A população brasileira possui origens diversas, tendo laços indígenas, africanos e até europeus. Com a diversidade se cria os mitos, misturando as características de todas as culturas. Separamos 5 grandes lendas brasileiras para apresentar.
1 – Curupira
Uma das lendas mais famosas em todo o Brasil, o Curupira é conhecido como o protetor da floresta. Sua história possui origem indígena, existem menções sobre o mito no século XVI.
O Curupira, normalmente, é retratado como um anão que possui os cabelos vermelhos e os pés ao contrário (com os calcanhares para frente). Além disso, destaca-se pela sua velocidade e alta força física.
Como protetor da floresta voltava-se contra todos aqueles que a destruíam e, por isso, era visto com grande temor pelos indígenas. Os indígenas acreditavam que o Curupira aterrorizava e matava aqueles que entravam na floresta para caçar ou derrubar árvores.
A lenda fala que o Curupira adorava receber fumo e cachaça como presentes. Além de aterrorizar os caçadores, o curupira também era responsável por fazê-los se perder na floresta e esquecer o caminho pelo qual sairiam dela.
Origem do nome
“Curupira” é origem do tupi e existe divergência entre os especialistas a respeito do seu significado. A definição mais conhecida é a que determina que curupira significa “corpo de menino”, mas existem outras definições, como “coberto de pústulas” ou “pele de sarna”.
2 – Mula sem Cabeça
A mula sem cabeça é uma lenda do folclore brasileiro bastante conhecida pelo território nacional. Não possui origem definida, mas, segundo alguns pesquisadores, apesar de ter origem desconhecida, a lenda fez parte da cultura da população que vivia sob o domínio da Igreja Católica.
O mito é literalmente uma mula sem cabeça, que solta fogo pelo pescoço, local onde deveria estar sua cabeça. Possui, em seus cascos, ferraduras que são de prata ou de aço e apresentam coloração marrom ou preta.
Segundo a lenda, qualquer mulher que namorasse um padre seria transformada em um monstro. Dessa forma, as mulheres deveriam ver os padres como uma espécie de “santo” e não como homem. Se cometessem qualquer pecado com o pensamento em um padre, acabariam se transformando em mula sem cabeça.
O encanto só pode ser quebrado se alguém tirar o freio de ferro que a mula sem cabeça carrega, assim, surgirá uma mulher arrependida pelos seus “pecados”.
3 – Boto Cor-de-Rosa
A lenda do Boto cor-de-rosa é um mito indígena que faz parte do folclore brasileiro. Surgiu na região amazônica, no norte do país.
Diz a história que o Boto-cor-de-rosa, um animal semelhante ao golfinho e que vive nas águas amazônicas, se transforma em um jovem belo e elegante nas noites de lua cheia.
O homem que surge do Boto-cor-de-rosa é totalmente comunicativo, galã e conquistador. Ele escolhe uma moça bonita, a leva para o fundo do rio, a engravida e depois a abandona.
Na manhã seguinte, ele se transforma em boto de novo. Por muitas vezes, esta lenda é utilizada para justificar a gravidez fora do casamento. Costumam dizer que a criança é “filha do boto” quando o pai é desconhecido.
Geralmente ele aparece nas comemorações dos santos populares, como Santo Antônio, São João e São Pedro, as conhecidas Festas Juninas. Ele aparece vestido de branco e com um chapéu cobrindo as suas narinas, já que a sua transformação não é total.
Filme Ele, o boto
A lenda do boto cor-de-rosa fez surgir o filme Ele, o Boto, com a direção de Walter Lima Jr. O filme foi lançado em 1987.
4 – Lobisomem
Frequente em histórias do mundo todo, o Lobisomem possui origem europeia, mas também participa do folclore brasileiro. Aqui no Brasil, o mito possui diversas variações regionais.
A lenda do lobisomem o define como um ser – parte homem, parte lobo – que foi amaldiçoado com a licantropia (ato de transformar-se em lobo). Aquele que é amaldiçoado, transforma-se no lobisomem nas noites de lua cheia. Algumas variações da lenda falam que a licantropia foi resultado de um pacto de um homem com o diabo.
