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5 curiosidades sobre o trabalho de dublador

O trabalho do dublador cresceu ao longo dos anos e teve grande relevância graças ao crescimento do nicho geek e nerd. Sem esse profissional, os que não dominam um determinado idioma não poderiam usufruir da obra de arte produzida em outro idioma sem recorrer às legendas. Esse conteúdo dublado é muito importante, pois torna a cultura mais acessível a todos, principalmente para pessoas sem alfabetização.

O processo de dublagem não é tão fácil como pensam. É preciso um profissional capacitado com técnica vocal de atuação, locução e atuação para que os telespectadores possam entender a trama e suas referências. Para saber a origem e os desafios da profissão confira 5 curiosidades sobre esse trabalho incrível que é o de dublar:

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Confira 5 curiosidades sobre o trabalho de dublador. | Foto: Montagem/ Reprodução

Veja 5 curiosidades sobre o trabalho de dublador

1) O que precisa para ser um dublador?

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Para trabalhar como dublador, é necessário ter graduação. | Foto: Reprodução

Para ser dublador você precisa ser ator. A dublagem exige interpretação na voz, facilidade para compreender e traduzir aquele personagem, discurso informal, boa memória para decorar textos, saber fazer a performance de vários papéis, dicção perfeita, o gosto pela leitura, o profissional deve está presente em teatros e cinemas.

Para uma boa dublagem o profissional deve transmitir características emocionais de um personagem permitindo que as falas em português se amoldem aos lábios, como se fossem ditas em qualquer outra língua.

Algumas vezes a obra original é convertida pra a linguagem local por meio do texto nativo, que foi preparado pelo tradutor em que o dublador exerce seu ofício. Com o objetivo de aperfeiçoar a modulação da voz registrada nas primeiras gravações, que as vezes acontece, o recurso da dublagem é empreendido na mesma língua da criação primitiva, como no caso da publicidade.

Todo mundo tem a experiência de assistir um filme muito mal dublado, por isso é importante fazer uma faculdade de artes cênicas. Ao fim do curso, o profissional pode fazer várias especializações na área, que são muito comuns nas grandes metrópoles. A formação possibilita que o especialista atue em filmes do gênero documentário, nas animações, em filmes, seriados, telenovelas, publicidade, entre outros veículos artísticos.

A obrigatoriedade do registro DRT, certificado de conclusão da Faculdade de Artes Cênicas ou Artes Dramáticas, é o que o dublador precisa ter em mãos para trabalhar, esse documento é expedido pelo Ministério do Trabalho. Sem ele, o profissional não pode atuar, a menos que ele tenha 14 anos, por ser uma faixa etária em que a pessoa não é caracterizada como um dublador.

Para a inserção no mercado de trabalho, os dubladores são submetidos a testes artísticos ao iniciarem na profissão. A remuneração na área é chamada de anel, ou seja eles ganham gravando a voz em vinte segundos. São assinados pelos profissionais um registro, na jornada de trabalho eles inserem o número de anéis que eles produzirem. O trabalho de dublador normalmente é feito de maneira temporária, definidas por meio de um contrato com as empresas. Alguma delas garantem ao funcionário um registro funcional e a chance de trabalhar como um profissional fixo.

2) O trabalho de dublador na pandemia

A pandemia da covid-19 afetou diversas áreas da sociedade. Com mais pessoas em casa o consumo de produtos de streaming aumentou. E essa alta demanda proporcionou várias oportunidades para quem deseja ingressar nesse campo profissional.

Ao longo dos anos a indústria do cinema passou por grandes transformações. Teve inicio na transição de projetores de filmes que mudou com a solução U- Matic, formato de videocassete analógico, finalizando com a transição do cinema digital, que utiliza ferramentas de edição como o Protools para cada transição. Essa nova resolução audiovisual mudou o formato dos estúdios surgindo o Home Studio.

O uso desse formato era proibido, pois embora já existisse homestudio no mercado de publicidade, era inviável no audiovisual para evitar a pirataria ou vazamento de filmes inéditos ao público.

Atualmente já existe um sistema em que os dubladores assistem ao filme em streaming através de um link de souce conect que são mandados pelas produtoras. Através desse link o dublador é impedido de copiar caso ao contrário, ele bloqueia. Os links de vídeos e textos são vistos sem chegar ao computador. Esse sistema possibilita que profissionais do mundo todo sejam contratados remotamente.

3) Processo da dublagem no meio audiovisual

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O processo de dublagem passa por várias etapas de produção. | Foto: Reprodução

Segundo Wendel Bezerra, empresário de dublagem e dublador responsável por dar voz a personagens que atravessam gerações, como Bob Esponja e Goku, de Dragon Ball Z, ele diz que os clientes são os distribuidores (emissoras, Netflix, canais de tv, produtores, etc) que escolhem o estúdio que será seu fornecedor de dublagem.

Chegando no estúdio é feito uma cópia que é encaminhada para o tradutor específico, o material é traduzido e volta em formato de roteiro para o estúdio, que depois de analisado pelo diretor, ele faz uma seleção de quem vai dublar cada personagem.

