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Novelas brasileiras: 70 anos de histórias que marcaram gerações

Grandes histórias foram contadas ao longo dessas sete décadas de telenovelas: personagens inesquecíveis, cenas memoráveis, que pararam o país. As novelas brasileiras são sucesso aqui e internacionalmente. Por isso, vamos relembrar histórias da teledramaturgia que marcaram gerações.

Novelas Brasileiras
Cartaz com algumas telenovelas da Rede Globo. | Foto: Reprodução

O enredo das novelas brasileiras

Heróis, mocinhas, amores impossíveis, vilãs. Toda boa novela tem esses personagens. O enredo é sempre voltado para amores corrompidos, casais apaixonados que enfrentam inúmeros obstáculos para ficarem juntos. A vilã sempre tenta atrapalhar esse romance e fazendo suas outras vilanias causando assim, revolta ou alegria dos telespectadores. Mas enfim, o casal sempre fica junto no último capítulo e são felizes para sempre.

Uma boa história consegue prender a atenção do público até o final. Geralmente, uma novela fica no ar de cinco a oito meses no máximo, dependendo do desenrolar e da repercussão, pode ser estendida. E, ao longo desse tempo, as coisas vão acontecendo e prendendo a atenção do público. Além do enredo principal, o autor ou autora precisa criar outras tramas paralelas à principal, que conversem entre si. 

As telenovelas brasileiras exploraram nesses 70 anos inúmeras histórias de grandes personagens históricos, culturas, tempos, enfim, desbravou mundos, aproximou povos. Autores como Walcyr Carrasco, que em suas novelas trazia São Paulo no início do século XX,  foram sucesso absoluto.

Obras escritas por Walcyr Carrasco

Sua primeira obra de grande repercussão foi Xica da Silva, na extinta TV Manchete, em 1996, tendo Taís Araújo como protagonista, lançando-a como atriz.

Após isso, um sucesso atrás do outro, como Fascinação no SBT, em 1998. O público conheceu as talentosíssimas Regiane Alves, que fez a protagonista e Mariana Ximenes, em suas estreias na TV. Depois se transferiu para a Globo, emissora que está até hoje.

Começou escrevendo para o horário das 18 horas com tramas leves, com comédia e romance.  Entre os folhetins assinados por ele podemos citar: O Cravo e a Rosa (2000), A Padroeira (2001), Chocolate com Pimenta (2003), Alma Gêmea (2006). Além de Sete Pecados (2007), Caras e Bocas (2009) e Morde e Assopra (2011), às 19 horas.

Depois disso, lançou-se no chamado horário nobre. Em 2013, veio a estreia com Amor à Vida. Sua primeira trama no horário foi muito boa na audiência e mobilizou o país com a luta de Paloma (Paolla Oliveira) para encontrar sua filha e o carisma de Mateus Solano, interpretando Félix, irmão de Paloma. Foi entre ele e Nico (Thiago Fragoso) que aconteceu o primeiro beijo gay da história da TV brasileira.

Além desse marco, a novela contava com um elenco super estrelado com Susana Vieira, Antonio Fagundes, Bárbara Paz, Eliane Giardini, Malvino Salvador, Caio Castro, Vanessa Giácomo, Elizabeth Savalla, Tatá Werneck, entre tantos outros. 

Walcyr ainda escreveu O Outro Lado do Paraíso (2017-2018), A Dona do Pedaço (2019). O remake de Gabriela, em 2012 para o horário das 23 e Verdades Secretas, em 2015, que lhe rendeu o Emmy de melhor novela e ganhou uma segunda versão agora em 2021 exclusiva para o Globoplay, plataforma de streaming do grupo Globo. Assim, lançou uma nova era na histórias das telenovelas: foi a primeira produzida exclusivamente para o streaming.

Glória Perez: novelas brasileiras que trouxeram outras culturas

Conhecemos outras culturas com as tramas escritas por Gloria Perez. Em 2001, O Clone nos levou para o Marrocos e apresentou um pouco da cultura daquele país, além de abordar a clonagem humana na história de Lucas e Diogo, interpretados por Murilo Benicio e os conflitos amorosos de Jade (Giovanna Antonelli), apaixonada pelos protagonistas, porém proibida por causa de sua cultura e religião.

Em 2005, Gloria trouxe a história de amor entre Sol e Tião na novela América. Sol era uma jovem sonhadora que buscava uma vida melhor e Tião, um caipira que sonhava em se tornar um grande peão de rodeios. No entanto, os dois são separados, pois Sol se arrisca em busca desse sonho e vai para os EUA, passando ilegalmente pela fronteira do México.