Uma vez transformado, a pessoa parte freneticamente à procura de vítimas para matá-las e se alimentar do sangue delas. A cultura popular moderna alastrou a ideia de que o lobisomem é vulnerável somente à bala de prata ou a objetos cortantes feitos também de prata. Assim, a única forma de matá-lo seria por meio de objetos feitos desse metal.
Lobisomem Brasileiro
Essa lenda no folclore brasileiro acabou adquirindo elementos presentes na sua versão portuguesa. Assim, era comum acreditar que o lobisomem era o homem nascido depois que a mãe tivesse sete filhas – embora versões da lenda falem que se nascessem sete filhos homens, o oitavo filho também seria um lobisomem.
No norte do Brasil, o lobisomem era o homem que tinha a saúde debilitada e aquele que fosse anêmico acabaria transformando-se nele. Uma vez transformado, alimentaria-se do sangue de outros humanos para compensar a pobre dieta como um deles. A transformação aconteceria nas noites de quinta-feira para sexta-feira.
No sul, por sua vez, o fato que transformava o homem em lobisomem era o incesto. No Brasil, não houve registro no folclore da crença na transformação de mulheres em lobisomens. Em nosso folclore, somente os homens tornam-se lobisomens.
Outra crença relacionada ao lobisomem no Brasil é que, no interior do São Paulo, acreditava-se que esse ser tentava invadir as casas para comer as crianças. Muitos acreditavam que o lobisomem ia atrás, especialmente, de crianças não batizadas.
5 – Saci Pererê
Último da lista e, provavelmente, a lenda mais conhecida do Brasil, a história do Saci Pererê. Foi influenciado por elementos das culturas africana e indígena. Surgindo no sul do país, ficou nacionalmente conhecido por influência de Monteiro Lobato.
O Saci pererê é um ser mítico que habita as florestas e tem como grande característica o fato de ser travesso e pregar peças nas pessoas. Ele é um ser pequeno, possui apenas uma das pernas e com cerca de meio metro de altura, embora existam versões da lenda que falem que ele pode chegar a ter três metros de altura, se quiser.
É conhecido também por não possuir cabelos e nem pelos corporais, usar um gorro vermelho na cabeça e praticar o hábito do fumo pelo cachimbo. Algumas versões da lenda apresentam-no com olhos vermelhos, enquanto outras não trazem essa característica.
Uma das práticas mais comuns realizadas pelo saci é o ato de incomodar os cavalos, principalmente durante a noite. Conta-se que o Saci costuma sugar o sangue dos cavalos, além de amedrontá-los durante a noite, então sempre que os cavalos estiverem agitados à noite é porque um saci esteve lá. Um sinal de que de fato um saci tenha feito de suas travessuras com os cavalos são os nós e tranças que podem ser encontrados em suas crinas.
O Saci também costuma incomodar os viajantes que encontra pela estrada. Ele assovia um som bem estridente que atormenta-os e deixa-os incomodados por não saberem de onde e de quem vem tal som. Além disso, costuma derrubar os chapéus usados pelos viajantes, danificar o freio das carroças, entre outras travessuras.
O saci também invade as casas para fazer suas brincadeiras. Ele pode queimar as comidas que estão sendo feitas, azedá-las, se já estiverem prontas, além de desaparecer com objetos, apagar a luz das lamparinas e outras travessuras. O redemoinho já foi visto por muitos como obra do saci para levantar a folhagem e espalhar sujeira.
Durante esse fenômeno, a lenda conta, é possível capturar o saci. Para isso, basta lançar um certo tipo de peneira no meio do redemoinho. Aquele que captura o saci deve retirar o gorro de sua cabeça para que ele perca seus poderes sobrenaturais. O último ato é aprisioná-lo em uma garrafa com uma cruz desenhada nela. O objetivo dessa é impedir sua fuga.
Dizem que o Saci vive por 77 anos, depois ele pode se transformar em um cogumelo venenoso ou em um cogumelo encontrado nas árvores “orelha-de-pau”.
E assim se encerra a lista das 5 grandes lendas brasileiras, lembrou de alguma? Deixe nos comentários!
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Por Leonardo Almeida – Fala! UFBA