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Opinião: Ataques à imprensa e sua importância frente ao coronavírus

Nas últimas semanas, ataques à imprensa no Brasil vem chamando mais atenção que o normal. Enquanto cobrem notícias sobre a pandemia do novo coronavírus, jornalistas de diversos estados estão sofrendo perseguições, agressões verbais e sendo impedidos de fazer seu trabalho, por civis que parecem não entender a necessidade desses profissionais diante de uma pandemia.

Repórteres vêm sofrendo agressões nas ruas, ameaças e sendo obrigados a interromperem as suas atividades. Um dos casos mais comentados recentemente aconteceu em São Paulo, quando uma mulher tirou o microfone das mãos do repórter Renato Peters, que estava ao vivo, para atacar a emissora para a qual o jornalista trabalha e gritar “Bolsonaro tem razão”, referindo-se às idéias defendidas pelo presidente acerca do afrouxamento da quarentena.

Não é de agora que ataques à imprensa acontecem no país, a novidade é que essas agressões, agora, estão sendo motivadas, em sua maioria, por divergências políticas relacionadas à questão do isolamento social que – apesar de ser a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para controlar a situação da pandemia pela qual estamos passando – não vem sendo muito bem aceita por certa parcela do povo brasileiro.

Devido à crise sanitária, que atualmente assola o mundo inteiro, o isolamento social é o método, até agora, mais eficaz para diminuir o nível do contágio pela Covid-19, doença que já infectou quase três milhões de pessoas e já matou mais de 205 mil pessoas no mundo.

impactos do coronavírus
O coronavírus tem interferido diretamente na vida social. | Foto: Reprodução.

Diante desse cenário, o trabalho de jornalistas e dos meios de comunicação é veementemente necessário para que a população tenha acesso às informações sobre o vírus e, assim, possa ser incluída nas discussões acerca da situação em que o país se encontra, sendo responsável até por salvar vidas.

A prestação desse serviço é tão importante que, no mês de março, a imprensa brasileira passou a ser considerada, por decreto de lei, um dos serviços essenciais de combate ao coronavírus, tão essencial quanto serviços de saúde, transporte, saneamento básico, dentre vários outros.

Apesar dos desafios e riscos ao levar informações à população, todos os dias, em meio há uma pandemia, a imprensa anda sofrendo ataques nas ruas e redes sociais, no entanto, esses civis não estão sozinhos, pois, o próprio presidente também falha ao desmoralizar o serviço de jornalistas no país.

“Eu não vou falar com a imprensa porque eu não preciso falar. Vocês não distorcem mais, pelo que eu li hoje, (vocês) inventam tudo”, declarou Bolsonaro em um vídeo postado por ele mesmo, no dia 22 de abril, no Twitter, onde acrescentou na legenda “Inventam e aumentam!”.

Bolsonaro "e daí"
Jair Bolsonaro. | Foto: Reprodução.

Em publicação feita no dia 20 de março, a organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) afirmou:

O presidente promove sistematicamente um clima de ódio e de desconfiança em relação à imprensa. Diante da pandemia, o governo federal redobrou os ataques, questionando quase que diariamente a cobertura da crise sanitária

A organização divulgou ainda no mês de abril que, entre 180 países avaliados na pesquisa anual de liberdade de imprensa, o Brasil ficou em 109ª posição, caindo duas posições no ranking em relação ao ano passado.

Porém, não é novidade que Jair Bolsonaro tem divergências com o trabalho dos jornalistas do país. Segundo o site O Globo, ataques a esses profissionais e a veículos de comunicação, em 2019, cresceu 54% em relação ao ano anterior, e Jair Bolsonaro havia sido responsável por mais da metade desses números.

Felizmente, segundo pesquisa do Datafolha, o jornalismo – seja impresso, de programas na TV, por rádio ou por sites de notícias – ainda é considerado pelos brasileiros a fonte mais confiável de informações sobre o novo coronavírus.

ataques a jornalistas e à imprensa
Comentário sobre o jornalismo no cotidiano. | Foto: Reprodução Twitter.

O Brasil, hoje, passa por uma situação crítica na saúde pública e um cenário de muitas instabilidades na política, e profissionais de comunicação de todo país estão trabalhando para que todos tenham acesso às notícias mais importantes todos os dias.

Por isso, é importante lembrar que, em um país democrático, há a liberdade de expressão, e também existe a liberdade de imprensa, mas uma não pode se sobrepor a outra. O caminho é buscar o equilíbrio e a coexistência desses direitos, pois é assim que deve funcionar uma democracia.

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Por Leonam Souza – Fala! UFPE

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