar mesmo depois da vacinação.
Para que seja alcançada a tão sonhada “imunidade coletiva” é preciso garantir o maior número possível de pessoas vacinadas com as duas doses. Torna-se mais fácil frear a transmissão do vírus com pelo menos 70% da população com o ciclo vacinal completo.
Ao alcançar esse patamar de “imunidade de grupo”, o Brasil poderá desfrutar de maneira íntegra o efeito esperado da vacinação. O medo e a desinformação não podem mais ser responsáveis pelo aumento da “taxa de abandono” – termo técnico que faz referência ao não comparecimento para a segunda aplicação da vacina.
Para isso, cada um precisa fazer a sua parte. Compareça ao centro de vacinação quando chegar a hora e tome a segunda dose cumprindo o intervalo recomendado entre as aplicações!
Em último caso, se você já tomou a primeira dose e sentiu alguma espécie de desconforto, saiba que tais sintomas são passageiros e não devem servir como um motivo para abrir mão da segunda dose da vacina contra a Covid-19.
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Por Fernanda Cysneiros – Fala! UFPE