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Entrevista com Cátia Damasceno, dona do maior canal sobre sexualidade

Com mais de 6 milhões de inscritos e, aproximadamente, 431 milhões de visualizações, Cátia Damasceno possui o maior canal sobre sexualidade do YouTube mundial. Também é fundadora do blog Mulheres Bem Resolvidas, uma rede dedicada a ajudar mulheres em diversas situações. 

Cátia Damasceno
Mulheres Bem Resolvidas, de Cátia Damasceno. | Foto: Reprodução/Instagram.

Entrevista com Cátia Damasceno

Em entrevista ao jornalista Leonardo Almeida, Cátia conta sua história de vida e como surgiu a ideia de ter um canal sobre sexualidade.

Leonardo – Quem é Cátia Damasceno? 

Cátia – Cátia Damasceno é uma mulher batalhadora, que ama o que faz incondicionalmente (emocionada). O que mais está me afetando nesta pandemia é estar longe de meu público, longe dos meus palcos e longe de meu teatro, estou sentindo muita falta de tudo isso, porque eu amo as pessoas. Então, Cátia Damasceno é uma pessoa que ama incondicionalmente qualquer ser humano que quer ser feliz na vida. A forma que encontrei de ajudar as pessoas foi através de sua estima, de sua sexualidade e de seu relacionamento, acho que essa é a Cátia profissional. Além disso, sou mãe de 4 bebês lindos, sou esposa, sou filha e sou uma boa empreendedora.

Leonardo – Cátia, hoje, você possui um trabalho reconhecido em todo Brasil, como tudo começou?

Cátia – Eu trabalho com sexualidade faz 16 anos, sou fisioterapeuta por formação e fiz minha primeira pós-graduação em saúde perinatal. Daí montei um Day Spa, onde eu trabalhava com gestantes com preparação para o parto e recuperação pós-parto, eu ensinava as mulheres a fazer o fortalecimento do períneo (região interna da vagina). Muitas mulheres conversaram comigo que os exercícios também ajudavam na hora da relação, depois disso, comecei a estudar mais e realmente foquei o meu trabalho na questão da sexualidade. A vida foi me levando a isso, e eu, como boa empreendedora, não deixei a oportunidade passar.

Leonardo – Em seu livro Bem Resolvida, você conta sobre sua história. Convivência com seus pais conservadores, um casamento precoce, dois filhos e retrata até como se esqueceu de ser “mulher”, qual a maior dificuldade que você já passou para chegar em quem você é hoje?

Cátia – Vencer os meus próprios preconceitos, exatamente por ter um pai muito rígido de criação religiosa e militar. Quando comecei a trabalhar com a sexualidade, eu achava aquilo muito errado, achava que era pecado e que Deus iria me castigar por estar trabalhando com o pompoarismo. Por outro lado, eu tinha duas crianças para poder sustentar e não podia deixar de trabalhar para poder botar comida dentro de casa e poder pagar uma conta de água, uma conta de luz, porque, sim, meu amigo, já cortaram minha luz e minha água algumas vezes na vida, por não ter condições de pagar.

Durante os meus primeiros dois anos de trabalho, eu ainda tinha um preconceito comigo muito grande, 6 anos de estudo para falar sobre sexo? Que horror. Até que um dia eu fui para um chá de lingerie no sudoeste e eu estava com um crucifixo que meu pai me deu, assim que a mãe de minha amiga abriu a porta, ela perguntou ‘você reza’? Eu respondi de cara: ‘E você não dá, não?’. Naquele momento eu não entendi que a sexualidade não tinha relação com a sexualidade, mas depois de receber várias mensagens de mulheres falando como o relacionamento delas melhorou, comecei a entender que não trabalhava exclusivamente com sexualidade, mas também com relacionamentos e autoestima.

Leonardo – Vejo muitos fãs te chamarem de expert em quebrar tabus, você já comentou que fala sobre sexo como os economistas falam de economia. Como você desenvolveu esse essa fala simples e descontraída para falar sobre um tabu como o sexo?

