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Os 5 assassinatos mais chocantes da história do Brasil

Os piores crimes que abalaram o Brasil, casos que tiveram repercussão nacional e internacional. Aqui você vai relembrar os assassinatos que marcaram o país.

Suzane Von Richthofen filme
Suzane Von Richthofen. | Foto: Reprodução.

Maníaco do Parque

Francisco de Assis Pereira, também conhecido como Maníaco do Parque, é um assassino em série que estuprou e matou seis mulheres e tentou assassinar outras nove em 1998, no Parque do Estado, situado na região sul, em São Paulo.

Francisco teve uma infância conturbada cheia de traumas sexuais. Uma tia materna, Lara, teria supostamente o molestado sexualmente na infância e, por isso, ele ficou obcecado por seios. Já na fase adulta, um patrão o seduziu, o que levou a se interessar por relações homossexuais, além disso uma desilusão amorosa marcou sua vida. Ele viveu por mais de um ano com uma travesti, Thayná, que constantemente apanhava recebendo socos no estômago e tapas no rosto, exatamente o que ele fazia com as suas vítimas. 

Francisco já tinha sido convocado a depor junto ao Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa( DHPP) para esclarecer a utilização de uma folha em cheque em nome de Isadora Fraenkel que utilizara para comprar um capacete. Ele alegou que usou o cheque com o consentimento de Isabela, e sem a polícia saber que ela era uma das vítimas dele acabou  liberando.

Na época dos assassinatos, Francisco trabalhava como motoboy em uma empresa próxima à delegacia que investigou os crimes. O proprietário do estabelecimento relatou na época que o funcionário tinha atitudes estranhas que dias antes da visita a DHPP pediu demissão.

Francisco era extrovertido e tinha o poder de convencer as pessoas. Ele atuava no metrô, com frequência nas linhas atreladas a Jabaquara, onde abortava as vítimas e se concentrava em mulheres com aparentava tristeza, aquelas que andam de “cabeça baixa”. 

Após a saída de Francisco da empresa, o proprietário ligou para o DHPP e solicitou a visita do delegado no local. O proprietário relatou que havia descoberto um osso de costela bovina junto a um RG inserido na cerâmica do vaso sanitário dos banheiros da empresa, que foi descoberto depois de quebrado. A partir disso, a polícia fez uma conexão de Francisco com a vítima, Selma Ferreira Queiroz.   

Francisco tentou fugir para o sul do país, mas foi encontrado, confessou os crimes e deu a localização dos corpos que se encontravam no Parque do Estado. Inclusive, deu a localização da ossada de Selma, que não havia sido encontrada pela polícia no parque. 

Ele convencia as mulheres a subir na moto e levava para o meio do matagal, algo que impressionou a polícia, por que elas iriam sair com um homem que tinham acabado de conhecer? Durante o interrogatório ele afirmou que convencê-las era muito fácil, bastava falar aquilo que elas queriam ouvir. Francisco as elogiava, se identificava como caça-talentos de uma importante revista, oferecia um bom cachê e convidava as moças para uma sessão de fotos em um ambiente ecológico, e as vítimas aceitavam. 

Francisco foi condenado a 268 anos de prisão, mas será liberado em 2028, quando completar 30 anos de reclusão. Entretanto, os psiquiatras relataram que ele irá cometer os mesmos crimes novamente devido ao seu estado mental irreversível. Ele recebeu cerca de mil cartas de amor em um mês, se casou com uma admiradora, depois se separou após demonstrar para sua ex-noiva estranhas personalidades.

Caso Lucas Terra

Janeiro de 2001, Lucas chega em Salvador e logo procura uma igreja evangélica para frequentar, a igreja ficava a 100 metros da casa sua casa. Lucas virou assistente do Pastor Galiza e, a partir disso, o pastou começou a atormentar a vida do garoto.

Segundo as testemunhas o garoto era membro participativo  e o pastor Galiza ficou obcecado por Lucas em pouco tempo. O pastor se incomodava quando Lucas ficava próximo às garotas e sempre o convidava para dormir na igreja com outros garotos, algo que era desconhecido por Carlos Terra. Os superiores da igreja transferiram Galiza para outra instituição após descobrirem que ele havia dormido na mesma cama com Lucas, entretanto, Galiza continuou a visitar a Universal que Lucas frequentava.

Em 21 de março de 2001, Lucas Vargas Terra foi assassinado aos 14 anos, em Salvador. Lucas sofreu agressões sexuais e foi queimado vivo, supostamente pelo Pastor Silvio Roberto Galiza, um bispo, um obreiro e um segurança da sede da Igreja Universal em Salvador. O adolescente era temente a Deus e passava a maior parte do seu tempo dentro da igreja. Lucas era o filho caçula da família, fiel fervoroso da igreja evangélica e iria se mudar pra Itália. Antes de viajar, Lucas e seu pai foram para a cidade de Salvador para se despedir de amigos e parentes.

