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Parasita: a cadeia alimentar social – Leia a crítica do filme

Parasita, o filme sul-coreano que ganhou atenção internacional, traz uma crítica por meio de comédia e drama 

Parasita, a produção sul coreana dirigida por Bong Joon-ho, conta a história da família Kim, que vive em situação de extrema pobreza, realizando pequenos trabalhos para sobreviver. Quando o caçula da família recebe indicação para dar aulas de inglês à filha de um rico empresário, a família vê uma oportunidade para uma escalada econômica. Com o desenrolar da história, os Kim conseguem adentrar completamente na vida dos Park, prestando seus serviços e usufruindo de forma secundária dos confortos que agora estão ao seu alcance. 

Pôster do filme Parasita.

O longa é um divertido drama que retrata a desigualdade social de forma clara e, ainda assim, sem apontar culpados para o problema. As cenas das diferenças na rotina das duas famílias faz o espectador refletir sobre o assunto e se sentir desconfortável, como uma troca de mensagens silenciosa entre o filme e o público. As características dos personagens são moldadas pelos objetivos de vida e meio social em que se encontram, o que facilita a identificação do espectador com os papéis que cada um cumpre. 

A narrativa propositalmente confusa é completada pela comunicação entre as cenas, que conversam entre si através de pequenos sinais. Os enquadramentos são feitos de acordo com o sentimento momentâneo do enredo, que hora imergem o público na história e hora os afasta, como se descobrissem uma realidade distante da que vivem. Os detalhes técnicos podem ser interpretados por motivos lógicos ou profundos, que espelham a vivência e os sentimentos dos personagens: o som na minúscula casa da família Kim é abafado, enquanto a casa dos Park possui um eco, devido ao tamanho e vazio do lugar. 

Em Parasita, os gêneros se misturam entre si, a comédia, o drama e o suspense acontecem de forma mesclada, às vezes, até na mesma cena. O que passa para o público uma sensação maior de realidade, de imitação da vida, em que o espectador se sente entretido, confuso, aflito e angustiado em momentos seguidos. E essa imersão que o filme passa para quem assiste causa uma enorme reflexão sobre os contrastes que existem na sociedade, talvez estourando – por um breve momento – a bolha social de quem está sentado na poltrona de um cinema localizado em um bairro de classe alta da cidade. 

Parasita apresenta uma história em que não há para quem direcionar o ódio ou a torcida, todos os personagens estão confinados em seus próprios mundos individuais, sem conseguir entender as necessidades do outro. Não há um vilão personificado, o que causa os conflitos do filme não é alguém e sim os acontecimentos que se desenrolam em uma sociedade desigual. Ao final, o filme deixa as perguntas, “Há um culpado? Há como mudar? Por que? E como?”. 

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Por Fernanda Ming – Fala! Anhembi Morumbi

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