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Análise: a Convocação da Seleção Brasileira

Por João Guilherme e Natanael Oliveira – Fala!PUC

 

Destrinchando uma das principais candidatas ao título da Copa do Mundo


O Responsável pelo resgate da seleção (Fonte: Galácticos Online)

Goleiros:

Alisson (Roma-ITA), Ederson (City-ING) e Cássio (Corinthians-BRA)

Laterais:

Danilo (Manchester City-ING), Fagner (Corinthians-BRA), Marcelo (Real Madrid-ESP) e Filipe Luís (Atlético de Madrid-ESP)

Zagueiros:

Miranda (Internazionale-ITA), Marquinhos (Paris Saint-Germain-FRA), Thiago Silva (Paris Saint-Germain-FRA) e Geromel (Grêmio-BRA)

Meio-campistas:

Casemiro (Real Madrid-ESP), Fernandinho (Manchester City-ING), Paulinho (Barcelona-ESP), Renato Augusto (Beijing Guoan-CHN), Fred (Shakhtar-UCR), Philippe Coutinho (Barcelona-ESP) e Willian (Chelsea-ING)

Atacantes:

Neymar (Paris Saint-Germain-FRA), Douglas Costa (Juventus-ITA), Gabriel Jesus (Manchester City-ING), Roberto Firmino (Liverpool-ING) e Taison (Shakhtar-UCR)

 

Esses são os 23 representantes da seleção brasileira, revelados na convocação de Tite no dia 14 de maio. O momento foi acompanhado com muita ansiedade por todos os amantes de futebol, já que além de saber os 23 nomes convocados pelo senhor Adenor no maior evento futebolístico do mundo, havia uma expectativa por alguma surpresa na convocação – como se Luan e Arthur, ambos do Grêmio, seriam ou não selecionados para defender a seleção canarinho.

Criticada por alguns veículos esportivos pela presença não unânime de nomes como Fagner, do Corinthians, e Taison, do Shakhtar, resolvemos destrinchar a o selecionado de Tite, fazendo uma comparação com os jogadores da Copa de 2014 e analisando o papel que os jogadores podem exercer dentro do esquema tático imposto pelo ex-treinador corintiano. Além disso, destacamos os jogadores que atuam no futebol brasileiro e levantamos os números e estatísticas dos convocados por Tite na temporada por clubes e os seus históricos pela seleção mais vencedora do mundo.

As pontes entre convocações de 2014 e 2018

Visando ter uma visão mais aprofundada sobre a atual seleção brasileira, temos que olhar para trás e analisar o Brasil de 2014, mundialmente conhecido pelo resultado histórico nas semifinais da competição, o inesquecível 7 x 1 para a equipe que futuramente se sagraria tetracampeã mundial: a Alemanha.

O Brasil convocado por Felipão para a Copa disputada em casa era formada por:

Goleiros

Jefferson (Botafogo), Júlio César (Toronto) e Victor (Atlético-MG).

Zagueiros

Dante (Bayern de Munique), David Luiz (Chelsea), Henrique (Napoli) e Thiago Silva (PSG).

Laterais

Daniel Alves (Barcelona), Maicon (Roma), Marcelo (Real Madrid) e Maxwell (PSG).

Meio-campistas

Fernandinho (City), Hernanes (Inter), Luiz Gustavo (Wolfsburg), Oscar (Chelsea), Paulinho (Tottenham), Ramires (Chelsea) e Willian (Chelsea).

Atacantes

Bernard (Shakhtar), Fred (Fluminense), Hulk (Zenit), Jô (Atlético-MG) e Neymar (Barcelona).

Seleção Brasileira em sua estreia na Copa 2014, contra a Croácia

Destes jogadores, só seis já tinham disputado Copas do Mundo (Júlio César, Daniel Alves, Maicon, Thiago Silva, Ramires e Fred), e Felipão testou 55 jogadores ao longo do período pré-copa. Dos convocados, só 4 atuavam em times brasileiros (Jô, Fred, Jefferson, Victor).

Como dúvida, o então técnico da seleção tinha o terceiro goleiro, os laterais reservas, um zagueiro e um meio-campista, tendo sido o zagueiro Henrique (atuava no Napoli) a maior surpresa da lista, e o time com maior número de convocados foi o Chelsea, com 3 jogadores.

Em relação a seleção convocada por Tite, seis jogadores já haviam jogado outra Copa do Mundo (Marcelo, Thiago Silva, Fernandinho, Paulinho, Willian e Neymar), e Tite testou 64 jogadores no período pré-copa. Dos convocados, só 3 atuam no futebol brasileiro, e são eles: Geromel, do Grêmio e, Fagner e Cássio, ambos do Corinthians.

