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Relembre a conquista inédita do Sport na Copa do Brasil

O Sport começou o ano de 2008 sem muitas expectativas por parte da torcida. Havia conquistado no ano anterior o bicampeonato pernambucano e as esperanças se resumiam à conquista do tri e de uma campanha sem sustos na série A. No Leão, manteve-se cerca de 85% do elenco de 2007, e ainda foram contratadas peças que viriam a ser essenciais para o título.

Havia, além dos 11 titulares, jogadores que, mesmo no banco de reservas em algumas partidas, davam conta do recado. No Campeonato Pernambucano, uma campanha convincente: foi campeão do primeiro turno com apenas 1 derrota, e ainda viria a conquistar o troféu definitivo, caminhando para o que viria a ser uma sequência pentacampeã em alguns anos.

Além de jogadores com uma ótima capacidade técnica, experiência e aplicação tática, o time de 2008 marcou pela determinação e vontade que mostrava dentro de campo. Os leões que entravam em campo vestindo rubro negro despertavam nos torcedores o sentimento de identificação, e mais ainda, de orgulho. 

O elenco do Sport era bastante unido em 2008.
O elenco do Sport era bastante unido em 2008. | Foto: Reprodução.

Sport na Copa do Brasil há 12 anos

Imperatriz 2×2 Sport

Quem viu a estreia do Sport na Copa do Brasil daquele ano, jamais imaginaria o que estava por vir. O time entrou em campo com Magrão; Luisinho Netto, Igor, Durval e Fábio Gomes; Daniel Paulista, Sandro Goiano, Romerito e Luciano Henrique; Carlinhos Bala e Leandro Machado. Em um primeiro tempo sonolento do rubro negro, os times foram para o intervalo com o 1 a 1 no placar. Durval abriu o marcador aos 16 minutos, após cruzamento de Luisinho Netto, e o meia Fabinho Paulista se aproveitou um Magrão adiantado para deixar tudo igual.

Na segunda etapa, o time maranhense se impôs com a força de sua torcida e criou boas chances, mas foi o Leão pernambucano que ficou à frente do placar, com Carlinhos Bala cobrando pênalti. Mesmo em desvantagem, o Imperatriz não se deixou abalar e seguiu tentando o empate, que veio. Aos 41 minutos, Valdanis ficou cara a cara com o arqueiro do Sport e bateu na saída para dar números finais à partida.

Sport 4×1 Imperatriz

Antes do jogo, apreensão: a atuação e placar da primeira partida deixou a torcida receosa. Mas no jogo de volta, na Ilha do Retiro, o Sport se impôs como mandante, feito que ainda viria a fazer várias vezes ao longo da competição. No primeiro tempo, o rubro negro foi determinado diante de um tímido Imperatriz e abriu o placar com Luisinho Netto, aos 13 minutos, e ampliou com Romerito, 2 minutos depois.

Na volta do intervalo, os visitantes diminuíram com um lindo gol de Fabinho Paulista, que já havia deixado sua marca no primeiro confronto, mas nem deu pra comemorar. 6 minutos depois, o terceiro do Leão: o zagueiro Igor recebeu na área e encaminhou a vaga na próxima fase. Reginaldo entrou no decorrer da partida e marcou o quarto gol, decretando uma vitória que espantava qualquer desconfiança da torcida.

Magrão, um dos maiores ídolos do Sport.
Magrão, um dos maiores ídolos do Sport. | Foto: Reprodução.

Brasiliense 1×2 Sport

O Sport viajou até o Distrito Federal, pela segunda fase, para enfrentar não só seu adversário, mas também um tabu histórico. O Leão nunca havia ganho do Brasiliense na Boca do Jacaré, estádio da partida, mas contava com a volta do lateral Dutra, que estava lesionado.

