quinta-feira, 18 abril, 24
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Poema – Os sentidos

O poema Os sentidos aborda a saudade da natureza provocada pelo isolamento social, realizado em função da pandemia do novo coronavírus. Assim, pequenos objetos artificiais, como uma simples fonte de água, podem nos fazer acessar as memórias de um contato próximo com a natureza. No entanto, essa sensação não chega nem perto do que é realmente estar em meio às arvores, aos rios, às cachoeiras, às águas do mar e aos animais.

Assim, nesse período de quarentena, muitas vezes, sentimos falta de muitas atividades que fazíamos antes da pandemia e somos tomados pela saudade. Mas o que é essa saudade? Talvez seja um sentimento forte de relembrar algo ou alguém com um pouco de tristeza, uma dose de alegria e uma pitada de esperança, ou talvez seja apenas uma grande ilusão de algo cristalizado que não é, nem será. 

Fonte de água. | Foto: Camille Magri Garabosky.

Os sentidos

Incessante tentativa essa minha
de buscar conexão com ela
Ela, que provém tudo de que precisamos
que abastece nosso espírito
em meio ao aconchego verde
Que acolhe nossas almas
e refresca os nossos corpos
Saudade de sentir a brisa no rosto
as ondas estourando na ponta dos pés 
as montanhas criando belos contornos
os frutos e flores nascendo
os rios, riachos e lagos em meus olhos 
Saudade de degustar o fruto das árvores 
de sentir o aroma da terra úmida
de tocar nas múltiplas texturas das folhas 
de ouvir o som das cachoeiras
e de apreciar as tartarugas no mar
Ela, mãe natureza, permanece viva
porém está muito distante
e enquanto aguardo nosso reencontro
fui surpreendida com uma sensação 
Novamente ouvi as águas,
senti a essência da terra após a chuva
e toquei na textura das folhas
Uma fonte de água fez isso
aqueceu o meu coração 
e me fez estar novamente na floresta
Simples artificialidade essa
que retirou a angústia da minha alma
e alegrou os meus ouvidos 
As pedras, as folhas e a água 
se assemelham às verdadeiras
não com a mesma força 
nem com a mesma vida
a natureza é insubstituível 
Todavia, enquanto vejo algo maior
que impede a nossa união 
meus olhos satisfeitos transbordam 
da felicidade que me passa essa fonte 
que nada mais é além de pura ilusão

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Por Camille Magri Garabosky – Fala! Cásper

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