Cátia – Foi algo que eu tive que aprender, sou uma comunicadora por natureza, é da minha característica, já fui professora de inglês por alguns anos e essa habilidade de dar aula foi me treinando a ser uma melhor comunicadora, inclusive, foi meu único emprego de carteira assinada (risos). O humor sempre fez parte da minha vida, eu sou assim, divertida, faço piada com tudo, tudo em minha cabeça tem conotação sexual, é terrível. Saindo do apartamento, vi uma propaganda de operadora “faça aqui sua internet móvel”, li motel e falei: ‘Gente, vão fazer um motel na porta do prédio’, minha cabeça é meio distorcida mesmo. É exatamente assim, por eu não ver nenhuma maldade e não ver nada de errado em falar sobre sexualidade.

Leonardo – Em comparação a países europeus, o Brasil é mais liberal em diversos assuntos, na sua opinião, por que o sexo ainda é tratado como tabu no país?

Cátia – Na verdade, nossa sexualidade não é mais bem resolvida que os de europeus, na Europa, as mulheres fazem topless sem nenhum problema, imagine fazer um topless aqui no Brasil. Na Europa e nos Estados Unidos, a sexualidade é trabalhada na escola, mas não acho que deve ser um papel exclusivo da escola, tem que ser algo conversado dentro de casa. Enquanto os pais não quebrarem esse bloqueio com eles mesmos e não conversarem com os próprios filhos e não conversarem em casal, nós ainda teremos muita dificuldade de falar sobre sexualidade no Brasil.

Leonardo – Você tem o blog Mulheres Bem Resolvidas, o que você aborda dentro dele?

Cátia – Temos textos semanalmente sobre tudo que você pensar sobre relacionamento, autoestima e sexualidade, os três pilares de meu trabalho. Também tem os cursos de pompoarismo feminino, pompoarismo masculino, o curso “mulheres bem resolvidas”, que é mais completo – ele possui 8 módulos, entre eles o módulo de pompoarismo, de massagem sensual, de danças sensuais, de masturbação, de autoestima, de relacionamento, de orgasmo e de sexo anal. Tenho o curso de sedução para a galera que está mais solteira, tudo vem vindo de acordo com a demanda do pessoal.

Leonardo – Você esperava chegar a essa patamar de ser reconhecida em todo Brasil, de ter um livro virtual com mais de um milhão de acessos, de ter escrito Mulher Resolvida e também ser o maior canal do mundo que fala sobre sexualidade?

Cátia – Eu nunca sonhei, nunca imaginei chegar até aqui, mas eu sou uma pessoa movida a desafios, uma vez que um desafio aparecer, eu penso em como faço para dar conta. Eu não perco uma oportunidade de forma alguma, eu sempre dou um jeito da oportunidade se tornar algo melhor. Uma coisa que sempre desejei, acho que nunca falei, foi ir no Programa do Jô Soares, uma coisa que sempre quis desde que comecei a trabalhar foi ir no Jô. Não sei como saí viva dali de dentro, achei que eu ia morrer com um troço no coração.

Leonardo – Qual é o próximo passo de Cátia Damasceno?

Cátia – Eu me pergunto isso sempre, conquistei tantas coisas, maior canal do mundo, livro escrito, programa na televisão, eu me pergunto o que mais posso fazer? Também não tenho essa visualização, mas sinto em meu coração que ainda não cheguei lá, que ainda tem muita coisa para ser feita. Quem sabe ter um programa só meu na televisão? Seria interessante de poder acontecer.

Leonardo – Qual a mensagem que você quer passar para todas as mulheres que te acompanham?

Cátia – Algo que eu fiz e que fez eu chegar onde cheguei, que é a busca pelo desenvolvimento pessoal, quando a gente buscar evoluir como pessoa e nos colocar em primeiro lugar, isso, para uma mulher, é um papel muito difícil, porque a gente sempre coloca as pessoas em primeiro lugar. Quando me coloquei em primeiro lugar dentro da minha vida, dentro dos meus relacionamentos com o meu marido, com os meus filhos e, hoje, com a minha mãe, as relações ficaram muito mais fáceis, porque estou focando na pessoa que consigo controlar, que sou eu mesma. Para isso, é preciso muito autoconhecimento e autodesenvolvimento, quando a gente se muda, conseguimos impactar e mudar as outras pessoas naturalmente. Depois que se descobre o nosso valor, não deixamos mais ninguém nessa vida abusar da gente. Se eu tivesse autoestima desde o começo, não teria vivido um relacionamento abusivo.

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Por Leonardo Almeida – Fala! UFBA

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