Como dúvida, restavam o terceiro goleiro, o lateral esquerdo reserva e os dois laterais direitos, um zagueiro, um meio-campista e um atacante, tendo como “surpresas” o Taison (estava sendo convocado) e a não convocação de Arthur, do Grêmio. O time com maior número de convocados foi o Manchester City, com 4 jogadores (Ederson, Fernandinho, Danilo e Gabriel Jesus).

Neste âmbito de comparação, também vale destacar qual era a situação dos dois times com mais jogadores convocados na época da Copa, no caso, Chelsea em 2014 e Manchester City em 2018. No ano em que a Copa foi disputada no Brasil, o Chelsea não alcançou bons resultados na temporada 13-14, tendo sido apenas o terceiro colocado na Premier League e eliminado na semifinal da Liga dos Campeões, além de o time de José Mourinho não ter conquistado nenhuma das copas disputadas na Inglaterra.

Tratando do City da temporada 17-18, a equipe de Manchester quebrou alguns recordes na Premier League, como o de pontos conquistados numa mesma edição da competição (100 pontos), além de ter sido campeã do campeonato inglês. A eliminação nas quartas de final da Champions, apesar de frustrante, não apagou o bom ano da equipe de Pep Guardiola, que ainda sagrou-se campeã da Copa da Liga Inglesa. Guardiola que é, inclusive, uma das maiores inspirações para o desenvolvimento do esquema tático de Tite.

Ainda sobre a comparação entre estas duas seleções, podemos perceber, na convocação do técnico multicampeão comandando a equipe do Corinthians, uma coerência muito grande, onde ele tem praticamente um time A e um time B, com características muito parecidas. O que não aconteceu com a seleção escolhida por Luiz Felipe Escolari, que levou para a Copa jogadores de características muito diferentes, complicando o time nos momentos de substituição durante as partidas.

Esquema tático da Seleção Brasileira de Tite

Esquema tático utilizado por Tite no amistoso contra a Rússia (Fonte: Papo Tático)

Tite usualmente utiliza a formação tática do 4-1-4-1, inspirado pelo Manchester City de Guardiola, e esse esquema já havia dado certo com ele no Corinthians, onde ganhou quase tudo que disputou. O esquema muitas vezes varia para um 4-2-3-1, dependendo de como a partida e a seleção brasileira se comportar no momento.

A presença de jogadores como Fernandinho e Paulinho se torna essencial pelos seus papeis táticos dentro de campo, pois exercem mais de uma função no meio-campo.

A equipe brasileira se mostra segura defensivamente, além de demonstrar uma boa compactação nas partidas. Toques de bola rápidos e precisos se mostram uma das características marcantes dessa seleção comandada pelo senhor Adenor.

O esquema tático da seleção também pode ser uma das explicações para a não convocação de alguns jogadores, como o caso de Luan, do Grêmio. Muitos jornalistas esportivos destacaram que a ausência do atacante na lista de Tite deve-se a ele não se enquadrar em nenhuma posição do setor ofensivo, uma vez que em seu clube ele não tem uma posição fixa, ficando assim sem espaço entre os convocados.

Contudo, outros analistas de futebol também ressaltaram o fato de que um jogador como Luan, que não se enquadra dentro do esquema, poder mudar a estrutura do time durante o campeonato e assim passar a confundir a defesa das equipes adversárias, como aconteceu nas Olimpíadas de 2016. Na ocasião, o atacante do Grêmio foi selecionado por Rogério Micale para entrar no lugar de Felipe Anderson (Lazio), e assim acabou com a previsibilidade do ataque da seleção Brasileira, que foi a campeã das Olimpíadas disputadas no Brasil.


Analise de jogadores

Alisson: Goleiro revelado pelo Internacional, ganhou projeção global atuando pela Roma por suas defesas milagrosas, salvando a equipe italiana em vários momentos durante a temporada, e chamando a atenção de gigantes europeus, como o Liverpool e o Real Madrid. Disputando a vaga de titular com o Ederson, ele tem prioridade no gol pelo técnico Tite.

Ederson: formado na base do São Paulo, foi contratado essa temporada pelo Manchester City de Guardiola, fazendo parte da equipe que fez historia na Premier League, conquistando o campeonato mais disputado do mundo com 100 pontos. Além da óbvia qualidade com as mãos, ele também se destaca com a bola nos pés, uma habilidade muito valorizada em um goleiro moderno.

