Quais os Riscos de Investir em Renda Fixa e na Poupança?

Quando o assunto é renda fixa, muitos investidores iniciantes acreditam estar trilhando o caminho mais seguro possível. Afinal, quem não gosta de ter previsibilidade, depósitos mensais garantidos e a sensação de que o dinheiro está “rendido” todo mês? A poupança então, é quase um porto seguro emocional para muitos brasileiros. 

Mas o que poucos entendem é que essa falsa segurança pode custar caro — principalmente quando se ignora o potencial de outras modalidades, como os investimentos em ações que pagam dividendos.

Neste artigo, vamos explorar como o comportamento do investidor brasileiro foi moldado por esses ativos tradicionais, os perigos por trás dessa comodidade e o que uma mente mais experiente nos ensina sobre estratégia de longo prazo.

Renda Fixa e Poupança: veja quais são os riscos. | Foto: Freepik.

O que muitos não percebem sobre renda fixa e poupança

No Brasil, a renda fixa e a poupança são vistas como sinônimo de segurança e estabilidade. No entanto, essa percepção pode mascarar riscos e limitações importantes, especialmente para quem busca construir patrimônio ou garantir uma renda mensal consistente ao longo dos anos.

O foco no patrimônio: um erro comum

Muitos investidores iniciantes se deixam levar pela valorização momentânea do patrimônio, celebrando quando o saldo da conta aumenta após uma alta do mercado. Mas esse comportamento pode ser enganoso. O valor do patrimônio é apenas uma fotografia de um instante específico do mercado, sujeito a oscilações e, muitas vezes, distante da realidade de lucros consistentes e recorrentes.

A verdadeira construção de riqueza, segundo uma visão mais fundamentada, está em buscar ativos que gerem proventos constantes, como dividendos. Não basta ver o patrimônio crescer no extrato; é preciso avaliar o que as empresas realmente entregam ao acionista em termos de remuneração.

Oportunidades e escolhas em diferentes cenários

Durante períodos de crise, como a pandemia ou momentos de instabilidade política, surgem oportunidades para adquirir ações de empresas sólidas a preços baixos. Exemplos como Banco do Brasil, Suzano, TRPL e Tietê mostram que, ao investir em empresas com histórico de distribuição de dividendos e atuação em setores perenes, é possível construir uma carteira de renda mensal robusta.

Por outro lado, empresas de setores voláteis ou fortemente dependentes de fatores externos — como companhias aéreas — oferecem riscos adicionais. Sua administração depende de variáveis que fogem ao controle dos gestores, tornando o fluxo de dividendos incerto e a previsibilidade dos resultados muito menor.

O perfil de empresas que pagam dividendos

É fundamental conhecer o perfil das empresas antes de investir. Empresas como Clabin, com tradição em distribuir dividendos e compromisso com seus acionistas, tendem a ser mais atrativas para quem busca renda fixa mensal através de proventos. Já outras, como Suzano, podem até prometer dividendos expressivos, mas raramente entregam resultados compatíveis com as expectativas.

Empresas do setor de energia, como TRPL e Tietê, são exemplos de negócios que mantêm políticas claras de distribuição de proventos e oferecem intervalos regulares para o pagamento de dividendos. Esse tipo de estratégia permite ao investidor planejar melhor seus recebimentos e buscar o chamado “dividendo inteligente”, adquirindo ações pouco antes da definição do pagamento.

A armadilha da gratificação imediata

O comportamento do investidor brasileiro muitas vezes é moldado pela busca de gratificações rápidas. A renda fixa e a poupança, ao entregarem rendimentos mensais, acabam “acostumando mal” o aplicador. O investidor se contenta com pequenos retornos periódicos, sem perceber que, ao longo dos anos, pode estar perdendo oportunidades de crescimento mais expressivo do patrimônio e da renda.

Curiosamente, muitos aceitam esperar anos para ver algum resultado na poupança, mas não têm a mesma paciência para investir em ações, onde o potencial de retorno é maior no médio e longo prazo. Essa diferença de postura revela a necessidade de uma cultura de investimento mais apurada e voltada para o futuro.

O verdadeiro papel do investidor

Construir uma carteira de renda mensal sólida exige disciplina, visão de longo prazo e escolha criteriosa dos ativos. 

Ao investir diretamente em ações de empresas que distribuem dividendos, o investidor se torna, de fato, um pequeno dono do negócio, participando dos lucros e do crescimento da empresa. Já ao investir em fundos, essa conexão direta com o negócio se perde, tornando o investidor apenas mais um cotista, distante das decisões e dos resultados práticos da empresa.

