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Projeto Gemini é uma exposição de técnicas digitais no cinema

Filme apresenta uma narrativa genérica e se apoia muito nos recursos visuais inovadores que foram promovidos.

Projeto Gemini é uma exposição de técnicas digitais no cinema.

Diretores estão sempre buscando novas maneiras de contar histórias., entretanto, a busca pode tirar a atenção do diretor em como deixar essa nova ideia funcionar de forma orgânica no roteiro. Em Projeto Gemini, Will Smith faz o papel de Henry Brogan, um assassino da CIA que pretende se aposentar. Porém, Brogan se envolve em um projeto secreto do governo e é caçado pela única pessoa mais qualificada para o trabalho: um clone mais jovem dele mesmo.

O diretor do filme, Ang Lee (As aventuras de Pi), preferiu não focar em uma história original e impactante e, sim, em técnicas como o rejuvenescimento digital aplicado em Will Smith e a captação em 120 quadros por segundo nas câmeras. Embora seja impressionante o uso da tecnologia no ator e as cenas de ação coreografadas serem razoáveis, o roteiro não consegue chegar as expectativas desejadas e, por isso, tem uma trama que se encaixa no padrão dos filmes de James Bond e Missão Impossível, com apenas um detalhe para diferenciar.

O diretor quis tratar sobre vários temas no filme, uma delas sendo o debate natureza versus criação, em que envolve se o comportamento humano é determinado pelo ambiente, pré-natal ou durante a vida de uma pessoa, ou pelos genes de uma pessoa. Mas isso tudo é ofuscado pelo esforço cometido na produção visual.

Tendo que fazer dois personagens, Will Smith consegue criar distinções em cada papel. Henry Brogan é um assassino experiente e meticuloso, mas com fobias e limitações físicas por conta da idade. Enquanto Junior, seu clone, é uma versão melhorada e sem defeitos, mas é arrogante e inexperiente. O que exemplifica isso é na perseguição de moto nas ruas de Cartagena em que Brogan tem dificuldades de desviar carros e em curvas estreitas, enquanto Junior consegue até realizar golpes usando uma motocicleta.

Mary Elizabeth Winstead fez uma boa performance durante a trama. Ela tem cenas de ação ao lado do protagonista, sendo algumas no mesmo nível do que o assassino, mas não é muito aprofundada no decorrer do filme.

Em conclusão, a imersão cinematográfica se torna mais como um exemplo do que pode ser feito no cinema ao invés de ser uma nova linguagem cinematográfica e comunicar a ideia da obra de maneira natural. Ele acerta no que propõe, mas dá mais espaço a tecnologia do que a própria história e, pior, faz com que história fique em função da tecnologia.

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Guilherme Schanner – Fala!Mack

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