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Opinião: A importância do jornalismo independente para a democracia

A Era de Ouro do Jornalismo é certamente um período nostálgico para os profissionais e estudantes de comunicação da atualidade. Em um período em que tantas pessoas se informam por correntes do WhatsApp ou vídeos falsos no Facebook é difícil manter a esperança de que o verdadeiro conhecimento sobreviverá.

Nos anos 70, com os sucessos das investigações dos Pentagon Papers e Watergate pelo jornal americano The Washington Post, a sociedade sabia que o jornalismo era vital para a manutenção da democracia. Essa importância não acabou nos tempos de hoje, apesar de não ser tão reconhecida. Isso ocorre devido à facilidade que qualquer pessoa tem de postar suas próprias informações e opiniões em qualquer rede — portanto, parece que qualquer um pode fazer jornalismo.

Desde as eleições de Trump (2016) e Bolsonaro (2018), percebe-se que há uma polaridade muito grande nas comunidades, e na base de tudo se encontra o tipo de informação que cada cidadão recebe e aceita. Em ambos momentos eleitorais, houve um crescimento de informações falsas, ou fake news, e pós-verdades (“fatos” que se aproveitam das emoções dos leitores, de modo que acreditem mais facilmente) para atrair eleitores e dividir os cidadãos. Isso se deve, em partes, à Internet.

Além de ter possibilitado a propagação de informações em uma velocidade nunca imaginada anos atrás, ela acaba por tirar o financiamento de jornais — que, antigamente, eram bancados pelos anúncios.

As novas técnicas de advertising são chefiadas por grandes empresas de informação, como Facebook e Google, que também se utilizam de algoritmos para que certas publicações cheguem apenas para certas pessoas que se engajarão com elas.

Logo, os meios de informação de massa são mantidos, hoje em dia, por assinaturas e investimentos externos; de modo que é nossa responsabilidade que o jornalismo sobreviva. Assim, as maiores empresas de media, como o conglomerado Globo, sobrevivem facilmente, enquanto o jornalismo independente fica à sorte.

jornalismo independente
Entenda por que o jornalismo independente é importante para a democracia. | Foto: Reprodução.

A importância do jornalismo independente

O jornalismo independente é importante, pois, quando uma grande empresa de informação é comandada por apenas um grupo específico, como uma família, ou é financiado por grandes empresários, é provável que ela vá atender somente a essas perspectivas, aos interesses dos donos. O jornalismo independente, como a Mídia Ninja ou o The Intercept, é uma alternativa para o compartilhamento de outras visões de mundo além dos da elite.

Em entrevista com o jornal O Cafézinho, Nilson Lage explica que o sistema de informação pública se organizou, historicamente, em modelo centralizado com redes de malhas que divergem de pontos bem definidos. Assim, uma das consequências é que o acesso à informação primária continua sujeito à mediação de poucos veículos, com privilégio da mídia tradicional.

Dependendo dos investidores e dos grandes empresários que estão à frente dessa mídia tradicional, ela não ousa expor figuras importantes. Por outro lado, em 2019, o Intercept, jornal americano que chegou no Brasil em 2016, expôs a corrupção na Lava Jato, que tinha como protagonista o antes juíz e depois Ministro da Justiça Sérgio Moro. Inicialmente, o objetivo da operação era procurar e manifestar a lavagem de dinheiro iniciados na empresa Petrobras; mas os responsáveis se provaram caçadores da liberdade de certos políticos — o que foi comprovado nas mensagens divulgadas pelo jornal entre Moro e Deltan Dallagnol e outros.

Para que esse tipo de jornalismo, o que ajuda a manter a democracia ao informar a sociedade sobre o veneno de sua base, continue forte, é necessário que o povo invista nele, seja por assinaturas, compartilhamentos (na era da Internet) e engajamento. Assim, é possível salvar o sistema democrático pelo qual tantos lutaram e que se encontra em definhamento.

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Por Domitilla Mariotti – Fala! UFRJ

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