Como as manifestações de 2013 e 2015 nos levam até o momento político atual e influenciaram o pensar do eleitorado
Texto por Beatriz Monique Nogueira da Silva – Fala! Anhembi
As manifestações que aconteceram 2013 e em 2015 no Brasil têm reflexos até hoje no andar da política. A crise que o país passa desde então ocorre pela polarização do discurso político, alimentado por conflitos ideológicos que se intensificaram naquela época. Em 2013 a luta era contra o aumento de 20 centavos nas passagens de ônibus de algumas capitais do país, e em 2015, contra o governo da então presidente Dilma Rousseff.
Em 2013 o movimento conhecido como ‘Jornada de Junho’ reivindicava a diminuição do valor do transporte público de algumas capitais, mas a proporção tomada foi tão representativa que mobilizou todo o país, passando a ser espaço para reivindicação de outras questões além do aumento da passagem. Movimentos sociais ganharam força e grupos políticos surgiram na época e se abraçando os discursos da população, que se encontrava desamparada, o que futuramente desencadeia uma série de fatores que guiam o rumo da política no Brasil até os dias de hoje.
Com a população ainda movida pelo sentimento de insatisfação política, outro ato importante aconteceu em 2015, com os protestos que defendem a Operação Lava Jato (investigações realizada pela Polícia Federal do Brasil, sobre um esquema de lavagem de dinheiro) e contra o governo da presidente Dilma Rousseff. Protestos esses que também tornaram-se palco para outras pautas e liderados por movimentos que nasceram das manifestações de 2013, como por exemplo, o Movimento Brasil Livre (MBL)..
Mesmo em proporção menor, os protestos de 2015 conseguiram derrubar o governo com apenas oito meses após sua reeleição. Com isso, o vice-presidente Michel Temer toma a posse do governo gerando outros insatisfações no país. Apesar da vitória pela queda do antigo governo, a população se manteve insatisfeita estimulando o que nos leva ao resultado das eleições de 2018.
Todos esse cenário que veio sendo construído nestes anos reflete um momento político indefinido em 2018. Já próximo às eleições, as apostas eram incertas o resultado era imprevisível e tínhamos um eleitorado que por parte lutava contra a vitória de um partido, alegando envolvimento com a corrupção, e por outra parte alegava que um dos candidatos violava os direitos humanos e negligenciava pautas sociais, e outra lado não identificar com o cenário político e se ausenta das discussões, mas também das votações, resultando no maior número de votos nulos desde 1989.
Depois do resultado inesperado das eleições, surge a incerteza quanto à forma de governar do presidente Bolsonaro, que vem quebrando protocolos e se envolvendo em brigas com o PSL (Partido Social Liberal), seu próprio partido.
“A eleições de 2018, para nós cientistas políticos, foi uma eleição muito diferente, o próprio sistema político errou. Foi tão esquisito que o único aliado dele era o PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro), e todo mundo de direita ou centro direita foi para o Alckmin, porque ninguém conseguiu prever que ele ganharia a eleição. Então esse que é o problema, ele ta governando do jeito que ninguém governava antes, vive perdendo votação no congresso de projeto de leis, e entre eles votam contra o governo. Elementos que antes constrangiam um presidente, fazendo com que ele agisse de um jeito mais previsível, ele não usa (Bolsonaro)” afirma Glauco Peres da Silva, professor de Ciência Política da Universidade de São Paulo (USP).
O momento político é delicado e incerto, não se sabe como e se o Bolsonaro conseguirá manter-se no cargo até o final do mandato, já que seu nome e de seus familiares tem sido vinculado em casos de suspeita de corrupção, em conflito com o próprio partido e é citado nas investigações da morte da vereadora Marilene Franco e seu motorista Anderson Gomes.