 Em 2009, o país escolhido foi a Índia. Perez mostrou um pouco da cultura indiana em Caminho das Índias e trouxe a história de Maya (Juliana Paes), que  se casa com Raj (Rodrigo Lombardi), num casamento arranjado por sua família: ele tenta conquistá-la a cada dia, porém ela é apaixonada por Bahuan (Márcio Garcia).

O casal  ganhou a aprovação do público e a novela teve muita repercussão. A narrativa se passa no país asiático e no Rio de Janeiro, no bairro da Lapa e no núcleo rico da zona Sul. Pode-se destacar também o personagem vivido por Bruno Gagliasso, um jovem de classe média do Rio de Janeiro que sofria de esquizofrenia. O ator brilhou no personagem e foi super elogiado. Não esquecendo também da Norminha, interpretada por Dira Paes, que popularizou a música da banda Calcinha Preta ‘’Você não vale nada mas eu gosto de você’’. Foi um tremendo sucesso. Em sua última semana no ar, o folhetim chegou a registrar 49 pontos de audiência e finalizou com média geral de 38.5, segundo dados do site TV Foco. 

Fã de telenovelas e, principalmente, daquelas escritas pela autora, o professor France Carvalho destaca que as novelas brasileiras têm esta temática de mostrar as realidades do dia a dia. Em depoimento ao Fala! Universidades, ele disse: ‘’Destaco a novela Caminho das Índias que mostrou toda a beleza da cultura indiana, abordando inclusive o sistema de castas ainda existentes que dividem o povo, segregando os de castas inferiores. Trouxe tudo isso sem deixar de lado a cultura brasileira. Abordou também um tema importante de saúde, a esquizofrenia.

‘’Destaco a novela Caminho das Índias que mostrou toda a beleza da cultura indiana, abordando inclusive o sistema de castas ainda existentes que dividem o povo, segregando os de castas inferiores. Trouxe tudo isso sem deixar de lado a cultura brasileira. Abordou também um tema importante de saúde, a esquizofrenia. Glória Perez retrata realidades das mais distintas, nos aproximando de culturas, povos e tradições diversas. As novelas servem como instrumento de apresentar a vida da gente como ela é’’.

Gloria ainda trouxe um pouco da Turquia e o Morro do Alemão, no Rio de Janeiro, em Salve Jorge, no ano de 2012. Ela abordou a questão do tráfico humano, relatando a história de jovens que tinham o sonho de mudar de vida e eram enganadas por Vanda (Totia Meirelles), acabavam sendo deportadas para Istambul e lá eram obrigadas a se prostituírem para se manter.

A personagem principal era Morena (Nanda Costa) tinha um par romântico com Theo (Rodrigo Lombardi), policial chefe da UPP do Complexo do Alemão. Se destacaram também no elenco: Giovana Antonelli, Claudia Raia, Alexandre Nero, Domingos Montagner, Dira Paes, Flavia Alessandra, Bruna Marquezine, entre outros.

A última trama escrita pela autora foi A Força do Querer, originalmente exibida em 2017 e reprisada em 2021 no mesmo horário. No elenco, Isis Valverde como a principal Ritinha, que se dividia entre dois amores: Zeca (Marco Pigossi) e Ruy (Fiuk). Ritinha era uma jovem do interior do Pará e sua mãe Ednalva (Zezé Polessa) dizia que a moça era filha do Boto, uma lenda que contavam naquela região.

Ritinha adorava dançar carimbó e vivia nas águas. Além de Ritinha, Gloria trouxe a transexualidade para o horário nobre. A personagem Ivana (Carol Duarte) fez sua estreia na TV brilhando ao mostrar todo o processo de transição. Além disso, Paolla Oliveira arrebentou ao interpretar a policial Geiza, Rodrigo Lombardi mais uma vez atuando em uma novela da autora não deixou a desejar, vivendo Caio e fazendo par novamente com Juliana Paes, que interpretou Bibi Perigosa. Maria Fernanda Cândido deslumbrante fazendo Joyce Garcia, mãe de Ivana e Ruy.

Seu próximo trabalho está previsto para entrar no ar em março de 2023, e se chamará Travessia.