Cássio: nome de confiança de Tite e vivendo um bom momento no Corinthians desde o ano passado, o goleiro tem como trunfo a sua envergadura e a capacidade de defender pênaltis, destacando-se em relação a nomes como Neto, do Valencia.

Danilo: originalmente lateral, o jogador do Manchester City atuou com Guardiola em seu clube também como zagueiro, aproveitando sua alta estatura; e além disso, ele foi, juntamente com Fred, um dos jogadores mais contestados pela grande mídia esportiva brasileira.

Fagner: talvez o último nome a ser decidido por Tite devido a contusão do lateral direito titular Daniel Alves, o jogador do Corinthians ganhou a disputa direta com Rafinha, que defende a camisa do Bayern de Munique. A confiança do técnico da seleção no lateral também, assim como na convocação de Cássio, foi de suma importância, uma vez que ele já foi comandado por Tite no Corinthians. Marcado tanto por sua qualidade de marcação como por seus bons cruzamentos, Fagner é muito constante em seu clube, mesmo que ainda seja muito criticado, na maioria das vezes por torcedores, por seus excessos em algumas disputas de bola.

Marcelo: mesmo sendo o titular absoluto da lateral desde a copa de 2014 e quase por unanimidade considerado o melhor lateral esquerdo da atualidade, o jogador do Real Madrid já confessou que gosta também de atuar como meio-campista, o que pode ser uma opção para mudança de esquema para a seleção de Tite.

Felipe Luís: Uma das vagas mais disputadas do elenco brasileiro, Felipe Luís ganhou a briga contra o Alex Sandro, da Juventus, por uma vaga na seleção de Tite. O jogador do Atlético de Madrid é muito conhecido por sua aplicação tática e seu grande poder de marcação, característica intensificada principalmente pelo seu treinador no clube espanhol, o argentino Diego Simeone.

Geromel: Considerado o melhor zagueiro atuando no futebol brasileiro na atualidade e ganhador dos principais títulos nos últimos dois anos com a camisa do Grêmio, o zagueiro ainda ganhou destaque por sua maturidade em jogos de grande porte, como na final da Libertadores em 2017, em que se saiu campeão, e também na final do Mundial de Clubes, onde mesmo com seu time perdendo, sua atuação contra o Real Madrid de Cristiano Ronaldo foi muito boa. Além disso sua velocidade e técnica fizeram com que deixasse para trás nomes como Jemerson, Gil, e Rodrigo Caio.

Marquinhos: convocado como zagueiro, o Técnico da seleção assumiu que sempre viu nele um potencial para atuar também como lateral direito ou até primeiro volante, dada a sua qualidade de saída de bola, técnica e velocidade. Titular do PSG, agarrou as oportunidades dadas por Tite e hoje é titular quase que incontestável da seleção.

Miranda: zagueiro que fez extremo sucesso no São Paulo, ganhador do histórico tricampeonato brasileiro pelo Tricolor Paulista, atualmente atua pela gigante italiana da Inter de Milão. Disputa acirradamente a vaga de titular na zaga brasileira com Thiago Silva.

Thiago Silva: Considerado por muito tempo o melhor zagueiro do mundo, o capitão do PSG teve seu nome manchado durante a Copa de 2014, quando chorou durante uma disputa de pênaltis nas oitavas de final, contra a seleção do Chile. Perdeu sua posição de titular absoluto no Brasil, sendo reserva da dupla formada por Marquinhos e Miranda.

Fernandinho: o primeiro volante do Manchester City já atuou muitas vezes com qualidade na lateral direita, além de já ter sido testado por Tite como segundo volante, numa linha um pouco à frente da de Casemiro. Sua polivalência é um de seus trunfos para lutar pela titularidade na seleção.

Fred: com muita velocidade, potencial de marcação e bom passe, o volante do Shakhtar joga também como meio-campista, podendo substituir Paulinho ou até mesmo Coutinho na seleção. Seu nome foi muito discutido nas rodas esportivas por causa da preferência de Tite por sua convocação, excluindo da lista o Arthur, volante do Grêmio, e futuramente jogador do poderoso Barcelona, da Espanha. Mas nesta disputa, dois aspectos favoreceram Fred, a sua experiência em competições internacionais, como a Champions League, e as recentes lesões do volante gremista, que impossibilitaram que ele fosse testado por Tite na seleção.