O avanço tecnológico mudou a maneira de gravação dos dubladores que antes gravavam juntos, mas atualmente é gravado um por vez. De acordo com Wendel isso é importante porque o diretor consegue dar maior atenção ao ator, facilitando para que o diretor atue melhor na orientação e costurando a ordem do diálogo para que haja sentido.

O processo de mixagem (departamento em que tem o técnico especializado em mixar), é realizado quando todos gravam sua parte no filme, sua função é colocar as vozes no mesmo nível e dar a ambiência necessária, devido o local de algumas cenas que são formadas por uma divergência sonora, o mixador é responsável por dar ambiência ao filme tornando-o mais próximo do original.

A M.E. (Músicas e Efeitos) é um canal onde um material é preparado pelos clientes para que ele seja dublado. São produzidos e usados na dublagem para o filme original, efeitos sonoros. Hoje em dia a M.E original evita críticas sobre o filme ser diferentes do original, pois quando o tempo para a realização é considerável e o filme é bem escalado e os atores são bem escolhidos, é possível que o filme seja mais fiel ao original.

Com o processo feito, o produto é devolvido ao cliente com outro idioma. As tecnologias no cinema tem um progresso constante que torna a tradução em muitos países aliada a essa arte de prestigio. Nesse sentido, a tradução é um desafio, pois o tradutor precisa pensar no processo tradutório voltado à legendagem e a dublagem de acordo com as especificidades de cada língua.

O processo tradutório funciona com o sujeito-tradutor que acha que deve manipular as escolhas lexicas, dando conta da produção de sentidos feita por efeitos a partir delas.

A M.E contém apenas músicas e ruídos por se trata de uma trilha sonora de um filme mixada sem as vozes. A M.E tem o objetivo de estabelecer formas para deixar as produções mais acessíveis ao grande público estrangeiro com ações que permitem a dublagem do filme para outras línguas.

4) Origem do trabalho de dublador

A partir de 1926, produtores de filmes dos Estados Unidos foram os primeiros a exportar seus produtos audiovisuais para todo mundo. A fala dos personagens da época era mostradas ao público através de quadros com textos após o movimento labial.

Quando foi descoberta a profissão, o cinema era mudo e teve sua primeira estreia com falas e cantos sincronizados no filme O Cantor de Jazz estrelado por Al Jolson, sendo primeiro a cantar e falar em um filme.

No encalço do cinema sonoro, surgiu a necessidade de adaptar o filme para outros idiomas deixando dúvidas de como o público de outros idiomas teriam acesso a essas produções.

Nessa era do cinema mudo com as falas dos personagens a solução foi de traduzir as legendas para outros idiomas após o movimento labial dos atores trazendo a adaptação da voz. Foi produzido com teste, versões francesas para os filmes americanos nos grandes estúdios, como a Paramount e a MGM.

Essa alternativa não conseguia atingir o público ainda adepto do cinema mudo que acabava por não valer a pena em razão dos custos altos que gerou.

Foi ai que em 1930, os diretores Edwin Hopkins e Jacob Karol lançaram um sistema sonoro que permitia sincronização e substituía as vozes originais por outras gravadas em estúdios. A dublagem vem da palavra francesa doublage que logo virou tendência nos países da Europa.

5) Estreia no Brasil

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A estreia de A Branca de Neve marcou o início da dublagem no Brasil. | Foto: Reprodução

O início da profissão no Brasil chegou em 1937 com a estreia do desenho animado Branca de Neve e os Sete Anões, lançado com a voz de Dalva de Oliveira. Além disso com o surgimento da TV, a dublagem também ganhou espaço na telinha das casas, revelando vozes capazes de despertar a memória afetiva do público.

É indispensável não contar sobre a história da dublagem sem citar Hebert Richers, fundador da empresa pioneira do gênero no país, ele havia conhecido o dono da Walt Disney e se tornaram amigos.

Na década de 40, Hebert inaugurou sua primeira empresa. Nasce a Hebert Richers S.A, que inicialmente atuava na distribuição de filmes. Ele também trabalhava como cinegrafista e produzia jornais que eram exibidos antes das sessões em películas as notícias filmadas

Na produção dos filmes ele precisou investir em aparelhos de dublagem pois houve um problema técnico com as filmagens que culminou no comprometimento do áudio e a fita precisou ser dublada. Com a iniciativa de solucionar o problema do seu filme, ele descobriu um grande nicho de negócios dando início a essa indústria no país.

Por uma determinação do então presidente Jânio Quadros, em 1961, todo o material que vinha de fora deveria ser dublado. Esse fato marcante ajudou a alavancar a profissão do dublador. O estúdio, em seu ápice, chegou a fazer a versão brasileira Hebert Richers de mais da metade das produções que eram exibidas nos cinemas do Brasil. Richers tinha em seu elenco de dubladores, nomes reconhecidos como Lima Duarte, Laura Cardoso e muitos outros.

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Por Victoria Azevedo – Fala! Universidade Cruzeiro do Sul

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