Outros autores da Globo que escreveram novelas brasileiras de destaque

Outros grandes autores de inúmeros sucessos na emissora líder de audiência são Manoel Carlos, João Emanuel Carneiro, autor de um dos maiores sucessos da história: Avenida Brasil. Silvio de Abreu, Aguinaldo Silva, que criou personagens inesquecíveis como a Nazaré Tedesco de Senhora do Destino, o Crô e a Griselda de Fina Estampa

Record Tv e suas novelas

Apesar da Rede Globo ser líder de audiência, outras emissoras também produziram destaques entre as novelas brasileiras, como a Record TV. Fora da Vênus Platinada, a Record TV produziu ao longo dos anos histórias que marcaram época também. O mais recente êxito da emissora foi Os Dez Mandamentos, produzida em 2015, que foi exportada para mais de 30 países, transformou-se em filme, musical e conquistou todo o Brasil. Incomodou a líder de audiência em diversas oportunidades. Terminou com média geral de 16,3. 

Guilherme Winter interpretou Moisés, no papel principal, e ganhou o troféu Imprensa de Melhor ator e realmente ele brilhou na pele do guia do povo de Israel rumo à Terra Prometida. Também estrelaram a trama: Gisele Itié, Petrônio Gontijo, Sérgio Marone, Camila Rodrigues, Adriana Garambone, Denise Del Vecchio, Floriano Peixoto, Juliana Didone, Victor Pecoraro e diversos outros. O elenco era gigantesco e o investimento em cada capítulo foi estimado em R$ 700 mil.

Antes, a empresa de Edir Macedo já havia conquistado grandes feitos com Prova de Amor (2003), tendo Lavínia Vlasak, Marcelo Serrado, Leonardo Vieira, Bianca Rinaldi, Vanessa Gerbelli, Heitor Martinez como protagonistas, teve um bom desempenho na época em que foi exibida e quando foi reprisada também. O remake de A Escrava Isaura (2004), adaptação de Tiago Santiago foi muito bem e conseguiu se sair extremamente bem, preocupando a rival. Além da exibição original, A Escrava Isaura já foi reprisada quatro vezes.

Vidas Opostas retratava o lado obscuro do Rio de Janeiro, a guerra entre duas facções e a história de amor dos jovens Miguel (Léo Rosa) e Joana (Maytê Piragibe). Alcançou em várias ocasiões o primeiro lugar na audiência, inclusive no último capítulo, se mantendo no posto durante 44 minutos. 

Chamas da Vida (2008-2009), Poder Paralelo (2009-2010), Vidas em Jogo (2011-2012), Caminhos do Coração- Os Mutantes (2007-2008), e mais recentemente Gênesis, deram bons resultados à emissora de Edir Macedo. 

Não esquecendo da versão brasileira de Rebelde, escrita por Margareth Boury, adaptação da original mexicana de Pedro Damián, que foi exibida em 2005 pelo SBT. A trama conseguiu atrair a atenção dos adolescentes da época e ficou no ar por quase dois anos, tendo a primeira temporada 256 capítulos e a segunda, 154.

O último capítulo foi ao ar em 12 de outubro de 2012. O enredo narrava os dramas vividos por adolescentes na fase de descobertas. Viviam no colégio Elite Way os seis protagonistas interpretados por Artur Aguiar, Chay Suede, Lua Blanco, Mel Fronckowiak, Micael Borges e Sophia Abrahão, que formavam a banda Rebeldes e eles saíram pelo Brasil em turnê fazendo diversos shows. A produção é um dos maiores sucessos da emissora e destaque entre as novelas brasileiras para o público adolescente.

O SBT também faz parte dos 70 anos de história da novelas brasileiras

O SBT também merece destaque em se tratando de telenovela. Atualmente, o canal de Silvio Santos tem uma faixa exclusiva que exibe tramas mexicanas. Em parceria com a Televisa, sempre traz em suas tardes novelas dos muchachos e assim conquista seu público.

À noite, tem a reprise de Carinha de Anjo, a narrativa de Íris Abravanel, esposa de Silvio Santos, que já escreveu outros contos do gênero: Carrossel (2011-2013), Chiquititas (2013-2015), Cúmplices de um Resgate (2015-2016) e As Aventuras de Poliana, que estava no ar, mas as gravações foram encerradas por conta do coronavírus, mas vão voltar para uma nova fase. Íris também escreveu Corações Feridos, que substituiu Amor e Revolução, escrita por Tiago Santiago.

As novelas foram, são e vão continuar sendo retratos da sociedade e conquistando muitos corações. Ainda que estejam em constante transformação, assim como tudo nesse mundo, estão se refazendo de acordo com as novas tendências e assim seguirão  para não perder jamais o brilhantismo e continuar encantando e emocionando a todos. Viva a setentona. Viva a novela brasileira.

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Por Franquilin Rocha de Carvalho – Fala! Anhanguera

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