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IT – Capítulo 2 mescla horror, comédia e amizade – leia crítica

A continuação do terror sobrenatural It: A Coisa (2017) chega ao cinemas trazendo de volta Pennywise (Bill Skarsgård) em uma nova leva de assassinatos. Vinte sete anos depois dos acontecimentos do filme anterior, o Clube dos Perdedores precisa se reunir mais uma vez para deter o palhaço diabólico.

Baseado no livro homônimo de Stephen King, It – Capítulo Dois consegue transmitir uma atmosfera particular das obras do escritor. O longa-metragem mescla momentos de companheirismo entre a turma – bem ao estilo de Conta Comigo (1986) – com cenas de horror grotesco – à la Cemitério Maldito (1989) – e até um pouco de terror psicológico – como Louca Obsessão (1992).

A história de It – Capítulo Dois tem início quando Mike Hanlon, interpretado por Isaiah Mustafa, é noticiado da morte de um rapaz em Derry – cidade fictícia do estado de Maine. Mike foi o único integrante do grupo que continuou morando na cidade. Com suspeitas de que Pennywise está atacando os moradores, ele reúne o Clube dos Perdedores para que se lembrem dos acontecimentos de quando eram crianças.

A versão mais velha da equipe conta com James McAvoy como Bill, Jessica Chastain como Beverly, Jay Ryan como Ben, Bill Hader como Richie, James Ransone como Eddie e Andy Bean como Stanley. A semelhança da galera adulta com a mais jovem é impressionante. É provável que desde o estúdio já tivesse firmado contrato com essa escalação há muito tempo.

Todos estão bem em seus devidos papéis, pontuando a personalidade dos personagem de maneira sutil. Não é preciso jogar na cara do espectador a todo momento quem é quem. Apenas a maneira de falar, o jeito de arrumar o cabelo ou como lidam com certas situações são características que ajudam o público a associar que as crianças cresceram. Isso torna a transição para essa nova fase mais simples.

Bill Hader, Jessica Chastain, James McAvoy, James Ransone, Isaiah Mustafa, e Jay Ryan em ‘It: Capítulo Dois.’

Apesar do elenco estelar e de interpretações razoáveis, falta química entre os atores. O roteiro até que tenta construir algumas tramas paralelas de romance e amizade para fazer com que a interação entre o grupo se torne mais natural, mas na tela isso soa um pouco forçado. Principalmente o primeiro encontro depois de anos no restaurante oriental: é um momento tão piegas e exagerado que dá vergonha.

A nova turma não supera a interação das crianças que estrelaram o primeiro filme, que inclusive fazem algumas aparições importantes no filme por meio de flashbacks – e roubam a cena! Quando a sessão terminar, você vai se lembrar do Clube dos Perdedores com as carinhas de Sophia Lillis, Finn Wolfhard e Jaeden Lieberher. É claro que as crianças possuem um apelo maior, que nem James McAvoy e Jessica Chastain vão bater.

Os trechos no passado chegam a ser mais interessantes, já que permitem um desprendimento da trama central. Enquanto o presente é mais comedido no horror, as cenas na década de 1980 são sanguinolentas, explosivas e bastante nojentas. A conexão entre os dois momentos é bem construída, com transições naturais e dão fôlego para a história. O legal é que os momentos de tensão do passado ecoam no presente, amarrando a narrativa.

resenha it capítulo 2

Aliás, as transições merecem um destaque. Se há uma coisa que a produção dessa franquia sabe fazer bem é a edição e os cortes. Há um primor, uma excelência, um regozijo cinematográfico! Utilizam muito bem a técnica do match cut – quando o corte da cena é correspondida pela próxima. É lindo ver as gotas de sangue atravessarem de um plano para o outro, ou ver uma estrela no céu se transformar em uma peça de um quebra-cabeça.

Agora é preciso pontuar alguns pecados. Apesar de se vender como um filme de terror sobrenatural, It – Capítulo Dois não sabe segurar os momentos de tensão. Sempre que rola algum susto, o filme corta para alguma piada. É instantâneo, e isso quebra todo o drama construído. São raras as vezes em que o terror realmente toma conta. O mais comum é ver o ator e comediante Bill Hader fazendo gracinhas. Isso torna o filme mais palatável para o público médio, mas para fãs do horror é um desastre.

Tentando mesclar o horror, a comédia, o romance e o companheirismo, às vezes o filme se perde, e o palhaço Pennywise se torna um simples gancho para justificar a reunião dessa turma que não tem tanta química. Percebo que a continuação sofre dos mesmos problemas de It: A Coisa (2017), só que mais acentuado, uma vez que não temos o carisma das crianças tão presente.

E o coitado do Pennywise, vivido por Bill Skarsgård, foi colocado para escanteio. Ele aparece pouco em sua forma de palhaço, e dá pra selecionar um ou duas cenas que são realmente assustadoras. A narrativa entra brevemente na mitologia da criatura, mas logo desiste de explorá-la, e só retorna nessa questão para encerrar a trama. É o fim do embate entre o Clube dos Perdedores e Pennywise, e o saldo não é muito positivo. O filme agrada quem busca diversão, mas falta o horror. A conclusão retoma o longa anterior, quase que uma forma da produção assumir que de fato o primeiro filme está muito acima desse lançamento. It – Capítulo Dois termina esse ciclo cambaleante.

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Por Matheus Menezes – Fala! Anhembi

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