Após o apito inicial, o time candango aproveitou o descuido da defesa rubro negra e abriu o placar com Patrick, no primeiro minuto de jogo, complicando os planos de Nelsinho Baptista. O Esquadrão Amarelo ia bem na partida, mas foi o Sport, aos 33 minutos, que empatou a partida. Uma obra do destino: após 50 dias parado, Dutra retornou fazendo gol, algo que não estava acostumado, para deixar tudo igual na primeira etapa.

No segundo tempo, mais problemas: Durval foi expulso aos 10 minutos, após receber o segundo amarelo por falta em Jobson. Entretanto, o Leão é destemido e, mesmo com um jogador a menos, foi para cima. Kássio cruzou e viu Romerito, sozinho na pequena área, perder o gol mais fácil de sua carreira.

Contando com uma noite inspirada do ótimo Magrão para se defender, os rubro negros conseguiram a virada aos 32 minutos, com Romerito aproveitando de cabeça um bom cruzamento de Luisinho Netto. Era o fim do tabu: o Leão rugiu alto e conseguiu um bom resultado, podendo até perder por 1 a 0 no jogo de volta.

Sport 4×1 Brasiliense 

Na partida de volta, um clima leve e confiança na arquibancada. No aniversário de Magrão, diante de um bom público, a Ilha do Retiro tinha atmosfera de comemoração, o que se confirmou com a bola rolando. Nelsinho havia feito mudanças no time, a fim de tentar anular o Brasiliense, que contava com grandes jogadores experientes e iria fazer de tudo para estragar a festa.

Assim, após uma linda troca de passes que envolveu o adversário, o Sport abriu o placar com Bala, depois de Enílton passar de calcanhar. O segundo gol também veio dos pés dele: o mesmo Enílton chutou, e Igor desviou com o calcanhar. Mas não parou por aí. Roger subiu e fez seu primeiro gol com a camisa rubro negra, após cruzamento de Romerito que, na volta do intervalo, deu mais uma assistência, dessa vez, para Enilton deixar o dele. Iranildo descontou para o Jacaré Candango e deu número finais a partida: 4 a 1, era festa na Ilha!

Dutra é um dos símbolos da campanha vencedora de 2008.
Dutra é um dos símbolos da campanha vencedora de 2008. | Foto: Reprodução.

Palmeiras 0x0 Sport

Pelas oitavas de final, uma pedreira o Palmeiras: um dos principais candidatos ao título. Antes da partida, por ter um time cheio de estrelas e um treinador renomado, alguns jornalistas chamaram o confronto contra o Sport de “treino de luxo”. No entanto, em campo, houve equilíbrio entre as equipes. Os rubro negros chegaram com perigo no início do jogo, exigindo uma defesa milagrosa de São Marcos após cabeçada de Bala. Mas o alviverde respondeu, levando Magrão fazer 3 defesas importantes e ver, no fim do primeiro tempo, Romerito perder um gol cara a cara com o arqueiro adversário. 

Na segunda etapa, o Leão é determinado e aplicado taticamente, dificultando o jogo. Contudo, o time de Luxemburgo, empurrado pela sua torcida e com a qualidade de seus jogadores, não desiste. O goleiro rubro negro é mais uma vez fundamental e, junto dos outros defensores, consegue garantir o 0x0. Ainda no final do jogo, Bia, que entrou durante a partida, é expulso após falta em Valdívia. Com isso, o Sport consegue um bom resultado contra a seleção alviverde, trazendo a definição do confronto para o Recife.

Sport 4×1 Palmeiras

Na Ilha do Retiro, casa cheia. Todos que puderam, foram ao estádio ver de perto o confronto entre um Sport que começava a mostrar que não estava para brincadeiras e um Palmeiras repleto de grandes jogadores. Com a bola rolando, o Leão mais uma vez não se intimidou, e foi para cima.

