Venho aqui, com minha mais pura estupidez, falar aos apaixonados. Estranho é o meu estranhamento sobre o ato, logo eu que passei mais de 10 anos escrevendo poesias românticas a cada um que partiu, estraçalhou ou rasgou meu coração: carnificina pura – e olha que nem assisto a filmes de terror.
Foram muitas, muitos, eles, aqueles, ninguém, elas… E o amor que é bom? Foi sim, mas não da forma que eu buscava, esperava, suplicava. O amor romântico, endeusado pelos filmes, eternizado nas páginas ainda não queimadas dos livros, muso da música popular brasileira, esse amor, eu nunca recebi. Nunca soube dar. Pois é, Ana e Nando, chorei ouvindo vocês por me identificar tanto com aqueles versos e, agora, fujo ao máximo que posso de me desidratar por algo que nem sei se teria sido bom para mim.
Até parece, choro, sim, fujo, mas choro, fujo mais um pouquinho e, então, olha ela ali em desespero, na sarjeta e aos prantos por sei lá quem. Não me lembro mais o nome do último. No dia seguinte, ela está escrevendo textão sobre resiliência e que bom para ela, talvez na próxima seja resiliente o suficiente para não se entregar a um estranho que acha que conhece. Mas o que a gente conhece de verdade? Acho que nada. Chamem de falta de sorte, ou de autossuficiência, mas, por pesar dos pesares, esse junho eu passo sozinha. Só que, felizmente – ou infelizmente -, ultimamente, isso não é o que me assusta mais.
O barulhinho da lâmpada acendendo no corredor depois de eu passar é uma das coisas que me tiram a atenção de todo esse autojulgamento e, até mesmo, do último sortudo que pôde se divertir um pouco com minha carência. Dane-se. M****.
Mesa torta, com os pés balançando toda vez que você encosta, e fica tão irritante porque, além de ineficiente, é desconfortável, dura, fria, manchada, pequena demais para o que você queria apoiar. Balança tudo, te dá gastura, tira sua atenção. M****. Agora, sou uma “pseudo-jovem-adulta” ranzinza com o amor, fingindo desconstruir ideias forçadas pelo mercado, ao mesmo tempo em que sonho com elas. Tá tudo bem, pelo menos, hoje, a janta é só esquentar.
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Por Brenda Lobo