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’12 Anos de Escravidão’ – Abordagens e aprendizados no filme

12 Anos de Escravidão é um filme britânico-americano de 2013, ambientado completamente nos Estados Unidos da América. Estrelado pelo renomado ator inglês Chiwetel Ejiofor, a obra retrata a vida de Solomon Northup (baseado no livro real dele), um cidadão afro-americano residente em Nova York, casado, pai de dois filhos e “homem livre” (esse termo era utilizado, na época, para designar homens negros que eram ex-escravos e atingiram a liberdade após muitos anos de escravidão ou que já nasceram livres), que foi covardemente manipulado por um grupo de charlatões que o ofereceram um contrato temporário de emprego como violinista na região de Washington D.C, enquanto sua família passava alguns dias fora de casa.

O golpe se deu quando o protagonista, já em Washington, foi embriagado por esses golpistas e acordou, no dia seguinte, acorrentado em uma jaula suja e escura, percebendo, então, que ele havia sido sequestrado e estava sendo vendido como escravo. 

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Filme 12 Anos de Escravidão. | Foto: Reprodução.

Em seguida, veja alguns pontos importantes e discutíveis abordados nesse filme que se faz tão necessário:

1 – A cruel e desumana escravidão em sua forma mais pura

 A escravidão é, por natureza, uma prática abominável e criminosa abolida, em tese, por todas as nações do planeta. Porém, na época retratada no filme (em 1841, ou seja, século XIX), o sistema escravocrata era legalmente aceito e praticado ao redor do globo, permitindo com que Solomon seja vendido livremente como escravo.

Northup sofre, logo no início da prisão, com fortes chicotadas que chegam a rasgar sua pele e a expor a carne viva. Logo em seguida, ele é vendido como mercadoria a um senhor rico que até o trata bem, mas tem um ajudante que maltrata, xinga e discrimina Northup com forte ódio e rancor, chegando até a tentar enforcá-lo.

Em sequência, o protagonista é vendido a um perverso fazendeiro produtor de algodão que parece não ter qualquer tipo de piedade com seus escravos. Northup passou 12 anos, e disso sai o título do filme, sofrendo nas garras do sistema escravista norte-americano. Passando por momentos dolorosos nos quais, em um deles, é obrigado a chicotear uma escrava até quase dilacerar suas costas.

2 – A exploração sexual das mulheres escravas

O produtor de algodão citado no tópico anterior é o mais cruel dono de escravos que Northup teve a infelicidade de ter como proprietário. Na sua estadia com esse fazendeiro, o protagonista conhece Petzey, uma escrava colhedora de algodão que é frequentemente assediada pelo fazendeiro ao começar a se destacar pelas centenas de quilos de algodão colhidos por dia (mais do que os escravos homens considerados mais fortes).

Petzey é tratada como “a menina de ouro” pelo dono, que começa a acaraciá-la mais frequentemente com o objetivo de satisfazer os seus desejos sexuais. Ela é forçada várias vezes a ter relações sexuais com o proprietário na calada da noite, enquanto descansava, já que ele invadia o local onde os escravos dormiam à procura dela.

3 – A religião cristã como justificativa para a escravidão 

Em um tenso diálogo já no meio para o fim do filme, o fazendeiro cruel argumenta que Deus (nesse caso, o Deus cristão, já que ele cita a bíblia sagrada do cristianismo) aceita que os seres humanos tenham escravos, como uma forma de legitimar o sistema escravocrata.

O senhor cita um trecho da bíblia que diz, resumidamente, que o homem tem o direito de fazer o que bem entender com suas posses, concluindo, assim, que ele se diz no direito de ter, maltratar e realizar todos os tipos de ações desumanas com os seus escravos. Essa questão perdura até os dias atuais, pois o ser humano continua utilizando a bíblia para justificar e mascarar seus preconceitos.

Para concluir, é importante ressaltar que, por mais que a obra 12 Anos de Escravidão seja retratada em uma época diferente da atual, as questões sociais discutidas hoje em dia interligam-se com o período da história onde o filme é colocado.

A temática do racismo, por exemplo, ainda é discutida fortemente atualmente, ou seja, ainda temos que dialogar sobre um tipo de discriminação que já deveria ter sido exterminada há décadas, deixando claro que a sociedade ainda tem muito o que aprender, por exemplo, com o cinema. 12 Anos de Escravidão propõe uma reflexão: nada mudou de 1841 pra cá.

https://www.youtube.com/watch?v=Ad3Kk7-W3xw
Trailer do filme 12 Anos de Escravidão.

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Por Raul Holanda – Fala! UFPE

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