De acordo com relatórios do Boston Consulting Group, as crescentes taxas recordes de US$ 5 trilhões de capital ao ano, nas mãos do público feminino, irá desencadear um volume de recursos em poder das mulheres que deve somar os US$ 93 trilhões em 2023. Segundo dados da B3 compilados pela XP Inc., em 2020, as mulheres representaram 26,2% dos 3,2 milhões de pessoas físicas cadastradas na bolsa de valores ao longo do ano, com destaque para a taxa de crescimento das mulheres de 118,1%, na comparação ano a ano.
Porém, o número de mulheres no total de investidores pessoa física ainda é bem menor do que a participação masculina, compondo 25,47% dos investidores. Já no valor investido, são cerca de R$ 400 bilhões investidos pelos homens, enquanto as mulheres investiram R$ 104 bilhões.
Participação feminina na bolsa de valores
A participação feminina na B3 bateu o patamar recorde de 1 milhão até o fim de abril. O crescimento dessa participação na negociação de investimentos de renda variável vem sendo constante e, entre 2018 e 2020, o número de mulheres na bolsa de valores passou de 179.392 para 809.533.
Ainda segundo estudo do BCG, o crescimento feminino nos investimentos e acumulação de capital é reflexo de sua maior participação no mercado de trabalho, com cargos de destaque, e avanço na educação financeira, mas as motivações que orientam as mulheres são diferentes das que movem os homens: o público feminino busca vincular as aplicações financeiras a propósitos e valores, não apenas à rentabilidade. Em São Paulo, estão registradas 399 mil investidoras, quase 40% do total, seguido de Rio de Janeiro, com 108 mil investidoras e Minas Gerais, com 98 mil.
Ana Leoni, superintendente de educação financeira da Anbima e colunista do Valor Investe, declarou que “as mulheres são obrigadas a se virar. Foram abandonadas pelo marido, se desdobram em vários empregos para poder dar conta de filhos, netos. Não sobra tempo de pensar no futuro próprio”, e completou dizendo que as mulheres da parte de cima da pirâmide social têm outros desafios, quando algumas têm muito dinheiro e não sabem lidar, porque sempre tiveram a tutela do pai ou do irmão. Falta autoconfiança e motivação.
Assim, a participação das mulheres no mercado financeiro vem trazendo impactos positivos na cultura do ambiente de trabalho e de investimentos no país e no mundo, desconstruindo cada vez mais o estereótipo de homem de meia idade, terno e cabelos grisalhos como investidor clássico da bolsa de valores.
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Por Glícia Santos – Fala! Cásper