A renda fixa e a poupança: o “alpiste” mensal

“A renda fixa acostumou mal as pessoas. Elas te gratificam mensalmente.” Essa fala resume perfeitamente o pensamento de um investidor que enxerga além dos boletins de rentabilidade mensal. A cultura de retorno previsível, por menor que seja, modelou o comportamento de milhares de brasileiros.

A poupança, por sua vez, é ainda mais simbólica desse comportamento. “Ela te dá um alpiste todo mês.” O investidor acredita que está sendo recompensado — ainda que minimamente — sem precisar correr riscos. No entanto, se esse mesmo cidadão decidir aplicar por um, dois ou cinco anos na poupança, ele normalmente não aplica a mesma paciência ao mercado de ações.

E é aí que mora o problema: na bolsa, o investidor quer o lucro rápido, enquanto na poupança ele está disposto a esperar um ano por retornos irrisórios. A cultura do “já” impede muitos de aproveitarem os verdadeiros frutos do investimento de longo prazo.

Ações: investimento com visão de dono

Uma mudança de mentalidade começa quando o investidor deixa de se ver como “acionista minoritário” e passa a se enxergar como um pequeno dono da empresa. E esse é um divisor de águas.

“Você só se considerará um pequeno dono se tiver ações da empresa. Se tiver cotas de fundo, nunca vai se considerar dono.” Essa visão vai muito além do apego emocional; trata-se de comprometimento com a trajetória de uma empresa real, com todas as suas dificuldades e recompensas.

É por isso que o investidor experiente que transcrevemos evita ações de empresas altamente dependentes de decisões políticas, como companhias aéreas. Ele prefere ações de empresas com perfil mais perene, previsível e sustentável — como transmissoras de energia elétrica, empresas de papel e celulose ou geradoras que historicamente recompensam seus acionistas com dividendos consistentes.

A diferença entre contemplar o patrimônio e colher proventos

Outro ensinamento importante é não se apegar à valorização de curto prazo do patrimônio. Segundo o investidor, contemplar o patrimônio é pura fantasia. A valorização é apenas uma fotografia momentânea de mercado — pode mudar drasticamente com uma crise, uma eleição ou até uma pandemia.

O foco deve estar nos proveitos reais: os dividendos. “Eu não me avalio pelo patrimônio. Eu contemplo o produto que a empresa distribui: os proventos.” Essa filosofia é o que norteia suas decisões.

Não se trata de desejar que o mercado caia, mas sim de aproveitar boas oportunidades quando elas aparecem. Durante a pandemia, por exemplo, ele comprou ações da Transmissora de Energia Elétrica a preços baixos e colheu resultados expressivos posteriormente — tanto em valorização como em dividendos.

Perfil das empresas importa mais que o preço

Outro ponto que vale destaque é a importância de conhecer o perfil da empresa em que se investe. O investidor fez questão de comparar Clabin e Suzano, duas empresas do setor de papel e celulose. Enquanto a Clabin é conhecida por sua política clara de dividendos e pelo respeito aos seus acionistas, a Suzano, mesmo com grandes promessas, não entregou dividendos relevantes em 30 anos.

Isso nos leva à regra de ouro: não compre ações só pelo preço ou por modismo. Compre ações com base no setor em que a empresa atua, seu histórico de distribuição de lucros e sua capacidade de oferecer sustentabilidade e perenidade aos investidores.

A importância do dividendo inteligente

Outro conceito trazido com sabedoria é o chamado “dividendo inteligente”. Trata-se de comprar ações pouco antes da definição do pagamento de dividendos, de modo a maximizar o retorno sem precisar esperar um ano inteiro.

Essa é uma das estratégias que contribuíram para que ele construísse um patrimônio voltado para renda mensal passiva, sem depender dos fundos de investimento tradicionais, que focam na valorização de cotas e não necessariamente na distribuição de lucros ao cotista.

As lições da pandemia: foco no essencial

Quando perguntado sobre a maior lição da pandemia, a resposta foi certeira: não houve uma grande novidade, mas uma confirmação de que os fundamentos aprendidos antes funcionam mesmo em tempos extremos.

Ele reforça que o índice da Bolsa não deve ser a principal preocupação de quem investe. “O índice é uma carteira teórica que a Bolsa modifica a cada quatro, cinco, seis meses.” O foco deve estar nas ações que o investidor possui, naquelas que pagam dividendos e entregam resultados reais — independentemente das oscilações do Ibovespa.

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