Na noite em que desapareceu, no dia 21 de março, o adolescente ligou de um telefone público para o pai, Carlos Terra,  avisando que estava com o pastor Silvio Roberto Galiza e, por causa do horário, iria dormir na igreja Universal, no bairro do Rio Vermelho, e, a partir daí, nunca mais deu notícias. Carlos Terra, pai de Lucas, percorreu a cidade a procura do filho. Durante as buscas, o pastor Silvio Galiza contou diversas versões sobre a última vez que viu Lucas. 

No dia 23 de março, foi encontrado um corpo dentro de um caixote queimado em um terreno baldio na Avenida Vasco da Gama. O pai de Lucas não teve coragem de reconhecer o corpo, mas um amigo disse que não era Lucas e as buscas continuaram. O corpo foi levado para o Instituto Médico Legal (IML), para realizarem o DNA.

A espera pelo resultado do exame durou quarenta e três dias, foi apontado que o corpo queimado era o de Lucas Terra, devido a uma mecha de cabelo e partes da roupa que ficaram intactas. Dias depois saiu o laudo da polícia confirmando as suspeitas. O laudo revelou que houve tentativa de asfixiar a vítima e depois foi carbonizado, isso impossibilitou de determinar a causa da morte, e se houve tentativa de abuso sexual.

A mãe de Lucas, Marion Terra, já tá estava morando na Itália e esperava a chegada do marido e do filho, mas até o momento ela não sabia do desaparecimento do filho. Ao saber da morte do filho, ela voltou imediatamente para o Brasil. Carlos Terra foi ameaçado, o que levou a pedir ajuda ao Ministério Público.

Em outubro de 2001, o inquérito foi concluído e Silvio Galiza passou a ser acusado pela morte de Lucas, mas não foi preso; isso ocorreu após o pai de Lucas acampar na porta do Ministério Público de Salvador. Os pais recorreram à ONGs de defesa dos Direitos Humanos e ao Ministério da Justiça. Houve um questionamento sobre os advogados caros de Galiza, de onde vinham os recursos financeiros sendo que Galiza morava na periferia.

Em 9 de junho de 2004,  Galiza foi condenado a 23 anos e 5 meses de prisão. Após recurso, foi reduzido para 18 anos e, depois, para 15 anos. O tribunal do júri considerou o crime como homicídio triplicamente qualificado, aceitou a hipótese que houve abuso sexual, matou e queimou a vítima.

Depois de ser entrevistado pelo Linha Direta, em 2006, Galiza aponta outra versão do crime e acusa o bispo Fernando Aparecido da Silva, o pastor Joel Mirando Macedo e o segurança Luis Claudio e diz que Lucas teria morrido por contar a ele que viu Joel Miranda e Fernando Aparecido em um ato sexual. Galiza disse que foi ameaçado por um advogado da Universal e foi subordinado a omitir fatos do crime.

O autor do crime é Galiza, mas seria impossível ele ter feito aquilo sozinho.

Disse o promotor Davi Gallo

Em outubro de 2007, a Igreja Universal do Reino de Deus foi obrigada a indenizar a família de Lucas com um milhão de reais por danos morais. Fernando Aparecido e Joel Miranda foram inocentados, em 2013, pela juíza Feliz Almeida, que alegou falta de provas.

Em setembro de 2015, os desembargadores decidiram levá-los a júri popular. Carlos Terra fez campanha pedindo o julgamento pelo júri popular até a sua morte, em fevereiro de 2019. O pai morreu em busca de justiça por tamanha crueldade que fizeram com o filho, mas a família Terra continua lutando por justiça.

Para mim, aquilo não era um caso terminado. Porque eu fiquei sempre com aquela sensação que tinha mais gente envolvida naquilo, mas como saber se o próprio pastor negava a autoria dele e jamais iria dizer…que alguém participou.

Afirmou a promotora Cleusa Boyda

Caso Richthofen

Suzane Von Richthofen morava com seu irmão, Andreas, e seus pais, Manfred e Marísia, em uma mansão no Brooklin. Ela era estudante de direito e namorava Daniel Cravinhos, os pais não aprovavam o namoro. Em 31 de outubro de 2002, Suzane, na época com 19 anos, assassinou brutalmente os pais com a ajuda de seu namorado e de seu cunhado Cristian Cravinhos.

Os pais foram assassinados com barras de ferro enquanto dormiam, na zona sul de São Paulo. Justamente em maio daquele ano, os pais proibiram o namoro de Suzane. Não sabe quais foram os motivos que levaram a jovem a assassinar os pais, até porque a história é repleta de mentiras e várias versões diferentes. 