Aos 7 minutos, Bala cobra escanteio, Durval escora e Romerito cabeceia no ângulo para abrir o marcador para os mandantes. O Verdão era desligado, mas, na sua primeira chegada ofensiva, empatou: Alex Mineiro, de cabeça, deixou tudo igual na Ilha. Entretanto, a noite tinha um nome, e era Romerito. Aos 30 minutos, Bala escora de cabeça e o camisa 10 rubro negro chega de pé esquerdo para deixar o Sport em vantagem. Como se não bastasse, Bala cobra falta para a área adversária e Romerito faz mais um, de cabeça, no final do primeiro tempo, causando o delírio na arquibancada.

No começo do segundo tempo, Diego Souza fica sozinho na entrada da área até sofrer falta dura de Everton, que é expulso. O Palmeiras vai para cima, precisando marcar 2 gols para se classificar, e dá trabalho a Magrão. Mas Leão é destemido e, aproveitando os espaços na defesa do Verdão, Romerito lança e Dutra chuta forte para repetir um placar que já havia ficado comum na Ilha: 4 a 1. Não teve Denilson, Kléber, Diego Souza, Alex Mineiro, Henrique, ou São Marcos que fossem capazes de parar o Sport naquela noite. Uma atuação de quem queria ser campeão, e um resultado histórico garantiam os rubro negros nas quartas de final.

Romerito foi artilheiro da competição.
Romerito foi artilheiro da competição. | Foto: Reprodução.

Internacional 1×0 Sport

Nada de caminho fácil para o Sport: o Internacional, assim como o Palmeiras, era um franco favorito ao título. Com alguns remanescentes do time que foi campeão mundial, como Fernandão, Alex e Índio, e novos destaques, como Nilmar, Andrezinho e Guiñazu, esse timaço ainda conquistaria a Copa Sul-Americana do mesmo ano, de forma invicta.

Com 3 zagueiros, mirando uma formação mais defensiva, o time de Nelsinho tinha a missão de segurar o ótimo ataque Colorado. Com uma marcação forte em Romerito e poucos homens de frente, o Sport teve poucas chances no primeiro tempo. Enquanto os defensores, aliados a Magrão, iam garantindo a segurança de meta rubro negra. 

Com o segundo tempo em andamento, o Leão tentou se arriscar mais no ataque, e teve uma boa chance com um chute cruzado de Romerito, de fora da grande área. Porém, quem abriu o placar foi o Inter, com Alex, após passe de Nilmar, aos 8 minutos. E em confusão na área, a bola sobrou para Durval, livre, desperdiçar a melhor chance do time.

O Colorado ainda não estava satisfeito com o resultado, e deu trabalho à defesa rubro negra, mas não conseguiu ampliar antes que o árbitro acabasse o jogo. Mesmo com a vantagem conquistada, o Internacional ainda teria que enfrentar um adversário de peso: a Ilha do Retiro.

Sport 3×1 Internacional

Precisando reverter o resultado conquistado pelo Internacional na primeira partida, o Sport entrou em campo com uma equipe mais ofensiva, tendo três atacantes como titulares. A equipe começou o jogo com sangue nos olhos e, no embalo de uma torcida confiante, Leandro Machado abriu o placar aos 3 minutos, após cobrança de escanteio de Luisinho Netto.

A empolgação era grande quando, aos 29 minutos, um descuido coletivo dos rubro negros resultou em um lindo gol de Sidnei, que acertou um belo voleio após cruzamento de Alex. Ainda na primeira etapa, Sandro Goiano teve boa chance e bateu cruzado, tirando demais do goleiro, e jogando para fora. 

Após o retorno dos times, não demorou muito para o Sport mostrar que iria brigar até o fim pela vaga nas semifinais. Dutra cruzou, e Roger, de cabeça, tentou encobrir o goleiro adversário, jogando para fora. Mas foi o mesmo Roger, aos 16 minutos, que aproveitou cruzamento de Bala para empurrar a bola para o fundo das redes.

O resultado ainda classificava o Colorado, que ainda ficou em maior número após expulsão de Luciano Henrique. Mas o Leão não desiste: após bola levantada na área, Durval pegou bem de cabeça e obrigou o goleiro Clemer a fazer ótima defesa em cima da linha. Mas foi aos 33 minutos que aconteceu.

