A Guerra Fria foi um momento de tensão e disputa ideológica e geopolítica entre os Estados Unidos da América (representando o capitalismo) e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (representando o comunismo) que se iniciou em 1947 e perdurou até 1991. Não ocorriam confrontos diretos, os conflitos se restringiam aos posicionamentos políticos.
Esse período foi marcado pelo uso do poder da propaganda para moldar a visão política da sociedade. Os Estados Unidos já tinham experiência em aplicar a propaganda como meio de difundir seus ideais, já que o mesmo aconteceu durante a Segunda Guerra, em que foram produzidas películas contra com os nazistas.
Impacto da Guerra Fria no cinema
Com isso foram criados vários filmes que são sucesso até hoje, como Rambo, Moscou contra 007, Anjo do Mal, entre outros. Todos com a mesma intenção de mobilizar a população estadunidense contra o “inimigo vermelho”.
Esses filmes criavam certo medo no imaginário dos telespectadores, já que mostravam uma iminente ameaça comunista e o risco de uma provável guerra nuclear fomentada pelo inimigo que precisava ser combatido, sempre retratavam a situação de forma estereotipada. O americano era tido como o protetor da paz e da humanidade, enquanto que os comunistas eram vistos como grandes vilões que queriam levar a humanidade ao caos.
O filme Rocky IV, da famosa franquia de Rocky Balboa, exemplifica bem esse assunto. No filme, Rocky planeja se aposentar da sua carreira de lutador de boxe quando o seu grande amigo, Apollo Creed, é nocauteado e morto pelo soviético Ivan Drago. A fim de vingar seu companheiro, Rocky viaja até a União Soviética e enfrenta longas jornadas de treino intensivo com seu equipamento tradicional. Enquanto isso, seu inimigo tem acesso às melhores tecnologias para impulsionar seus resultados.
A luta final é bem simbólica, Rocky usa o calção de Apolo com as cores da bandeira estadunidense, enquanto que Ivan Drago tem consigo as cores da bandeira soviética. Depois de muito sofrer, Rocky vence essa “batalha contra o mal” e ergue a bandeira dos Estados Unidos em suas costas.
Essas produções hollywoodianas contra o comunismo foram difundidas por todo o mundo e fizeram muito sucesso por onde passaram, inclusive no Brasil. Com isso, fixou-se a imagem que o ocidente tem do comunismo e do que foi a URSS.
Esse tipo de produção não mudou muito hoje em dia, apesar do alvo ser outro. Atualmente, os Estados Unidos fazem filmes no mesmo formato da Guerra Fria, mas, dessa vez, transformando em vilão os islâmicos e povos do oriente médio. E mais uma vez, isso cristalizou a imagem que temos quando pensamos nesses povos. O terrorismo e o desrespeito aos direitos humanos são argumentos que os EUA levantam dentro dos filmes mais recentes, como Sniper Americano.
O cinema hollywoodiano tem imensas contribuições para a sétima arte. Mas fica claro como ele também pode contribuir para a construção e perpetuação de grandes estereótipos que perduram até os dias atuais.
__________________________
Por Bárbara Moraes – Fala! UFPE