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O futuro incerto da Argentina e o possível abalo econômico no Brasil

Maior parceiro comercial do Brasil na América Latina, a Argentina, mostra resultados inusitados nas primárias, evidenciando possível volta de Kirchner ao poder em 2020.

Fonte: SQ Química

No último dia 12, a população argentina foi às urnas para as primárias eleitorais do país hermano, que tem eleições previstas para o dia 27 de outubro. Os resultados, porém, para espanto de muitos, foram um tanto curiosos. O atual presidente, Maurício Macri, de centro-direita, visto como a “salvação” da nação em 2015, recebeu um balde de água fria ao ver a possibilidade da ex-presidente Cristina Kirchner voltar novamente ao poder agora como vice do ex-chefe de gabinete, Alberto Fernandez.

Alberto Fernández/ Cristina Kirchner

Kirchner era esposa do ex-presidente Néstor Kirchner, que governou o país de 2003 a 2007, e foi eleita em 28 de outubro de 2007. Seu governo foi marcado pela redução da pobreza, criação de postos de trabalho e o aumento do PIB argentino que lhe rendera aprovação de mais da metade da população. As dificuldades em seu governo, no entanto, se dariam devido à crise de 2008 e os escândalos de suspeição de corrupção e limitação da liberdade de imprensa vindos à tona em 2015.

Foi quando, no mesmo ano, Maurício Macri foi o favorito, ao chegar ao poder com 51,34% dos votos, e era visto como o potencial “salvador da pátria”. Mas que Macri acabou conseguindo, no poder, foi o aumento da inflação no país. O problema foi que grande parte da sua agenda, sequer saiu do papel, devido principalmente à falta de representatividade parlamentar.

Maurício Macri: do Partido Proposta Republicana, executivo, de centro-direita; e como vice, Miguel Ángel Pichetto, advogado político, também peronista.

Observa-se, curiosamente, que em todas as chapas, o Peronismo mostra as caras. Pensamento político-cultural criado por Juan Domingo Perón na década de 1940 e com ideias sociais e principalmente trabalhistas, ainda é presente na sociedade argentina, tido como um legado, e é a linha política seguida tanto por  Kirchner; o vice de Macri, Miguel Ángel Pichetto; e os doi líderes da 3ª potencial chapa, Urtubey e Lavagna.

Juan Manuel Urtubey: do Partido Justicialista, governador da província de Salta; com vice Roberto Lavagna, economista, Partido Justicialista; ambos peronistas.

Os resultados satisfatórios para Kirchner, contudo, não são tão satisfatórios assim para o presidente Jair Bolsonaro. Além das perdas de apoio partidário até mesmo na própria bancada, esse pode ser mais um grande desgosto em seu mandato: mais um governo de oposição. Bolsonaro que já disse apoiar Macri, declarou que “se a esquerdalha voltar aqui na Argentina, nós poderemos ter sim, no Rio Grande do Sul, um novo Estado de Roraima”, se referindo à crise venezuelana e as ondas de imigrantes que vieram para o Brasil.

Outra “preocupação” do presidente é quanto ao acordo de Livre-comércio firmado com a União Europeia (EU) e, com a volta do Kirchnerismo, poderia travar impasses exigindo maior representatividade no bloco. A Argentina é a 2º maior economia e o 2º maior território da América Latina, além de ser o maior importador do Brasil, fatos que fazem com que a eleição presidencial argentina impacte diretamente na economia brasileira. Em contrapartida, o apoio público de Bolsonaro a Macri, pode vir a ser uma potencial ajuda à chapa Fernandez-Kirchner, visto que grande parte dos vizinhos latinos o consideram um líder “racista, misógino e racista”.

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Por Camilo Mota

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