Kássio carregava a bola rumo à área adversária quando foi derrubado. Falta na intermediária de ataque, a favor do Leão. Para cobrá-la, três candidatos: o meio campo Kássio, o atacante Carlinhos Bala, ou o zagueiro e capitão Durval. O meia nem se mexeu quando os 31 mil rubro negros ali presentes viram Bala passar pela bola e o xerife Durval acertar um chute implacável e marcar um dos gols mais memoráveis da história do Sport.

O gol da classificação veio dos pés de um herói improvável, e fez com que os milhões de torcedores do Sport espalhados pelo Brasil rugissem juntos em um só tom: o de comemoração. Fim de papo! O Leão estava na semifinal e cada vez mais próximo do título inédito.

Durval fez seu primeiro gol de falta da carreira contra o Internacional.
Durval fez seu primeiro gol de falta da carreira contra o Internacional. | Foto: Reprodução.

Sport 2×0 Vasco

Jogando a primeira partida do confronto em casa, o Sport tinha a missão de ser eficaz no ataque e tentar não sofrer gols do Vasco, que tinha Edmundo no comando do ataque. Para isso, Nelsinho pôs em campo o que tinha de melhor: Magrão; Luisinho Netto, Igor, Durval e Dutra; Daniel Paulista, Sandro Goiano, Romerito e Carlinhos Bala; Enílton e Leandro Machado.

O Leão, embalado pelos mais de 34 mil torcedores que compareceram, encurralou sua presa e foi para cima. Aos 9 minutos, Romerito fez grande jogada e, depois de driblar três, chutou cruzado de fora da área, levando perigo à meta do goleiro Tiago. O Sport ainda teve outras duas boas jogadas áreas antes de Durval mandar para as redes, aos 14 minutos, fazendo 1 a 0 para delírio da torcida. E pouquíssimo tempo depois, a defesa cruz-maltina afastou mal um cruzamento e Daniel Paulista pegou na veia pra marcar um golaço. Porém, os rubro negros ainda perderam algumas chances antes do juiz sinalizar fim da primeira etapa.

Com a bola rolando novamente, o Sport tentava carimbar a classificação, mas esbarrava em uma noite inspirada do goleiro vascaíno. O Vasco pouco produziu, sempre preso na marcação eficaz dos defensores rubro negros. E, assim, acabou a partida: 2 a 0. Um bom resultado para o Leão, mas nada garantido. Ainda teria jogo pela frente.

Vasco 2×0 Sport

Pela primeira vez decidindo a vaga fora de Recife, o Sport tinha o resultado ao seu favor, mas havia perdido um dos seus principais jogadores, Romerito. O contrato de empréstimo havia se encerrado, e o Goiás havia firmado um acordo verbal que, caso os rubro negros se classificassem para a final, o contrato seria prorrogado o suficiente para que o camisa 10 terminasse o torneio. No entanto, o time goiano não cumpriu o exigiu o retorno do meia, que desfalcou o Leão.

Assim, Nelsinho Baptista armou o time com três zagueiros, mirando ser mais defensivo e segurar o resultado. Mas, no primeiro tempo, houve equilíbrio e o goleiro Tiago foi importante novamente, frustrando as tentativas de Luisinho Netto e Leandro Machado. E o Vasco respondeu, descendo com Morais e Edmundo, que tiveram boas chances antes do juiz sinalizar o intervalo. 

