O filme Tempo, do diretor e roteirista M. Night Shyamalan estreou no dia 22 de julho de 2021 no Brasil, e de lá para cá, vem chamando atenção de alguns entusiastas dos filmes de suspense e terror. O longa, contudo, pode não ser o esperado, pois além de uma história única e, talvez, sem precedentes no gênero, ele constrói um nó na cabeça do espectador, que pode ser bem difícil de desfazer.
![Aaron Pierre, Nikki Amuka-Bird, Ken Leung, Gael GarcÌa Bernal e Vicky Krieps estrelam uma cena do filme Tempo.](https://catholicreview.org/wp-content/uploads/2021/07/20210723T1045-MOVIE-REVIEW-OLD-1505248-768x512.jpg)
Uma análise crítica de Tempo, novo filme de M. Night Shyamalan
Embora possua uma configuração intrigante e uma conclusão razoavelmente confiável, a longa parte intermediária de Tempo, do roteirista e diretor M. Night Shyamalan é, por sua vez, tediosa e caótica. Além disso, alguns dos desenvolvimentos difusos que ocorrem à medida que ele avança, tornam essa fantasia sombria inadequada para os jovens.
Quando começam as férias nos trópicos, o casal Guy (Gael García Bernal) e Prisca (Vicky Krieps) tentam esconder dos filhos Trent (Rio Nolan), de 6 anos, e sua irmã mais velha, Maddox (Alexa Swinton), que eles estão à beira do divórcio. Também há indícios no diálogo de que a família está enfrentando um desafio médico, bem como problemas conjugais.
Ansioso por diversão, o quarteto segue a sugestão do gerente anônimo de seu hotel (Gustaf Hammarsten) de que passem o dia em uma praia isolada nas proximidades. Nessa excursão, eles se juntam a um grupo de outros hóspedes do resort, incluindo o problemático médico Charles (Rufus Sewell) e sua bela esposa, Chrystal (Abbey Lee).
À medida que coisas aparentemente impossíveis começam a acontecer, o grupo descobre que o tempo está passando em um ritmo anormalmente rápido e que escapar do local pitoresco, que é cercado por altos penhascos, parece impossível. Quem tenta seguir o caminho que eles percorreram para chegar lá atinge uma barreira invisível e perde a consciência.
Há potencial na situação, mas Shyamalan quase nunca consegue capitalizá-lo. Enquanto Trent e Maddox, agora interpretados, respectivamente, por Alex Wolff e Thomasin McKenzie, enfrentam a súbita adolescência, seus pais, logo idosos, começam a ter a perspectiva da velhice. A deterioração de Chrystal, entretanto, está fadada a uma dura lição sobre vaidade.
Mais duvidosamente, Trent e Kara (Eliza Scanlen), filha de Charles e Chrystal, ensinam a si próprios os fatos da vida. Seu encontro acontece fora da tela, no entanto, com apenas a barriga crescendo de Kara evidenciando o que aconteceu, então não há exploração no estilo Lagoa Azul.
O roteiro de Shyamalan, adaptado da história em quadrinhos de Pierre Oscar Levy e Fredercik Peeters de 2010, Sandcastle, passa por vários becos sem saída antes de chegar a um final que, embora improvável, pelo menos faz mais sentido do que as explicações instáveis por trás de muitos filmes de terror. Naquela época, entretanto, o interesse do público já havia evaporado.
O filme contém um pouco de violência sangrenta, sangue coagulado, breve nudez traseira, uma gravidez fora do casamento, alguns palavrões, vários xingamentos mais brandos e pelo menos um uso de linguagem grosseira.
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Por Beatriz Seguchi – Fala! São Judas