O ano de 2019 foi intenso quanto às diversas manifestações sociopolíticas que ocorreram pelo mundo, em especial no Chile e em Hong Kong. A antiga colônia britânica, hoje território autônomo no sudeste chinês, entendido como uma Região Administrativa da China, teve, a partir do dia 3 de abril de 2019, recorrentes protestos em oposição a uma lei de extradição, autorizada pelo Executivo local, que permitia cidadãos honcongueses a serem julgados pela justiça chinesa, a qual é entendida como rigorosa e violadora dos Direitos Humanos.
Fato é que tal autorização foi retirada em setembro do ano passado, mas isso não foi uma medida que cessou as reivindicações da população, que contava com apoios e pressões diplomáticas de países ocidentais, a exemplo do antigo próprio colonizador Reino Unido, dispondo de ideias em repúdio às arbitrariedades da ditadura e influência do presidente chinês Xi Jinping à vida de Hong Kong, que clama por democracia.
Como os protestos foram afetados pelo coronavírus?
Com a obrigatoriedade do isolamento social ao combate do Covid19 no mundo, protestos como o citado nessa matéria foram impedidos, dando um certo “fôlego” aos governos locais devido à força da Revolta dos guarda-chuvas (honcongueses utilizam tal objeto para se proteger da repressão policial). No entanto, isso não significou silêncio e tranquilidade na antiga colônia britânica, visto que as redes sociais e meios de plataformas digitais dão vozes a milhões de pessoas.
Os protestos com mais de 1 milhão de pessoas eram rotina nas ruas de Hong Kong, contando com figuras elementares e reconhecidas diante do povo, como o jovem e ativista Joshua Wong.
No meio virtual do Animal Crossing, jogo famoso do videogame Nintendo, cada indivíduo confecciona uma ilha, tendo libertado a decoração de espaços; o que aconteceu foram pessoas, a exemplo de Joshua, que caracterizou o local on-line com seus ideias políticos, com cartazes antigovernamentais em repúdio ao presidente chinês e à chefe do executivo de Hong Kong.
Carrie Lam é mandatária do governo honconguês, sendo ela mesma que passou e vem sofrendo diversas críticas da população local; foi a líder que aprovou a medida criticada em abril de 2019, demorando cinco meses para reconhecer o descontentamento popular.
De acordo com uma pesquisa formulada no mês de março pelo Instituto de Pesquisas de Hong Kong, mais de 63% dos habitantes locais clamam por sua demissão, além de outras diversas solicitações, como a criação de uma comissão independente que avalie a atuação da policia, causa que conta com mais de 78% de apoio na pesquisa.
Nas 13 primeiras semanas de protestos, Hong Kong já contava com mais de 1000 pessoas detidas; tal rigor fez com que inúmeras pessoas continuassem a ir constantemente às ruas, trazendo cartazes e guarda-chuvas em oposição à polícia ainda influente, questão que foi negada a qualquer custo por Lam, além do Governo não dispensar levar a julgamento os “presos políticos”, fato que ainda alimenta as tensões no local.
No início de maio, após o controle da doença no território autônomo que teve 1.103 casos confirmados e 4 mortes, os protestos voltaram com todas as forças, levando a novas prisões diárias, chegando a 200 por dia, incluindo jovens menores de idade.
A líder do Governo manteve suas diretrizes de intenso vigor na repressão policial, a qual visa combater a concentração de pessoas que seguem se agrupando em bairros famosos na luta, como o Mong Kok, na exposição de slogans e canções revolucionárias de “Glória a Hong Kong”, em alusão ao desejo de um governo mais democrático.
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Por Luiz Henrique Marcolino – Fala! Anhembi