O continente africano, diferente do que muitos ainda pensam, não é um conjunto unitário de povos e culturas. As sociedades espalhadas ao longo de toda terra têm características singulares e diversas, e contou com reinados importantíssimos para o fortalecimento e desenvolvimento do continente como um todo, chegando a ser conhecido como “a terra do ouro”. Abaixo, segue uma lista de 5 reinados que marcaram a história do continente.
Os 5 maiores reinados africanos
Cleópatra, a rainha do Egito
O reinado de Cleópatra, filha do rei Ptolomeu XII, foi o último e um dos mais importantes e prósperos do Egito Antigo. Nascida em Alexandria, teve uma educação baseada nas artes gregas da retórica e da filosofia. Estudou, provavelmente, na biblioteca de Alexandria e foi a única de toda sua dinastia a dominar a língua egípcia, enquanto a nobreza egípcia falava grego. Além disso, falava 9 línguas, possuía conhecimentos de matemática, astronomia e de poções. Era extremamente estrategista e inteligente.
Começou a governar o Egito em 69 a.C., com 17 anos, após a morte de seu pai, quando se casou com seu irmão, Ptolomeu XIII de apenas 13 anos. Durante seu reinado, o Egito passou por um intenso período de prosperidade e riqueza. Cleópatra construiu diversos templos e sinagogas, lidou com problemas precários de fome no reino por conta das poucas cheias no rio Nilo e mantinha uma boa comunicação com o povo egípcio, fruto da sua fluência na língua.
Cleópatra também manteve boas relações com Roma, evitando guerras e formando alianças importantíssimas, o que a diferenciava, entre as outras coisas, de outros Faraós. A partir da relação com os romanos, conheceu o general Júlio César, grande guerreiro e adorado pelos romanos, com quem teve um caso e um filho, Cesário.
Após a morte de César, ela conheceu Marco Antônio, com quem se casou logo depois, e eles passaram a ser o casal mais influente da época. Por conta de desavenças políticas, Marco Antônio e o sobrinho de César, Otaviano, iniciaram uma guerra em que Otaviano venceu.
Marco Antônio se suicida pois recebe notícias de que sua amada havia morrido e Cleópatra também o fez, para não ser pega como um troféu pelos romanos. Alguns relatos dizem que ela foi encontrada em cima de uma cama com roupas finas e ornamentos e jóias belíssimas e com um semblante calmo. Ela marcou a história do Egito para sempre.
Mansa Mussa: O homem mais rico da histórias
O reino de Mali era, inicialmente, um reino pequeno nas margens do rio Níger, que cresceu através das rotas comerciais por esse mesmo rio. Os soberanos (mansa – rei) eram figuras muito interessantes e o mais importante e influente deles foi Mansa Mussa.
Rei de Tombuctu, o rei Mussa ficou conhecido como sendo o homem mais rico da história. É ainda incerto o valor de sua fortuna, mas segundo a revista Time, Augusto César, o Imperador romano, tinha um patrimônio estimado em cerca de 4,6 trilhões, e foi o segundo homem mais rico do mundo, perdendo apenas para Mansa Mussa.
Histórias contam, ainda, que entre 1324 e 1325, ele realizou uma peregrinação até meca, a cidade sagrada muçulmana com uma caravana de milhares de pessoas. Em uma passagem na cidade do Cairo, Mussa teria distribuído tanto ouro para a população que o valor do metal da época se desvalorizou, e a cidade passou por um período de inflação gigantesco, tendo se recuperado só depois de 10 anos.
A Núbia e o reinado de Piankhy Peye
O reino de Kush, localizado na Núbia atual, foi um reino muito rico e importante para as civilizações em seus arredores, incluindo o Egito e Etiópia. Por séculos, as riquezas de Kush foram sendo levadas para o Egito e enriquecendo a sociedade: ouro, marfim, incenso, gado, escravos, e outros. Os egípcios se sentiram ameaçados pelo engrandecimento da civilização cuxita e conquistaram o povo, tornando Kush um vice-reino.
Por volta do ano 1.000 a.C., o monarca Piankhy Peye (ou Piiê) unificou Egito e Kush quando derrotou os assírios que lá estavam e fez, novamente, o reino de Kush ascender como uma uma civilização rica e independente, uma verdadeira potência. Peye traz consigo uma tradição muito importante, pois inicia a dinastia dos Faraós negros, que dura por cerca de 52 anos.
Ras Tafari, o Deus vivo
Em 1930, Tafari Makonnen foi coroado Imperador da Etiópia, cumprindo, para muitos, a profecia criada por Marcus Garvey, um dos maiores ativistas do movimento nacionalista negro. Garvey disse, em 1920:
Olhem para a África, onde um rei negro será coroado, anunciando que o dia da libertação estará próximo.
E então, 10 anos depois, Tafari chegava ao trono da Etiópia, sendo considerado o Deus vivo para os seus seguidores. Ele muda seu nome para Haile Selassie (que significa o poder da santíssima trindade). Salassie era um orador talentoso e tinha o objetivo de modernizar a Etiópia e inserí-la no contexto das organizações mundiais, o que levou a Etiópia a ser um membro oficial da Liga das Nações, em 1936.
Apesar de não ter sido bem-sucedido em administrar o seu país, sua influência para o movimento Rastafari é presente até os dias de hoje, tendo inspirado pessoas como Nelson Mandela, Luther King Jr. e Bob Marley. Ele foi tomado como o rei dos reis; muitos devotos viam nele um descendente direto do rei Menelik I, filho do rei Salomão e da rainha de Sabá, presentes nas histórias bíblicas no primeiro testamento, que teria iniciado a dinastia que comandava a Etiópia há mais de 3 mil anos.
Morreu em 1975, após um golpe militar no ano anterior, oficialmente de uma cirurgia na próstata, apesar de muitos acreditarem que os próprios militares o mataram.
Sonni Ali, o primeiro imperador de Songhai
Songhai foi o maior Império africano de seu tempo, pois dominou cerca de 1,4 milhão km². Sonni Ali Ber, seu primeiro imperador, dominou áreas como o Império Mali, um poderosíssimo Império. Ali reinou de 1464 a 1492 e prosperou entre as rotas fluviais do Marrocos, Egito e Tunísia. Ele negociava sal, ouro, âmbar, peles de animais, e outros.
A partir da segunda metade do século XIV, o Império do Mali entrou num lento processo de enfraquecimento devido a ataques estrangeiros, rebeliões internas e rivalidades dentro da corte. Liderados por Sunni Ali, o povo de Songhai se libertou das mãos dos Mali e conquistou, em 1468, Tombuctu. Ele pacificou seu reino e o desenvolveu, tornando-o uma referência para a África da época.
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Por Paulo Matheus – Fala! Universidade Federal Rural de Pernambuco