Casemiro: Também formado na base do São Paulo, por onde se profissionalizou, Casemiro teve uma evolução espantosa em sua carreira, fazendo sucesso na Europa fardando camisas como a do Porto, de Portugal, e do extremamente vitorioso Real Madrid comandado por Zidane. Se destaca por sua qualidade nos lançamentos e desarmes precisos.

Coutinho: além de jogar na linha de 3 atacantes (tanto pelo lado esquerdo como pelo direito), o jogador do Barcelona, nos últimos jogos da seleção, vem substituindo Renato Augusto no meio-campo, abrindo espaço para William entrar no time. Agora adaptado ao time espanhol, Coutinho chega em grande fase para a disputa da Copa do Mundo.

Paulinho: multicampeão pelo Corinthians e homem de confiança de Tite, o volante brasileiro se destaca pelas suas arrancadas mortais, tanto que fez 9 gols essa temporada pelo Barcelona, além de brilhar com os seus desarmes. Titular absoluto e peça essencial do esquema tático brasileiro.

Renato Augusto: antes titular absoluto, hoje perdendo espaço no time, o jogador do Beijing Guoan pode substituir, eventualmente, Paulinho e atuar como segundo volante, dada a sua qualidade de passe.

William: O habilidoso ponta da equipe londrina do Chelsea, disputava a vaga de titular na ponta direita da seleção com o Douglas Costa. Famoso pelas suas arrancadas pela linha de fundo, chutes fortes e precisos de média distancia e seus dribles quase que imparáveis.

Neymar: o 10 do hexa. Indiscutível.

Douglas Costa: considerado um dos únicos jogadores reservas capazes de mudar a história de um jogo na Copa, o atacante da Juventus tem como principal característica a habilidade e explosão no um contra um. Como já colocado, disputa posição na seleção com William, e por muitos é visto como um “reserva de luxo” da equipe de Tite.

Taison: Duramente questionado por ter sido convocado no lugar do aclamado Luan, do Grêmio. Taison tem como principais características a velocidade, drible e seu papel tático dentro de um esquema que exige o acompanhamento constante dos laterais.

Gabriel Jesus e Roberto Firmino: os dois centroavantes convocados por Tite têm como uma das principais características a mobilidade, o que possibilita a utilização dos dois num momento de algum jogo (um deles mais centralizado, outro se movimentando mais), ou seja, ambos podem atuar também pelos lados do campo ocasionalmente. O jogador do City chega como titular para a competição, mas a ótima temporada de Firmino pelo Liverpool promete acirrar a disputa no ataque da seleção.


Análise de setores

Goleiros: Com todos eles vivendo uma grande fase tanto na Europa quanto no Brasil, os três goleiros convocados por Tite se mostram seguros e merecedores de suas vagas na seleção. Alisson e Ederson se destacam por jogar bem com os pés, além de serem referencias em suas respectivas equipes.  

Defesa: Apesar do sistema defensivo apresentar uma deficiência na bola aérea, tem uma velocidade de recomposição dos zagueiros notadamente rápida, além de serem extremamente compactos, e ter uma linha de impedimento segura. O trabalho do professor Tite nesse setor é notadamente trazido do sucesso em clubes, principalmente o Corinthians.

O setor está em geral bem servido dos seus zagueiros, tendo todos eles atuando em alto nível na Europa, mas com algumas deficiências na lateral-direita, principalmente após a ausência de Daniel Alves devido a uma lesão no ligamento do joelho direito, contudo o lado esquerdo está muito bem servido com Marcelo, o melhor da atualidade.

Meio: Com Casemiro protegendo bem a zaga, e Paulinho auxiliando tanto a marcação e apoiando os jogadores ofensivos no ataque com as suas arrancadas surpresas e infiltrações, a dupla de volantes da seleção transmite muita segurança para o restante da equipe, trazendo consigo um equilíbrio muito grande para o time e dando segurança ao setor ofensivo, principalmente para o meia Philippe Coutinho exercer o seu papel junto aos atacantes.

Ataque: Considerado o melhor setor da seleção, o ataque conta muita velocidade e habilidade nas pontas com William e Neymar, além do matador Gabriel Jesus enfiado entre os zagueiros adversários. Destaque também entre os reservas, já que Douglas Costa e Roberto Firmino tem grandes capacidades para entrar no decorrer de partidas truncadas e mudar o rumo do jogo.

AGENDA

GRUPO E
17 de junho, Rostov Arena (Copa do Mundo)
Brasil x Suíça

22 de junho, Estádio Krestovsky (Copa do Mundo)
Brasil x Costa Rica

27 de junho, Spartak Stadium (Copa do Mundo)
Brasil x Sérvia

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