As cavernas de Lascaux são um complexo de cavernas localizadas no sudoeste da França, na região da Nova Aquitânia. Elas guardam em seu interior séculos de história e narrativas. Em seus 250 metros de comprimento, as cavernas mantiveram quase que intactas pinturas rupestres feitas por nossos ancestrais e que são chaves para entender seus modos de vida.
“Depois deles, não inventamos nada de novo!”
A frase acima foi dita por um dos maiores pintores de todos os tempos, Pablo Picasso, em uma visita às cavernas de Lascaux. Essa afirmação que só reafirma o esplendor das imagens e representações da caverna. Em Lascaux os primeiros grupos humanos retratam muito do seu dia a dia, é possível ver caçadas e animais.
As paredes estão preenchidas de bovinos, cavalos, cervos, cabras, felinos entre outros animais. Existem dificuldades na datação exata e sequer acredita-se que todas as imagens tenham sido produzidas por um mesmo grupo e em um mesmo período, mas a maioria dos especialistas dizem que as mais antigas devem ter sido feitas entre 19 e 17 mil anos atrás.
As pinturas conseguem apresentar uma técnica precisa e retratos realistas dos animais, algo que contrasta com o lugar-comum do homem “primitivo”. Esses homens “primitivos” conseguiram, ainda que com as limitações de equipamentos (só tinham à disposição 3 cores, vermelho, amarelo e preto, por exemplo), fazer representações deslumbrantes.
A descoberta despretensiosa das cavernas de Lascaux
Apesar de suas majestosas pinturas rupestres e sua importância nos estudos da Pré-história, a descoberta do sítio é relativamente recente. As cavernas de Lascaux, inclusive, foram descobertas de uma maneira despretensiosa por um grupo de adolescentes.
No começo de setembro de 1940 (entre os dias 08 e 12), um grupo de 4 jovens saiu para passear com o cachorro e acabou encontrando uma das entradas para a caverna. No entanto, ninguém do grupo adentrou na caverna, pois não estava com lanternas.
Os jovens acreditavam terem achado uma passagem secreta, que poderia estar cheia de tesouros. Infelizmente, Lascaux não estava cheia dos tesouros que eles buscavam, mas cheia de informações sobre nossa própria história como espécie humana.
No outro dia, um dos jovens (Marcel Ravidat) decidiu voltar à caverna disposto a explorar, contudo, os seus companheiros do dia anterior não quiseram segui-lo. Então, ele arranjou novos colegas para essa aventura. Os jovens adentraram a caverna e vislumbraram as imagens de séculos atrás.
Como não encontraram nenhum tesouro e não compreendiam o que era aquele lugar, decidiram compartilhar a descoberta com um de seus professores. O professor Léon Laval, assim que entrou no lugar, percebeu se tratar de um possível sítio pré-histórico.
Léon logo entrou em contato com o especialista Abbé Breuil, que assegurou se tratar realmente de um sítio pré-histórico. Após o anúncio, devido à excelente conservação das imagens, Lascaux foi visitada por estudiosos, jornalistas e a população em geral. Todos ficaram curiosos pela descoberta.
Cavernas de Lascaux hoje em dia
Atualmente, as cavernas de Lascaux são consideradas Patrimônio da Humanidade pela Unesco, devido a sua fundamental importância nos estudos da história da humanidade. Por outro lado, as visitações públicas ao local foram proibidas, por conta da deterioração causada pela respiração dos turistas nas pinturas.
Por isso, foram criadas réplicas idênticas de pinturas em locais próximos, para que a visitação não ocorresse nas cavernas originais, a fim de não deteriorá-las. Já existia uma réplica construída nos anos 80 (que reproduz apenas 90% da caverna), mas, em 2016, foi inaugurada uma réplica idêntica e completa da Sala dos Touros.
Juntamente com as réplicas, existe uma exposição itinerante que viaja o mundo mostrando as imagens de Lascaux. A Lascaux 3, nome da exposição, já passou por Bélgica, Canadá, Estados Unidos e outros países, permitindo um tour virtual nas cavernas através de tecnologias 3D e realidade aumentada, jogos interativos e imagens de arquivo.
As perguntas não respondidas ainda
Como já mencionado anteriormente, Lascaux é uma peça importantíssima na construção de respostas sobre o nosso passado como espécie humana. Entretanto, suas informações não estão explicitamente claras, a distância temporal enorme nos dificulta a interpretação e análise das imagens.
Por que os primeiros humanos pintavam? Era arte? Ou parte de algum ritual? Qual a importância dessas pinturas para eles? Essas são algumas perguntas ainda não respondidas com exatidão, serão necessários muitos estudos e, ainda assim, podemos continuar não compreendendo nossos antepassados.
Mesmo assim, as cavernas de Lascaux são um lembrete vívido de que existiram muitos humanos antes de nós e, que desde os tempos mais remotos, nós sentíamos a necessidade de registar a nossa vida, nossa história, nossos pensamentos.
Visitar ou mesmo vislumbrar as imagens de Lascaux pela Internet, nos convida a imaginar, conjecturar sobre quem foram e como viveram esses humanos. Apesar da distância de milhares de anos, o que ainda trazemos em nós desses primeiros humanos?
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Por Jefferson Ricardo – Fala! UFPE
