Por Gabriel Ferreira – Fala!MACK
Um dos grandes vilões das editoras de livros é a pirataria. Se antes o meio de piratear era por cópia física, as populares “xerox”, atualmente as editoras tem de seus catálogos pirateados na internet em diversos formatos, tais eles como PDF, Epub entre outros. Os títulos são compartilhados em sites, blogs e em grupos nas redes sociais, como o Facebook e o Whatsapp.
O jovem Jeferson de Jesus, 18 anos, vestibulando, é um das pessoas que baixam livros e ele alega “Não tenho condições financeiras para custear os livros que necessito ler. Então para não perder tempo com outras coisas baixo em PDF”. Ele ainda relata que se tiver condições financeiras posteriormente compra o livro em formato físico.
Em âmbitos jurídicos de Direitos Autorais a Lei nº 9.610\1998 – dispõe sobre os direitos do autor e do registro; o direito autoral é a propriedade do autor sobre sua obra, e o autor é a pessoa física criadora da obra literária, artística ou científica.
O compartilhamento desses arquivos com outras pessoas é muito comum, como relata Gabriel Oliveira, 18 anos, escritor: “Às vezes, costumo mandar para amigos, que como eu não tem muita disponibilidade para comprar tais livros”.
Com a popularidade dos Tablets no inicio da década de 2010, aumentou o numero de leitores digitais, que baixam livros de maneira clandestina pela internet. A venda de livros digitais em 2009 e 2010 representavam cerca de 0,5 % para as editoras.
Para o jovem Danilo Almeida, 14 anos, o download de livros de maneira gratuita prejudica o mercado editorial “Tenho a consciência que eu deixar de comprar os livros prejudica a editora e é até um desincentivo para ela produzir novos títulos”
Entrevistamos Andreia Amaral, editora executiva do Grupo Editorial Record, para falar sobre a situação da pirataria no mercado;
*A editora desenvolve algum trabalho contra a pirataria?
Andreia: Estamos atentos a sites que compartilham links piratas com livros do grupo. Mas é um trabalho muito difícil, porque nem sempre é fácil chegar a quem compartilhou, aos administradores dos sites. Sempre que possível, vamos atrás e derrubamos os links, por meio da assistência jurídica que a ABDR presta às editoras (Associação Brasileira de Direitos Reprográficos).
*Qual a posição de vocês referente aos arquivos de PDF piratas compartilhados na internet do catálogo da editora?
Andreia: Somos contra e vamos combater de todas as formas possíveis. Hoje em dia, há diversos meios eletrônicos que facilitam a pirataria, por isso é um trabalho de resistência difícil de ser feito. Entendemos que a principal causa do problema é cultural. Não se trata de democratizar o acesso aos livros, como alguns sites divulgam, enganando as pessoas que recorrem à pirataria. Há uma indústria editorial que é muito pouco conhecida pelos leitores, as pessoas, principalmente no Brasil, não têm muita ideia de como é feito o livro, qual seu custo e de toda a cadeia que sustenta a produção. Quem sugere que o livro é caro e que por isso as pessoas não leem, certamente não sabe quanto custa produzir, distribuir e sustentar a trajetória de um livro durante o período de 5 anos a 7 anos, que é o tempo, normalmente, de validade dos contratos de edição entre editora e autor.
O livro é um presente não perecível, que pode ser comprado pelo preço de um chocolate, de um vinho, de uma blusa. As pessoas gastam para ir ao cinema e se divertirem por 1:30 a 2:00 horas o valor que muitas vezes daria para comprar um livro, um objeto que pode perpassar gerações – mas é raro fazerem essa associação. O próprio mercado editorial deveria se dedicar mais a campanhas de conscientização que mostrassem o valor que carrega um livro. Assim como vemos na indústria audiovisual. Muita gente acha que o que está na internet é de livre acesso, que não há ninguém perdendo com a circulação dos PDFs. Quem opta por qualquer produto pirata está agindo ilegalmente, violando direitos de terceiros. Alguém está sendo lesado nesse processo e não há justificativa que legitime o ato. Há muito o que se discutir a respeito do preço do livro no Brasil, da necessidade de incentivar a leitura, do analfabetismo funcional, mas certamente nenhuma das saídas será a partir do crime de pirataria. É crime e não há outras interpretações possíveis.
*Vocês recebem denúncias de terceiros sobre pirataria de alguma obra da editora?
Andreia: Sim, recebemos com frequência: dos próprios autores, de outros leitores, de instituições que se sentem lesadas.
*Os títulos pirateados da editora em sua maioria são nacionais ou internacionais ?
Andreia: Não há preferência, ambos são pirateados. Muitas vezes, na mesma semana de lançamento do livro já é possível encontrá-lo disponível na internet. Acho que não existe um critério para a pirataria, basta que o livro chegue nas mãos de quem já tem inclinação para praticar o ato. O pior é que os fãs de determinados autores não entendem que estão prejudicando diretamente seus ídolos.
Em contra partida com o surgimento de serviços de streaming de livros é mais uma forma de consumir livros, de modo original, como o Kindle Unlimited;
O Kindle Unlimited equivale a Netflix e ao Spotify, mas para o mundo dos e-books e audiobooks. Como acontece na maioria dos serviços desse tipo, o cliente pode experimentar pelo período de 30 dias de modo gratuito antes de fazer a assinatura. O catálogo mantem mais de um milhão obras disponíveis para leitura.
O aplicativo funciona nos aparelhos da Kindle e também em dispositivos como IOS e Android.