Com seu elenco faraônico e tema quente, o nono longa metragem de Quentin Tarantino foi definitivamente o filme mais esperado das últimas semanas. Mas esta foi uma pequena obra-prima ou apenas mais um longa para a coleção do produtor?
“Eu pretendo parar em dez.” Enquanto seus filmes saem, os fãs de Tarantino sabem que eles não têm muito tempo até o final desta longa contagem.
25 anos depois de Pulp Fiction, a escolha do símbolo do cinema como pano de fundo de seu nono trabalho não é trivial. No entanto, Era uma vez em Hollywood, é muito mais maduro que seu primo distante, ainda que considerado seu carro-chefe.
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Rick Dalton (Leonardo DiCaprio) é um ator em declínio que e parte em busca de oportunidades em uma indústria cinematográfica. Ele tem a ajuda de seu parceiro fiel Cliff Booth (Brad Pitt), que também é seu dublê, e agem como dois ladrões antiquados que veem seu universo sair como as histórias de Hollywood e se tornam marco da onda hippie e da contracultura organizada. E o vizinho, um certo Roman Polanski, talvez possa ajudá-los.
O cenário iluminado e com um céu azul-celeste, nos dá vontade de vestir nosso Ray-ban e sair por aí dirigindo um dos carros do cenário, que são exibidos sob reflexos acetinadas, como se tivessem acabado de sair de seus cartazes publicitários. Todo o filme é acompanhado por uma melancólica trilha sonora de rock, que transmite os melhores sucessos de The Mama & The Papas, José Feliciano, Billy Stewart, etc.
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A história da dupla dá origem a uma longa colcha de retalhos de cenas que se sucedem com uma fluidez quase arrogante. Como uma certa introspecção, Tarantino se diverte gravando um filme no filme, enquanto narra o fim de uma era em que dezenas de meias-estrelas tentam se manter.
Como um garoto insolente, Tarantino mistura gêneros para provar que sabe como fazer uma boa produção. O roterista Também presta homenagem aos “filmes à quilo”, aqueles esquecíveis, cujo fluxo constante de lançamentos permite que a indústria sobreviva, encerrando as carreiras de atores. O que Dalton não aguenta mais suportar.
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Desde Django, ele apresentou sua história com uma nova forma de amargura, que encontramos aqui de uma maneira sutil, mas ainda presente. Seu trabalho, composto como uma memória recolhida, é ainda mais melancólico. E para os amantes de Tarantino, há muito o que esperar, eles até encontrarão um de seus truques favoritos em uma cena de uma violência exacerbada e com um desenrolar cômico.
Reunir dois gigantes como DiCaprio e Pitt pode ser contraproducente. Não aqui. Ao estabelecer uma hierarquia entre os dois homens, um trabalhando para o outro, Tarantino poderia facilmente destacar DiCaprio.
No entanto, ele escolhe tecer uma amizade autêntica e tocante, que liga os atores como dois lados da mesma moeda. E, ainda, deixa-lhes um verdadeiro espaço de expressão, onde cada um deles pode ocupar respectivamente uma cena, sem um abafar o talento do outro, como um filme que se divide em dois para preservar o espaço aos atores principais.
Por sua vez, DiCaprio usa todo o seu talento para nos fazer acreditar que ele não tem nenhum e entrar de fato no papel de Danton. E isso funciona. Com um bigode pra lá de estranho, ele esquece diálogos indecentes e se mostra frustrado. Com uma benevolência quase paternalista, seu amigo tenta tranquilizá-lo no final do dia, enquanto seu destino também não se mostra muito frutífero.
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Com suas camisas coloridas, Pitt encarna um super-herói ultrapassado. Pitt personifica perfeitamente o modelo do “sonho americano” e quase rouba o a cena no longa, literalmente, na última meia hora. Os dois atores são, no entanto, bem acompanhados pelo resto do elenco, também impecável.
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De maneira mais geral, nos deliciamos ao ver esses dois atores se divertindo em cena. A impressão é de olhar para uma verdade alternativa e lembrar que certas escolhas podem mudar drasticamente a vida de um artista. É através deste tipo de retratos, que é bastante raro em Tarantino, que o filme deixa o cenário do entretenimento para oferecer uma verdadeira visão do cinema real. Um exercício que vale a pena!