Na noite do crime, Suzane e seu namorado levaram Andreas, o irmão mais novo de 15 anos, para passar a noite se divertindo em um cybercafé. Em seguida, o cunhado de Suzane se juntou a eles e foram para a mansão da família, o casal foi assassinado pelos irmãos Cravinhos a mando de Suzane.

Ela recolheu as barras de ferro encharcadas com o sangue e jogou seus documentos pelo quarto, para dar a entender que foi um latrocínio, afinal, eles conheciam a lei – Suzane estudava Direito e os irmãos Cravinhos já tinham cursado alguns semestre, mas não gostaram do curso. Cristian deixou uma arma próximo ao corpo do pai de Suzane. Eles levaram uma mala cheia de dinheiro, contendo entre 5 e 8 mil reais e forjaram álibis para que não fossem considerados culpados. 

Em todo momento a jovem mostrou-se fria e calculista, no enterro demonstrou sofrimento. Mas, após ser interrogada, acabou confessando e, depois disso, não demonstrou arrependimento.

Essa história terrível será retratada em dois filmes: A Menina Que Matou os PaisO Menino Que Matou os Meus Pais, devido às duas versões que foram dadas na época do caso. Os filmes seriam estreiados agora em 2020, mas foram adiados. Os três foram condenados, cerca de 39 anos de prisão para cada um, com regime semiaberto. Suzane Von Richthofen está no complexo penitenciário Tremembé.

Caso Isabella Nardoni

No dia 29 de março de 2008, uma garotinha de 5 anos morreu após cair do 6° andar de um edifício. A menina estava passando mais um final de semana com o pai (Alexandre Nardoni), a madrasta (Anna Carolina Jatobá) e seus irmãos mais novos. Os pais de Isabella compartilhavam a guarda dela. Ela morava com a mãe (Ana Carolina Cunha) e, nos finais de semana, ficava na casa do pai.

Isabella Nardoni era uma menina meiga, sorridente e todos a sua volta gostavam dela. Era apaixonada pelo pai, ela nunca poderia imaginar que um simples final de semana com o pai fosse virar uma tragédia.

O crime ocorreu às 23 horas do dia 29 de março para o dia 30, a polícia foi chamada pois havia ocorrido uma tentativa de roubo e uma criança foi arremessada da janela do apartamento do 6° andar do Edifício London, na Zona Norte de São Paulo. Ao chegar no local, a polícia se deparou com o corpo de uma menina de 5 anos caído no gramado do prédio e, em volta da menina, havia várias pessoas e algumas ligaram pra polícia, o pai e a madrasta de Isabella também estavam no local, mas não ligaram para polícia.

Os paramédicos tentaram reanimar o corpo durante 34 minutos, mas não obtiveram sucesso. Isabella chegou sem vida ao Hospital da Criança. Alexandre e Anna Carolina Jatobá foram questionados pelo fato de nenhum deles ter ligado para polícia ou aos bombeiros e o casal disse que, quando algo acontece, eles não tem o costume de ligar para polícia; a primeira pessoa que eles avisam é a família, mas não foram muito convincentes com essa resposta. 

A polícia pergunta ao casal o que aconteceu e eles contaram que entraram com o carro na garagem do prédio. O pai da menina falou que a filha estava dormindo dentro do carro, ele pegou a menina e subiu para o apartamento,  deixou Isabella dormindo no quarto e desceu para ajudar Anna Carolina Jatobá a subir com os outros filhos que também estavam dormindo.

Quando o casal volta para o sexto andar, vê a porta do apartamento aberta e, no quarto onde Isabella estava, a rede de proteção na janela estava cortada e eles viram o corpo dela estirado no chão no jardim. A versão do casal foi que alguém teria entrado na casa deles, roubado e jogado Isabella pela janela.

Logo após ver o corpo de Isabella, a polícia sai a procura de um suspeito e entra no apartamento procurando algum sinal de roubo, arrombamento, mas o que eles encontraram no apartamento foi muita bagunça, fraldas sujas pela casa toda e uma fralda dentro de um balde no banheiro como se estivesse lavada. Não havia indícios de luta corporal, não houve arrombamento e a hipótese de a própria Isabella ter cortado a rede de proteção foi descartada porque a rede era muito resistente, uma criança de 5 anos nunca conseguiria cortar, precisaria de uma ajuda de um adulto.

