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6 espécies que você não sabia que existiam no Brasil

Onça-pintada, mico-leão-dourado e arara-azul. Esses são os três exemplos que estão na ponta da língua quando pensamos em animais brasileiros. Mas se alguém pergunta sobre outras espécies além dessas, nossa mente dá branco. A única coisa que vem na cabeça é a famosa frase de Carlos Drummond de Andrade: “E agora, José?”

É importante sabermos os principais símbolos da nossa fauna, mas só isso não é suficiente. Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o Brasil sozinho tem 20% do número total de espécies do planeta e representa a maior biodiversidade do mundo. Com tanta pluralidade assim, sempre podemos descobrir novos animais espalhados pelo nosso território. Por isso, a lista abaixo traz exemplos de algumas espécies que você provavelmente não fazia ideia que existiam no Brasil:

Sapo de vidro

Fonte: netnature.wordpress.com

Esse animal é um anfíbio da família Centrolenidae e possui parte do corpo transparente. Através da pele do abdômen, que pode ser total ou parcialmente translúcida, é possível ver seus órgãos internos e o bombeamento do coração. Também conhecidos como “rãs-de-vidro”, esses animais chegam a medir apenas 2 centímetros na fase adulta. A primeira observação desta espécie foi feita em 2002, no Amazonas.  

Poraquê, o peixe elétrico

Fonte: fishtv.com

Encontrado na Bacia Amazônica, o Poraquê é um peixe de água doce, que não possui escamas nem nadadeiras laterais e pode chegar a 2 metros de comprimento. Seu nome é de origem tupi e significa “o que faz dormir” ou “o que entorpece”. Isso porque esse peixe, conhecido também como “a enguia-elétrica da Amazônia”, é capaz de produzir uma descarga elétrica de até 1500 volts, com uma corrente de 3 ampères. Para se ter uma noção da intensidade do choque que ele pode causar, uma corrente elétrica de mais de 0,1 ampère já é suficiente para matar uma pessoa. 

Uacari-branco

Fonte: zoovirtualbr.blogspot.com  

Esse é considerado um dos macacos menos conhecidos da Amazônia, já que vive exclusivamente nas florestas inundadas dessa região e está ameaçado de extinção. Os Uacari-brancos não têm pêlos na cabeça, têm o rosto vermelho e caudas curtas. Ainda não há uma explicação definitiva para essas características diferenciadas. Entretanto, quanto mais chamativa a cor do rosto, maior a probabilidade do indivíduo ser escolhido como companheiro. Isso se deve ao fato desses animais viverem em áreas propensas à malária, o que faz com que os Uacari-brancos doentes tenham o rosto mais pálido e a vivacidade da cor seja sinônimo de saúde.

Galito, o passarinho equilibrista

Fonte: olhares.com/Luciano Araujo Dutra

Esse pássaro habita o Cerrado brasileiro e tem o apelido de “equilibrista” graças a sua habilidade de repousar em galhos muito finos, apesar do vento e do balanço das árvores. O Galito mede cerca de 13 centímetros e se alimenta de insetos. Sua principal característica física é a cauda negra em forma de leque, que fica maior na época reprodutiva. Devido à perda de habitat, essa espécie está ameaçada de extinção.

Ouriço-preto

Fonte: Gaston Gine

Esse animal é uma espécie nativa da Mata Atlântica, muitas vezes confundida com o porco-espinho. Sua peculiaridade, entretanto, é ter a pelagem mais macia, que faz com que seus “espinhos” pareçam cerdas. É daí que vem um de seus nomes populares, “ouriço-do-espinho-mole”. Sua cauda é usada para ajudar na movimentação entre cipós e galhos durante a noite. Essa espécie tem hábitos noturnos e praticamente não se move durante o dia. Infelizmente, ela também está ameaçada de extinção.

Tartaruga-de-couro

Fonte: Projeto Tamar

Também conhecida como tartaruga-gigante, essa espécie possui medidas realmente monstruosas. Esses animais podem pesar até 750kg, e medir de 1,5 a 2 metros de comprimento e de 1,3 a 1,5 metros de largura. Além disso, suas nadadeiras dianteiras podem atingir mais de 2 metros. Essa é a maior das espécies de tartarugas marinhas do mundo e atualmente está em risco de extinção. Seu local regular de desova no Brasil é no litoral norte do Espírito Santo.

Só com esses seis exemplos, já deu pra ter uma noção do tamanho da diversidade de espécies no Brasil. De anfíbios e peixes a aves e mamíferos, os animais brasileiros podem ter as características mais interessantes do reino animal. Mesmo assim, a população ainda desconhece grande parte da fauna local. Segundo Luiz Gustavo Salgado, doutor em Zoologia pela UFRJ, um dos fatores que dificulta a circulação do conhecimento sobre as espécies brasileiras é a falta de letramento científico. Ele considera que, de uma forma geral, a ciência ainda é muito desvalorizada e isso dificulta o acesso da sociedade ao conhecimento de seu próprio território.

De acordo com o ICMBio, 1.173 espécies estão ameaçadas de extinção no Brasil. Da lista acima, mais da metade está na mesma situação, sem contar os três principais símbolos da nossa fauna, que sempre estão na ponta da língua. O primeiro passo para combater isso é justamente a conscientização e o conhecimento. É preciso que a sociedade conheça e entenda a importância dos animais para o meio ambiente, do qual nós também fazemos parte. Só assim poderemos garantir que o Brasil continue sendo o paraíso da biodiversidade.

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Por Camille Lichotti – Fala! UFRJ

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