A história de Anastasia Romanov é considerada por muitos um conto de fadas da vida real. Filha do czar Nicolau II e da czarina Alexandra Feodorovna, a menina era grã-duquesa e pertenceu à última dinastia imperial da Rússia. Um mistério envolvendo sua morte fez com que ela se tornasse mais famosa que os irmãos.
A impopularidade dos Romanov
A Rússia foi o último país europeu a abolir a monarquia absolutista. A situação do império era inconcebível e as últimas gerações ficaram conhecidas pela violência sistemática do Estado. A desigualdade social era grande, assim como o analfabetismo.
Estima-se que apenas 3% da população vivia bem, além de uma pequena classe média, enquanto o resto da população era largada à miséria. Os índices de analfabetismo estavam entre 90% e 95%. Nicolau II, o último czar da Rússia, impediu reformas que visavam diminuir a desigualdade social porque acreditava que isso poderia abalar o seu poder.
A família do czar, assim como sua atuação política, não tinha grande popularidade. Nicolau e Alexandra tiveram quatro filhas e um único filho, que seria o herdeiro do trono do pai. O filho, no entanto, tinha saúde frágil. Rasputin, um místico e “monge” com péssima reputação, foi chamado para ajudar o frágil Alexei. Rasputin tornou-se uma espécie de “conselheiro informal” para a czarina, e não demorou muito até rumores sobre um possível caso entre eles se espalhassem.
A Revolução de 1917
Em fevereiro de 1917, a dificuldade de abastecimento, um frio muito rigoroso e as derrotas do exército imperial na I Guerra Mundial inflamaram os nervos de uma população que estava insatisfeita havia tempo. A capital Petrogrado, atual São Petersburgo, foi palco para manifestações. Nicolau II convocou as tropas das guarnições da cidade, mas muitos declararam motim. O czar se viu obrigado a abdicar.
A família imperial foi enviada para o exílio em Ecaterimburgo, nos Urais, e a execução ocorreu em 1918.
O mistério de Anastasia
Os guardas da casa confirmaram o massacre e afirmaram que as meninas da família não morreram imediatamente. Aparentemente, pedras preciosas costuradas às roupas de baixo serviram como uma espécie de colete à prova de balas. Os guardas diziam também que haviam descuidado dos corpos porque estavam bêbados naquele dia.
O aparecimento de Anna Anderson, chamada também de Madame Desconhecida, dois anos após a tragédia, alimentou boatos de que Anastasia poderia ter sobrevivido. A mulher de origem misteriosa e com sotaque russo morava em Berlim, e afirmava ser a grã-duquesa Anastasia. Anna chegou a reivindicar legalmente o seu lugar na realeza russa, porém, o caso foi arquivado.
Outros sósias apareceram e afirmaram ser algum dos filhos de Nicolau II que escapou do trágico destino. Maria Feodorovna, mãe do último czar, entrevistou muitas “candidatas” que afirmavam ser Anastasia enquanto estava exilada na Dinamarca.
As ossadas da família Romanov foram encontradas perto de Ecaterimburgo em 1979. Faltava um corpo, no entanto.
A resolução do caso
Anna Anderson morreu sem provar sua identidade. Após sua morte, ao compararem o DNA da Madame Desconhecida com o dos ossos pertencentes aos dos Romanov, foi comprovado que Anna não pertencia à dinastia.
Em 2009, finalmente, o caso encontrou seu fim. Aparentemente, não faltava apenas uma ossada na cova dos Romanov, mas duas. E foi apenas no século XXI que o mistério foi encerrado. Novas escavações encontraram dois corpos a poucos metros da cova da família. Um deles é o de Alexei, enquanto o outro pode ter pertencido a Maria, terceira filha do casal, ou a Anastasia. Os exames dos ossos determinam apenas o sexo e a idade aproximada, então, por Anastasia e Maria terem idades próximas, o exame foi incapaz de dizer a qual das duas a ossada “extraviada” pertenceu.
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Por Gabriela Gnoatto Paiz – Fala! UFPR