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Mobilidade urbana no Brasil – um desafio a ser enfrentado

É evidente a falta de planejamento e a incapacidade de gestão nas questões relacionadas à mobilidade pública em nosso país. Nossas grandes cidades costumam ter engarrafamentos quilométricos diários nos horários de pico. Além, é claro, da ineficiência do transporte público em atender satisfatoriamente todas as regiões.

Em uma pesquisa publicada no ano de 2019, pelo TomTom Traffic, que analisou 403 cidades ao redor do globo, o Recife aparece em 15º lugar no ranking de congestionamentos diários, já São Paulo e Rio de Janeiro aparecem, respectivamente, em 20º e 24º lugar.

A imagem mostra uma avenida movimentada de Belo Horizonte.
Imagem de uma avenida movimentada em Belo Horizonte. | Foto: Unsplash.

O problema da mobilidade urbana no Brasil

Os números preocupantes são reflexos das políticas públicas voltadas para o transporte implementadas a partir da gestão JK. Na década de 50, disposto a modernizar o país, o então presidente Juscelino Kubitschek decidiu investir fortemente na industrialização, focando bastante na indústria automobilística. Isso fica claro na construção de Brasília, principal prioridade da gestão JK, a cidade foi equipada com largas e planas avenidas que visavam transformá-la em um lugar ideal para os automóveis.

Nas décadas seguintes, o Brasil viveu um período de forte valorização do carro, fazendo com que este bem de consumo torna-se um item requisitado pela classe média. O carro passa a representar um status de poder e prosperidade. Ao longo do tempo mais e mais automóveis passam a inundar as ruas e avenidas das cidades brasileiras, sobrecarregando um sistema viário mal planejado.

Cabe ressaltar, no entanto, que a problemática da mobilidade urbana em nosso país não tem uma causa única. Sendo observados múltiplos fatores que corroboram para o agravamento da situação, um deles é a própria organização socioespacial das grandes cidades brasileiras. As metrópoles brasileiras desenvolveram-se de maneira abrupta e mal ordenada, como consequência, os ambientes laborais costumam ficar distantes dos subúrbios e periferias, lar da maior parte dos trabalhadores. Percebe-se, através desse fato, a necessidade de muitos cidadãos em deslocar-se diariamente por grandes distâncias dentro das próprias municipalidades ou mesmo nas cidades circunvizinhas.

Outrossim, as cidades brasileiras por anos foram levianas com a pauta do transporte coletivo. Tendo esta entrado para a prioridade das agendas governamentais tardiamente e, ainda assim, subfinanciada. Segundo a Pesquisa de Informações Básicas Municipais, do IBGE, de 2012, apenas 38% dos municípios têm transporte coletivo próprio. Contudo, mesmo nas regiões assistidas com sistemas de transporte público, são comuns o descumprimento de horários, superlotação, falta de climatização, sucateamento da frota e preço não condizente com a qualidade do serviço oferecido. A ineficiência do transporte coletivo faz com que mais e mais pessoas acabem por recorrer ao automóvel como meio de locomoção, abarrotando ainda mais as vias públicas.

Portanto faz-se urgente a busca por alternativas eficazes para a questão da mobilidade urbana no Brasil. Deve-se ter como uma das prioridades a valorização do transporte público, aumentando seu financiamento e fiscalizando a qualidade do serviço, visando diminuir a preferência ao uso do carro na locomoção intramunicipal. Também faz-se interessante o rearranjo do desenho urbano municipal, visando evitar a necessidade diárias de percorrer longas distâncias para coisas básicas, como trabalhar e estudar.

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Por Jefferson Ricardo – Fala! UFPE

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