Paradisíaco destino de férias, o Havaí é conhecido por suas praias, natureza preservada e beleza incomparável. Casa de pessoas de grande influência, como Barack Obama e Bruno Mars, o arquipélago gera mais de 16 bilhões de dólares e abriga em torno de 9 milhões de visitantes anualmente.
O Havaí é o estado mais novo dos Estados Unidos, adicionado em 1959. Antes da chegada do britânico James Cook, era um território habitado por navegantes polinésios nativos de outras ilhas no oceano Pacífico. As ilhas que hoje formam o estado foram oficialmente unificadas em 1810, pelo rei Kamehameha. Mesmo com a colonização sofrida e a sua classificação como estado dos EUA, os povos nativos conseguiram manter sua língua, o havaiano, como língua oficial, junto ao inglês.
Como o turismo tem prejudicado os nativos do Havaí
Por sua natureza e beleza impecáveis, o arquipélago logo virou uma referência de “destino ideal”, movimentando a economia do setor turístico do país. Apenas em janeiro de 2019, o estado recebeu 820.621 visitantes e lucrou 1.6 bilhões de dólares. Porém, por ser tão conhecido por seu turismo, às vezes é esquecido o fato de que esse destino de férias também é a casa de alguém.
Residentes do estado reclamam da falta de respeito que vem encontrando por parte dos turistas, seja em relação à natureza do local, à cultura ou aos descuidos em relação ao coronavírus, como não usar máscaras, principalmente em lugares fechados, já que o Havaí foi reaberto para turismo em outubro de 2020.
Em entrevista dada ao canal no YouTube Wake Up Matt, a diretora executiva do Museu Hale Ho‘ike‘ike Bailey Home, Sissy Lake-Farm, diz que um turista deve se portar como tal, respeitando seu lar. “Nós somos o povo da ‘aloha’, e isso não vai mudar. Mas, temos regras e compromissos, e precisamos deixar claro a todos que eles existem”, diz Sissy, e ainda ressalta: “quando se vai a um lugar que não é sua casa, você é um visitante, então se deve ir com respeito e honra, honrar onde você está visitando”.
Com toda essa fama e visitas ao longo do ano, era esperado que, em algum momento, existissem mais turistas do que moradores. Segundo um estudo da Universidade do Havaí, cerca de 40 anos atrás, a proporção “turista-residente” era de mais de dois residentes para cada um turista. Hoje, essa proporção é de um residente para cada seis turistas e trinta turistas para cada um nativo. Esse desequilíbrio alarmante só pode ser visto de forma diferente durante a pandemia, antes da reabertura para o turismo.
Desemprego e outras consequências
Em uma entrevista concedida ao portal SFGATE, Weigert, um residente da ilha Maui, disse: “De uma perspectiva local, foi incrivelmente tranquilo não ter turistas aqui. Lugares que deixamos de frequentar por estarem sempre cheios voltaram a ser nossos”. Jason Leanio, outro residente, declarou ao Honolulu Civil Beat Post: “Sei que precisamos do turismo, mas é bom andar nas ruas sem estarem cheias de carros alugados, ir à praia e não estar lotada e nem com cheiro de protetor solar. Precisamos de outra indústria para movimentar a economia”.
Mesmo movimentando a economia, grande parte do lucro não volta para o estado, e agora ele se depara com outro problema, a falta de emprego. O turismo é responsável por 21% dos empregos do arquipélago, então cargos como camareiras, guias e motoristas são comuns. Porém, como grande parte das corporações são de fora do Havaí, a maior parte do lucro vai para fora das ilhas, fazendo com que esses empregos não tenham o salário digno de suas funções. A fundadora da Conscious Concepts, Laurien Baird Hokuli’i Helfrich-Nuss, afirmou para o The New York Times que o povo havaiano agora pensa mais na qualidade do seu emprego, e não quantidade: “Agora, o povo local pensa ‘que ótimo que essa companhia está oferecendo empregos, mas que tipo eles são? São bons? Pagam bem?”.
Hoje em dia, tanto nativos quanto pessoas de fora tentam trazer visibilidade para o turismo no Havaí e como ele pode mudar, para ser visto novamente de forma positiva. Existem inúmeros conteúdos disponíveis na internet, sejam eles documentários, entrevistas, vídeos virais no TikTok ou threads no Twitter.
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Por Fernanda de Andrade Silva – Fala! Cásper