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Opinião – Mesquinharia não é governo, é ditadura

Um ditador apodera-se dos meios comunicacionais em nome da desinformação social, pois um povo desinformado é apenas número para ele, e sendo número é apenas peça de uma alucinação despótica e descabida

Nenhum jornalismo é feito sem verdades factuais, pois, se assim fosse, não seria jornalismo, seria apenas ficção, e uma das competências da “arte” jornalistica é refletir e divulgar ao público (lê-se aqui a população) sobre a realidade que lhes cerca. Uma das peças que compõem nosso real é a política, o governo é fundamental para a coesão das peças da realidade. Todavia, quando essa peça apresenta um caráter autoritário todas as demais são massacradas, e o canal de comunicação acaba caindo junto, informação é poder e desinformação é manter-se ainda mais no poder.

O lema informacional citado é o que prega todas as ditaduras autoritárias, visto sua incapacidade de aceitar discordâncias e críticas de outrem. O autoritarismo assemelha-se muito a uma criança mimada e mesquinha, que deseja tudo para ela, o poder sempre é sedutor e, para ter tudo, é necessário um boa imagem, a imagem que faço de mim mesmo é sempre a melhor do que a dos demais, e para isso amassar, reprimir, castrar a imprensa, que não é minha, é o mais comum.

ataques à imprensa
A imprensa brasileira vem sendo reprimida. | Foto: Unsplash.

Repressão da imprensa por políticos autoritários

Vimos Hitler ter sua própria agência de propaganda para divulgação daquilo que era de seu desejo; vemos Kim Jong-un divulgar a seu povo o único desejo que é realmente válido (a capacidade de produzir uma bomba atômica); vivemos a censura na Ditadura Militar (1964-1985). É um passado muito próximo e uma realidade muito clara para abstermos de refletir, o Brasil vive uma eminencia não de golpe, mas de uma tomada de poder militar, a maioria dos Ministérios possuem um general e nosso vice também é um general, Bolsonaro desde sempre ataca a imprensa, a desmerece e seus seguidores alucinados acabaram por agredir profissionais de jornalismo em meio à cobertura de uma manifestação, dar-se-á a tais atitudes o nome de repressão. 

Cabe aqui uma reflexão surgida no 3º Encontro Folha de Jornalismo, onde Roberto Deniz (jornalista investigativo na Venezuela) foi questionado sobre a similaridade do tratamento de jornalistas no Brasil e na Venezuela, e em sua resposta ele fora muito enfático em evidenciar uma aproximação absurda de ambos; segundo ele, o Chavismo usou primeiro de ataques e desvalorização do jornalismo, submetendo os jornalistas ao escárnio público.

Tamanha similaridade tem de nos assustar, de gelar a barriga, para que os olhos sejam capazes de enxergar e revidar, demonstrando todas essas falcatruas e encenações, ainda temos uma mídia livre e somos capazes de usufruir dessa para moldar um futuro diferente dos que estão moldando para nós. A imprensa, o jornalismo, a liberdade não podem cair, e muito menos cair para uma criança que, assim que conseguiu um poder para exercer, começou a ditar rumo a um passado recente e traumático.   

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Por Pedro Oliveira – Fala! UFMG

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