É uma coisa ser chamado por esquerdistas e liberais de fascistóide; não passa de elogio vindo da boca de comunistas – sim, pois todos aqueles à esquerda de Bolsonaro o são. Também é igualmente irrelevante, para a elite intelectual bolsonarista, quando o jornal mais influente do mundo reporta sobre as constantes ameaças de golpe dos aliados do Presidente, afinal, não é como se isso, mais que tudo, afastasse investimentos do país. Mas e quando, até mesmo sob seus próprios critérios, o Presidente da República falha?
Disse Bolsonaro, durante sua campanha:
O que vem sendo feito ao longo dos últimos anos? O presidente indica os seus ministros de acordo com interesses político-partidários, tem tudo para não dar certo. Qual a nossa proposta? É indicar as pessoas certas para os Ministérios certos. Por isso, nós não integramos o Centrão, tampouco estamos na esquerda de sempre, vamos escalar as pessoas certas.
Governo Bolsonaro após 18 meses
Um ano e seis meses depois, Moro, o Atlas da justiça, representante do que há de mais técnico no governo, dentro dos critérios dos bolsonaristas, demitiu-se, segundo ele, devido à tentativa do PR de interferir na Polícia Federal.
Luiz Henrique Mandetta, longe de ser perfeito, é um médico, equipado para liderar o Ministério da Saúde, mas foi demitido durante a pandemia por não ser subordinado o suficiente; Nelson Teich, substituto do anterior, esse sim, mais subordinado ao chefe, tinha como defeito, quem diria, ser médico, o que o impediu de continuar no Ministério, haja vista a insistência do Presidente em promover uma droga cuja eficiência não é provada.
Diante da perspectiva de Impeachment, Bolsonaro também tratou de ir ao fundo do Centrão comprar apoio em troca de cargos dentro da máquina estatal.
Nos Ministérios, Fábio Faria foi indicado recentemente à liderança do Ministério das Comunicações. Como Ministro da Saúde, no lugar dos antecessores, está Eduardo Pazuello, cujo mérito está em sua “experiência em logística”, justo, não fosse esta apenas uma desculpa para colocar outro Militar no governo.
Novamente: as práticas de Jair Bolsonaro não foram criminalizadas por ninguém além dele mesmo. Há uma dissidência entre o que falava o Bolsonaro candidato e o que faz o Presidente, mais:
Então qualquer presidente que porventura distribua Ministério, estatais, ou diretorias de banco para conseguir apoio dentro do parlamento, ele está infringindo o art. 85 do inciso dois da Constituição. Qualquer um pode, se eu, por exemplo, apresento no Ministério para um partido com objetivo de comprar voto, qualquer um pode então me questionar que eu estou interferindo no livre exercício do Poder Legislativo.
Também é de autoria dele a frase acima. Parece que à máxima “à mulher de Cesar não basta ser honesta, tem de parecer honesta”, Bolsonaro prontamente responde: “à mulher de Cesar não é necessário ser honesta nem parecer honesta, basta dizer que é honesta”.
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Por Luis Soares – Fala! UFPE