Trânsito, praias sujas e falta de energia são alguns dos problemas que a Ilha da Magia enfrenta quando o assunto é turismo.
Segundo um estudo realizado pelo Ministério do Turismo em 2018, Florianópolis é o segundo destino brasileiro mais visado por turistas. Os diversos tipos de praia são os principais atrativos da cidade, que mobiliza tanto turistas brasileiros quanto estrangeiros. A cidade já chegou a receber 2 milhões de turistas durante a alta temporada. E isso é muito considerando que a ilha tem, em média, quinhentos mil habitantes. Entretanto, é importante frisar as falhas que acompanham esse fluxo intenso de pessoas.
O ranking Traffic Index feito pela plataforma Waze já considerou o trânsito da capital catarinense o pior do país. Isso se dá basicamente porque a geografia da Ilha não permite que muitos caminhos sejam feitos, logo, há lugares que só tem uma via de acesso. Essa situação já causa um congestionamento complicado na baixa temporada. Durante o verão, quando a cidade quase quadruplica seus habitantes, o congestionamento só se intensifica.
Os turistas têm que enfrentar longas filas e horas de espera para conseguir chegar em alguma praia, seja ela no Norte, no Leste ou no Sul da ilha. O problema central do trânsito é a falta de espaço físico para o alargamento das vias já existentes e a construção de novas. Embora seja um problema recorrente no verão, o excessivo congestionamento faz parte do cotidiano dos manezinhos o ano inteiro.
Entretanto, para além dos problemas relacionados à geografia da cidade, ainda há outros indícios da falta de infraestrutura da cidade para os picos de turismo. Buracos nas estradas, falta de asfalto em vias principais de acesso ao sul da Ilha e lixo no morro da Lagoa da Conceição são exemplos de como a falta de manutenção afeta os precários caminhos da cidade. As praias também apresentam problemas estruturais. Falta de quiosques, banheiros públicos, chuveiros para os banhistas e algumas faixas de areia muito estreitas sãos as principais reclamações não só de turistas, mas dos habitantes que tentam desfrutar dos pontos turísticos da cidade.
Outro fato importante é que a capital catarinense possui problemas com a desova do esgoto. Praias como Jurerê Internacional e Canasvieiras e até mesmo as águas da Lagoa da Conceição são impróprias para banho por conta do esgoto das casas que são jogados ali. A falta de investimento é gritante, apesar do turismo compor de 15% a 20% do PIB de Florianópolis.
Os problemas se estendem até as cidades de Grande Florianópolis e até mesmo às pessoas que não fazem questão de se deslocarem até as praias. É frequente a falta de água e luz em diversos pontos da ilha e até mesmo em cidades do continente, como São José. Moradores relatam já ter ficado quase três dias sem água no continente e no Sul da Ilha, em bairros como o dos Assores, é comum a falta de energia durante a alta temporada.
Esses últimos problemas explicitam a questão de como pontos turísticos ainda recebem pouca verba destinada à infraestrutura. Segundo a estudante Mayara Heloísa dos Santos, 24, “O que é mais curioso disso tudo é que minha mãe, durante minha infância, trabalhou bastante de diarista e camareira, sempre falava que nos locais onde ela trabalhava sempre tinha água, tipo em pousada/hotel, no Jurerê Internacional.”.
A falta de asfaltamento em algumas regiões afeta tanto o turismo quanto o comércio local. Florianópolis é uma cidade que recebe muita chuva durante o verão, logo, lugares que têm ruas de terra batida acabam se tornando enormes poças de lamas. E isso atrapalha, pois afasta os possíveis turistas dos estabelecimentos que estão ali. Essa é uma situação que acontece em lugares que não atrai um turismo com alto poder aquisitivo, como o Sul da Ilha. Importante notar que, apesar da falta de infraestrutura no geral, as regiões que atraem um turismo mais rico possuem mais investimentos e menos problemas a serem resolvidos.
Um estudo foi feito em Florianópolis para que uma taxa de turismo fosse implantada. Seguindo o exemplo de Bombinhas e Governador Celso Ramos, a ideia é que os turistas paguem para entrar na cidade e esse dinheiro seja usado para investir na infraestrutura dos pontos turísticos. Um projeto de lei para a implementação dessa taxa está tramitando na Câmara municipal da capital catarinense.
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Por Natália Poliche – Fala! UFSC