Durante o último fim de semana, diversas capitais do país estão sendo palco para manifestações contra a quarentena. A maioria dos protestantes são apoiadores do governo Bolsonaro e trabalhadores que sofrerem diretamente com a pandemia.
Desde o início do surto do coronavírus, o presidente vem dando sua opinião sobre o tema, ele já apoiou abertamente uma flexibilização do isolamento social e a adesão do remédio cloroquina para infectados pela doença. Isso causou algumas indisposições com o até então ministro da Saúde, Luis Henrique Mandetta. Atualmente, o cargo é do médico oncologista Nelson Teich.
As falas de Bolsonaro fizeram com que crescesse um movimento de apoio ao seu posicionamento e críticas ao modo como alguns governantes e prefeitos vêm agindo, especialmente no estados de São Paulo e do Rio de Janeiro.
João Dória e Wilson Witzel protagonizam um embate direto com o presidente. Os dois governadores defendem uma maior ajuda econômica por parte do Governo Federal, além de apoiarem uma ação de combate em consonância com a ciência.
Essa realidade, entretanto, é o motivo que leva manifestantes às ruas do país. No sábado (18), a Avenida Paulista fechou por conta da carreata com pessoas que levantavam a bandeira nacional e gritavam “Fora Dória” e “Fora Rodrigo Maia”, já que o presidente da Câmara dos Deputados também é alvo de críticas por conta de algumas desavenças com Bolsonaro.
Na capital carioca, os protestos foram contra a Rede Globo, que tem sido considerada por alguns como “terrorista”, por conta de suas notícias “extremistas” a respeito da pandemia. A ciência também foi duramente questionada nas duas metrópoles.
A maior manifestação ocorreu na manhã de domingo (19), em Brasília, apoiadores de Bolsonaro se aglomeraram em frente ao Quartel-General do Exército. Mais uma vez, houve defesa ao fim da quarentena e pela volta da Ditadura Militar.
Apesar do apoio pela intervenção militar também estar presente nas outras capitais, na capital federal o tom se destacou. Apoiadores levantaram cartazes e gritavam pelo fechamento do Congresso e do STF, além de pedirem a volta do AI-5 (decreto autoritarista que deu poderes totais aos militares). O presidente foi ao encontro de seu simpatizantes, criticou a velha política e disse que “acabou a patifaria”.
Apesar de serem democráticos, esses atos vão contra tudo que especialistas vêm defendendo: o isolamento e a não aglomeração de pessoas. Pelo contrário, os manifestantes em sua maioria estão em família e muitos sem máscaras, sendo que seu uso é altamente recomendado por infectologistas e técnicos na área da saúde.
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Por Lucas Soares – Fala! UFRJ