1. Eduardo Coutinho
Eduardo de Oliveira Coutinho (1933 – 2014) foi um jornalista, cineasta e documentarista brasileiro. Paulistano, durante a juventude ingressou na Universidade de São Paulo (USP) para cursar Direito, contudo, não concluiu a graduação. Seu primeiro contato com o cinema ocorreu em 1954, quando integrou o Seminário de Cinema no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp/SP). Posteriormente, ganhou uma bolsa de estudos no Institut des Hautes Études Cinématographiques (Idhec), em Paris, onde finalizou diversos cursos de direção e montagem e produziu seus primeiros documentários.
A principal marca dos trabalhos de Coutinho é privilegiar as histórias de pessoas comuns. Além disso, levou o jornalismo às telas através de entrevistas para registrar os relatos rotineiros – contudo reflexivos – de seus protagonistas, aproximando-se deles, prática comum dos documentaristas.
Em 1984, lançou o que viria a ser reconhecida como sua obra-prima, o filme-reportagem “Cabra Marcado para Morrer”. Trata-se de a história de vida de João Pedro Teixeira, um líder camponês e paraibano, quem foi assassinado em 1962. A obra teve suas gravações interrompidas durante o processo devido ao golpe militar (parte da equipe foi presa sob a acusação de comunismo), assim, elas foram retomadas após dezessete anos.
Ademais, outras produções destacáveis de sua carreira são: “Jogo de Cena”, “As Canções”, “Santo Forte”, “Edifício Master” e “Peões”.
2. Petra Costa
Ana Petra Costa nasceu em 1983 em Belo Horizonte (Minas Gerais) é cineasta e integrante da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, uma organização profissional honorária dedicada ao desenvolvimento da arte e ciência do cinema, desde 2018. Já na adolescência, começou a se interessar por teatro, e aos dezessete anos ingressou na Universidade de São Paulo (USP) para estudar Artes Cênicas. Sem finalizar o curso, trocou-o por Antropologia na Universidade Columbia, em Nova Iorque (Estados Unidos). Ao regressar para o país natal em 2007, começou a dedicar-se integralmente ao cinema. Seu primeiro longa-metragem de sucesso é “Elena”, uma história sobre a viagem de sua irmã mais velha a Nova Iorque, quem se suicidou quando Costa tinha apenas sete anos de idade.
Outros documentários premiados são: “Olmo e a Gaivota”, “Ninguém Está Olhando”, “Babenco, Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou”. E sobretudo, “Democracia em Vertigem”, o qual é a interpretação da própria diretora sobre o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e que concorreu ao Oscar 2020 na categoria de melhor documentário.
3. Cao Guimarães
Claudio Gontijo Guimarães é cineasta e artista plástico, nasceu em 1965 em Belo Horizonte, onde vive e trabalha atualmente. Ele iniciou os estudos em Filosofia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e antes de terminar a graduação, transferiu-se para o curso de Jornalismo na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC/MG), onde estudou até o ano de 1986. Iniciou seu trabalho artístico seguindo a fotografia em 1980 e, desde então, produz experimentações estéticas em vídeo.
É inovador no papel de hibridizar artes plásticas e reportagens. Sem recorrer a roteiros, ele orienta seu processo criativo principalmente por sugestões e proposições. Portanto, ao disponibilizar espaço para o imprevisto nas suas obras, confia na montagem final para reconstruir, com a edição e trilha sonora, realidades que desafiem a percepção dos telespectadores através do tempo cinematográfico.
O trabalho de Guimarães é premiado amplamente em festivais de vídeo e de cinema, tanto nacionais quanto internacionais. Dentre seus principais documentários, estão: “Alma do Osso”, “Ex-isto”, “O Homem das Multidões” e “Rua de Mão Dupla” – os assuntos abordados por eles vão desde a retomada histórica do homem eremita até uma adaptação do romance “Catatau” de Paulo Leminski.
4. Joel Zito Araújo
Joel Zito Araújo (nascido em 1954 e mineiro) é diretor, escritor, roteirista e comunicólogo. Ele é pós-graduado em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutorado em Rádio e TV na Universidade do Texas, em Austin (Estados Unidos).
Pioneiro no chamado cinema negro, tanto na ficção quanto no ramo documental, o principal tema de suas obras são o racismo e as disparidades sociais entre negros e brancos no Brasil. Além disso, o tema está presente em suas pesquisas acadêmicas, tendo realizado estudo como a presença de afrodescendentes nas produções audiovisuais, o que também resultou no longa-metragem “A Negação do Brasil”. Araújo aproximou-se da militância negra na década de 1980, quando começou a trabalhar na esfera educacional e a exibir filmes nas periferias.
Outras produções bem reconhecidas pela crítica, como “Cinderelas, Lobos e Um Príncipe Encantado”, “As Filhas do Vento”, “Raça” e “São Paulo Abraça Mandela” avaliam a ideia do senso comum de democracia racial, além de reafirmar o papel do negro na cultura do país.
5. Helena Solberg
Maria Helena Collet Solberg (Rio de Janeiro, 1940) é produtora, diretora e roteirista. Iniciou a jornada acadêmica cursando Línguas Neolatinas na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e cinematográfica colaborando na direção dos filmes “Capitu” e “A Mulher de Todos”, ao lado de diretores já consagrados. A oportunidade se deu, sobretudo, por dominar as línguas inglesa e francesa e ter cumprido o papel de repórter no jornal Metropolitano.
Sua estreia como cineasta ocorreu com o lançamento do curta-metragem “A Entrevista” em 1966. Os documentários de Solberg tratam de assuntos diversificados, contudo com enfoque na América Latina, como a vida das mulheres nos países sul-americanos, a história e resistência da Nicarágua e de artistas brasileiros.
Os trabalhos destaque dela são “Carmem Miranda: Bananas is my Business”, “Vida de Menina” – uma adaptação da obra literária de mesmo título – e “Palavra (En)cantada”, sendo este o documentário mais assistido nos cinemas do Brasil no ano de 2009.
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Por Beatriz Foiadelli de Faria – Fala! Cásper