Recomeçando o jogo, Magrão teve mais trabalho e fez boas defesas antes de Leandro Amaral cabecear no ângulo rubro negro, complicando a vida do Sport. O Vasco seguia tentando o segundo gol, quando Enílton perdeu duas ótimas chances. Porém, nos acréscimos, Pablo manda um foguete e Edmundo marca no rebote. A classificação seria decidida nos pênaltis. Assim, Edmundo foi o primeiro a bater, e isolou a bola. Luisinho deslocou o goleiro e marcou pro Sport. Leandro Amaral fez o primeiro do Vasco e Fábio Gomes manteve a vantagem. O goleiro Tiago fez uma paradinha e marcou para os mandantes, enquanto o gigante Magrão bateu com precisão e marcou. Leandro Bonfim converteu e viu Dutra também marcar. Wagner Diniz bateu com categoria e jogou a responsabilidade nos pés de Carlinhos Bala, que bateu sem medo e garantiu o Sport na final da Copa do Brasil. 

Daniel Paulista comemora gol contra o Vasco com seus companheiros.
Daniel Paulista comemora gol contra o Vasco com seus companheiros. | Foto: Reprodução.

Corinthians 3×1 Sport 

O Sport finalmente voltava à final da Copa do Brasil, fase que disputou na primeira edição do torneio, em 1989, quando foi superado pelo Grêmio. O Leão seguia sem Romerito e, assim, entrou em campo com três volantes, e Éverton ocupando o vaga do camisa 10. Com a primeira partida em andamento, o Corinthians entrou em campo para sufocar os rubro negros e, apoiado pela sua gigante torcida, assim fez.

Os atacantes adversários infernizaram Magrão até que Dentinho, aos 18 minutos, chutou rasteiro no cantinho, fazendo o primeiro gol. Apenas cinco minutos depois, em um contra-ataque na sequência de uma disputa de bola em que os atletas do Sport pediram falta, Dentinho cruzou e Herrera ampliou. O Sport teve sua primeira chance à beira dos acréscimos, com o goleiro Felipe defendendo com facilidade a cabeçada de Leandro Machado. 

Retornando ao campo, o Leão foi mais incisivo e tentou diminuir o prejuízo com chute de Leandro Machado. Rincón perdeu uma ótima chance para os mandantes, e o Sport respondeu com chute cruzado de Carlinhos Bala, que errou o gol. Mas, inflamado pela torcida, o Timão marcou mais uma vez, aproveitando um péssimo recuo de Luisinho Netto e convertendo com Acosta, fazendo 3 a 0. Para muitos, gol que praticamente carimbava o título para o Corinthians. Mas os rubro negros não desistiram, e quase diminuíram, aos 35 minutos, com uma ótima cabeçada de Roger.

E, já no apagar das luzes, Bala infiltrou na área, passou por dois marcadores e a bola chegou pra Enílton, canhoto, chutar com o bico do seu pé direito para o fundo das redes. O gol que fez a torcida pernambucana explodir de esperança, afinal, com esse resultado, 2 a 0, na partida de volta resolveria. E o Sport teria um reforço de peso: a Ilha do Retiro lotada. Na saída de campo, Carlinhos Bala chocou a todos ao falar que o gol de Enílton havia sido o gol do título, e que Deus havia falado com ele, garantindo que o Sport seria campeão. No hiato entre os jogos, o político e conselheiro do Náutico, Gustavo Krause, afirmou que, depois daquele gol do Sport, ninguém tiraria o título do Leão.

Sport 2×0 Corinthians 

No fim de semana entre as partidas, houve rodada do Campeonato Brasileiro, e o Sport enfrentou novamente a potência do Palmeiras, na Ilha. No entanto, o Leão entrou em campo com um time misto, poupando jogadores para a final.

E, novamente contrariando os especialistas, os rubro negros bateram os alviverdes por 2×0, mostrando porque a Ilha do Retiro deveria ser temida. Porém, nas vésperas do jogo decisivo, circulou pelo Recife a informação que o lateral Luisinho Netto, o homem da bola parada rubro negra, iria entregar o jogo para os visitantes.

Assim, o Sport perdeu mais um destaque, então improvisando o meia Diogo na posição e entrando em campo com: Magrão; Diogo, Igor, Durval e Dutra; Daniel Paulista, Sandro Goiano, Luciano Henrique e Kássio; Carlinhos Bala e Leandro Machado. Nas arquibancadas, uma festa poucas vezes vista. A torcida estava confiante e, através de seu grito de guerra, o Cazá Cazá, conseguiu passar a confiança aos leões que entrariam logo mais em campo.