A polícia começou a questionar o casal se havia alguma pessoa que teria motivo para cometer o crime e eles citaram 28 pessoas, todas foram interrogadas e a polícia não achou nada. Entretanto, começou a suspeitar do casal e passou a investigar a vida deles, interrogando vizinhos e familiares. E descobriram que o casal brigava demais, que Anna Carolina Jatobá tinha ciúmes de Isabella e da mãe dela, e perceberam que o casal não estava preocupado com Isabella. Em nenhum momento perguntaram por ela, só perguntavam se já tinham encontrado o suspeito.

O laudo saiu e a autópsia revelou que  Isabella foi asfixiada antes de ser jogada pela janela. Ela tinha um único corte na testa, os dedos e a boca estavam roxos, a língua estava para fora, ou seja, ela tinha sinais que não foram provocados pela queda.

Aos poucos, a polícia foi juntando o quebra-cabeça e constatou que o ferimento na testa de Isabella foi causado dentro do carro quando todos estavam juntos, ela começou a sangrar dentro do carro e o sangue foi estancado com uma fralda que só foi retirada dentro do apartamento. Por isso, não havia sangue nos outros lugares e essa fralda foi lavada e deixada no balde dentro do banheiro.

Segundo os policiais, a ferida na testa de Isabella foi causada por Anna Carolina ainda dentro do carro. Ao chegar no prédio, Alexandre levou a menina até o apartamento, acompanhado da esposa e dos dois filhos ainda dormindo, e atirou Isabella no chão. A pequena tentou se proteger da queda e fraturou o braço. Ela ficou alguns minutos acordada, encostada no sofá da sala, até que Anna Carolina Jatobá agarrou Isabella mais uma vez e a asfixiou. Enquanto isso, Alexandre foi até a janela do quarto dos filhos e cortou a rede de proteção com uma tesoura. Ele ergueu a própria filha, já desacordada, e atirou seu corpo pela janela, soltando uma mão de cada vez.

No dia 3 de abril de 2008,  foi decretada a prisão  preventiva do casal. No dia 18, Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá são indiciados pelo homicídio de Isabella. Pouco tempo depois, em maio de 2008, o juiz aceita a denúncia do Ministério Público e decreta a prisão preventiva dos dois mais uma vez.

No início de 2009, o casal foi condenado por homicídio triplamente qualificado e fraude processual. Pelos crimes, Alexandre foi sentenciado a 31 anos de cárcere em regime fechado, enquanto Anna Carolina recebeu 26 anos de regime semiaberto, ainda que os dois nunca tenham se declarado culpados. A madrasta da menina pode sair em datas comemorativas e, atualmente, cumpre sua pena em Tremembé, no mesmo presídio que está Suzane Richthofen.

Caso Eloá

Eloá Cristina Pimentel estava com dois colegas e sua melhor amiga, Nayara Rodrigues, em um apartamento na ABC Paulista. No dia 13 de Outubro de 2008, Lindemberg Fernandes Alves, de 22 anos, ex-namorado da jovem Eloá, na época com 15 anos, planejava um sequestro. Lindemberg invadiu o apartamento de Eloá, motivado pelo fim do namoro, e manteve em cárcere privado ela e seus amigos. Os policiais  negociaram com o sequestrador e ele liberou o amigo de Eloá e o namorado de Nayara. 

No dia 14 de outubro, às 22h50, Nayara foi solta. Eloá, às vezes, aparecia na janela pra demonstrar que estava bem. No dia 15, os policiais mandaram Nayara de volta para o apartamento com a intenção da jovem conseguir negociar com Lindemberg, mas ele não libertou Nayara. No dia 17, os policiais da Tropa de Choque disseram ter ouvido um tiro dentro do apartamento, explodiram a porta e Lindemberg atirou na direção das duas reféns. 

O tiro que os polícias disseram ter ouvido foi o barulho de uma mesa que Lindemberg arrastou até a porta, com isso, a polícia se precipitou e explodiu a porta que não caiu de imediato, pois tinha uma mesa impedindo e, nessa hora, deu tempo de Lindemberg disparar contra Eloá e Nayara.

Nayara levou um tiro no rosto, foi a primeira a chegar no hospital e conseguiu sobreviver. Eloá foi baleada na cabeça e na virilha, foi carregada até o Centro Hospitalar de Santo André em estado grave. No dia 18, às 23h30 foi dada a morte cerebral de Eloá, a família autorizou a doação de órgãos.

O sequestrador foi preso e, em janeiro de 2009, o juiz determinou que Lindemberg iria para júri popular. O julgamento ocorreu dos dias 13 ao 16 de fevereiro de 2012 e foi considerado culpado por 11 crimes: um homicídio, duas tentativas de homicídio, cinco cárceres privados e quatro disparos de arma de fogo e foi condenado a 98 anos e 10 meses. O sequestro durou 4 dias e ficou conhecido como o sequestro mais longo do Brasil.

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Por Crislaine Santos – Fala! UFBA

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