Há 80 anos, começou a guerra que permeia o imaginário da sociedade atual como um dos embates mais marcantes e relembrados nas mais diversas artes e conversas. O início da Segunda Guerra Mundial ocorreu em 1º de setembro de 1939 com a invasão da Polônia pelo exército alemão, sob o comando de Adolf Hitler. Entenda, nesta matéria, os motivos que levaram ao surgimento desse conflito que envolveu diversas potências mundiais e o legado que o embate deixou ao mundo.
O contexto da Economia mundial era de uma Europa arrasada por ter sido o palco da Primeira Guerra Mundial. A quebra da Bolsa de Nova York, em 1929 também atingiu profundamente os países do mundo, o que fez aumentar as taxas de desemprego.
Regimes autoritários que defendiam nacionalismo, o militarismo, o expansionismo, o racismo, o anti-comunismo e o antiliberalismo cresceram naquele continente. O professor Leandro Machado, mestre em História pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), explica que o estopim para o início da Segunda Guerra foi a invasão da Polônia por parte da Alemanha, em decorrência da ideologia nazista de desenvolvimento do espaço vital.
— O revanchismo da Primeira Guerra, a culpabilização dos iniciadores desta guerra, e as políticas ineficientes das potências mundiais em refrear atritos entres as nações são características que propiciaram o início da Segunda Guerra. No fim da Primeira Guerra Mundial, os vencedores impuseram sanções econômicas para castigar a Alemanha através do Tratado de Versalhes. A ideia inicial do acordo era não ter uma paz retalhadora e humilhante, mas foi isso que aconteceu porque foi reafirmada a necessidade de matar política e economicamente a Alemanha.
A Alemanha precisava saldar a dívida, mas foi atingida por uma crise financeira marcada pela inflação, pelo colapso da moeda e pelo desemprego em massa. A nação foi obrigada a perder as colónias ultramarinas e a interromper o desenvolvimento bélico dentro do território. Junto às convulsões sociais, o sentimento nacionalista e revanchista cresceu e a ideologia nazista ganhou força entre a população. Esta doutrina afirmava que a causa dos problemas da Alemanha era provocada por uma conspiração internacional e pelos judeus.
Em 1930, Adolf Hitler, líder do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães, se tornou Primeiro Ministro da Alemanha. Depois da chegada de Hitler ao poder, a nação reorientou a economia para a guerra e a Alemanha retomou, em 1935, a produção de armas, além de ter estabelecido o serviço militar obrigatório.
— O Nazismo investiu pesado na tecnologia de guerra, no desenvolvimento naval e na aviação e isso provava que a Alemanha tinha um viés belicista. A ascensão do Partido Nacional Socialista Alemão e a chegada de Hitler ao poder mostrou que a ideologia nazista desejava conquistar espaços.
Potências como a Grã-Bretanha, a França, a Alemanha, a Itália, o Japão, os Estados Unidos e a União Soviética participaram da guerra, que durou 16 anos. De acordo com a professor Leandro Machado, o avanço nazista não foi contido de início porque as grandes potências viram na Alemanha uma forma de barrar o comunismo da União Soviética, surgida após a Revolução Russa de 1917.
Segundo o mestre em História pela UFRRJ, naquele contexto, era melhor ceder aos avanços e violações da Alemanha do que iniciar um novo confronto. À época, a maioria das nações da Europa achava que Hitler seria passageiro, destaca o professor. Machado ainda ressalta que os países europeus não queriam entrar em um novo conflito depois da matança dos efeitos que a Segunda Guerra Mundial gerou no imaginário das pessoas.
— O que temos documentado é que houve uma tentativa de evitar a Segunda Guerra Mundial ao máximo, tanto que foram concedidas permissões ao regime alemão. A não reação às invasões nazistas nos territórios tinham como objetivo evitar uma guerra, mas não seria possível evitar, por conta do surgimento dos totalitarismos que ansiavam por conquistar territórios e subjugar diversos povos.
O conflito terminou no dia 8 de maio de 1945 com rendição do Japão aos Estados Unidos e, segundo o Museu Nacional da Segunda Guerra Mundial, de Nova Orleans, EUA, a guerra teve cerca 45 milhões de mortos. O professor Machado acredita que a Segunda Guerra Mundial pode ser resumida à palavra desesperança, pelo cenário de desolação que permaneceu nos anos seguintes. Ele elucida, no entanto, que a guerra gerou mudanças positivas no âmbito das lutas de direitos pelas minorias.
— O legado principal é a questão dos Direitos Humanos. Ao cabo da Segunda Guerra Mundial, foi percebido que as diferenças culturais, étnicas e geográficas precisavam ser revistas. A partir da Declaração dos Direitos Humanos, em 1948, e do horror do holocausto, passou-se a ter uma luta de reconhecimento das minorias e concessão de voz a elas, que começaram a ser vistas como personagens atuantes da História.
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Por Gustavo Magalhães – Fala! PUC Rio