Dado o início dos últimos 90 minutos de Copa do Brasil, o Sport se fortalece com a energia de sua torcida e não toma conhecimento do adversário. Era ataque contra defesa, o Corinthians não conseguia sair do seu campo, mas Kássio, jovem da base, destoava entra o rubro negros. O meia não fazia boa partida quando Nelsinho, em um ato puro de coragem, sacou o garoto ainda na metade do primeiro tempo e colocou em campo Enílton, que mesmo com gols importantes, era contestado pela torcida por suas atuações.

Quando, aos 34 minutos, Luciano Henrique fez uma jogada de muita habilidade e deu um passe de craque, encontrando Carlinhos Bala. O camisa 11 matou a bola no peito e finalizou com categoria, tirando do goleiro para marcar o primeiro do Leão. E apenas dois minutos depois, o próprio Bala cobrou escanteio, a defesa do Timão tirou, e Luciano Henrique chutou na entrada da área. A bola fez uma parábola e passou por Enílton, que não consegui desviar, entrando no meio das pernas do arqueiro corintiano, para delírio dos 35 mil torcedores presentes. Era o 2 a 0 que o time precisava, e já! Mas ainda tinha muito jogo pela frente.

Os dois times voltaram do intervalo com substituições. Do lado do Corinthians, entraram Acosta e Lulinha, enquanto no Sport, Roger entrou no lugar de Leandro Machado. O Leão não contava com uma de suas principais armas, a bola parada: afinal, seu melhor cobrador, Luisinho Netto, e Romerito, com grande qualidade para aproveitar cruzamentos, estavam fora.

O Timão, que perdia o título com o resultado, saiu mais para o jogo, mas os rubro negros administravam a partida diante do nervosismo do adversário. E, aos 27 minutos, Dentinho saiu para a entrada de Wellington Saci, que foi expulso com um minuto em campo, após pisão em Bala. Os torcedores ali presentes vivenciaram seus jogadores exibindo uma atuação de primeira classe. Os volantes, assim como os zagueiros, eram precisos, e um empenhado Bala ainda recompunha para auxiliar o jovem Diogo.

Além de Magrão, que não só interceptou uma tentativa de drible de Acosta, como também defendeu uma finalização à queima roupa de Lulinha como poucos goleiros assim fariam, evitando o gol que impediria o título inédito. O zagueiro William ainda foi expulso antes que o árbitro Alício Pena Júnior apontasse para o centro de campo, decretando o Sport como grande campeão. Até hoje, o Leão foi o único time a reverter uma diferença de 2 gols em uma final de Copa do Brasil.

Carlinhos Bala foi o melhor jogador da final da Copa do Brasil de 2008.
Carlinhos Bala foi o melhor jogador da final da Copa do Brasil de 2008. | Foto: Reprodução.

Provando, assim, que Carlinhos Bala estava certo quando profetizou, ainda com o resultado controverso, que o time seria campeão. E como Enílton veio a declarar após o fim do 2 a 0, “papai do céu é rubro negro”. Os leões que representaram o Sport durante a competição erguiam, imponentemente, o imortal escudo.

Assim, lembrando, mais uma vez, aos ardentes seguidores do Leão da Ilha, daquele 13 de maio de 1905, quando Guilherme de Aquino prometeu que o Sport seria um autêntico campeão. E Durval ergueu a taça, fazendo bater mais forte o coração da nação de vencedores que viveu, sofreu e comemorou nessa caminhada. O Leão encantou, enobreceu e deu prazer a todos que se dessem o direito de abraçar as cores rubro negras tão forte, sem chance de separação.

Sport é campeão da Copa do Brasil
Sport é campeão da Copa do Brasil. | Foto: Reprodução.

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Por Gabriel Neukranz – Fala! UFPE

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