A revolta da vacina foi uma rebelião popular ocorrida em novembro de 1904, no Rio de Janeiro, em oposição à obrigatoriedade da vacina contra a varíola, proposta pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz (1872-1917).
Após a posse de Rodrigues Alves (1902-1906), as ruas do Rio de Janeiro se encontravam em uma situação insalubre, pois acumulavam-se toneladas de lixo. Dessa forma, o vírus da varíola se espalhava. Ratos e mosquitos, os grandes transmissores de doenças fatais como a peste bubônica e a febre amarela, que matavam milhares de pessoas anualmente, proliferavam-se.
Pensando em uma solução para combater as epidemias, o presidente nomeou o engenheiro Pereira Passos para prefeito, que logo iniciou a construção de alargamento de ruas, avenidas; e o médico bacteriologista Oswaldo Cruz como diretor-geral de saúde pública.
O objetivo do governo
O intuito da campanha era de combater o rato e o mosquito, transmissores das principais doenças. O governo anunciou que pagaria a população por cada rato que fosse entregue às autoridades. A tentativa não foi bem-sucedida, pois surgiram criadores dos roedores com o objetivo de obter uma renda extra. Devido a este acontecimento, o governo suspendeu a recompensa pela apreensão dos ratos.
Vacinação obrigatória
O médico sanitarista Oswaldo Cruz ficou famoso devido ao sucesso de controle contra a peste bubônica nos portos do Rio de Janeiro e Santos. Em 1903, ele foi nomeado pelo presidente como diretor-geral da saúde pública e tinha um grande desafio: combater a varíola. Logo, impôs a vacinação obrigatória contra a doença para todo brasileiro com mais de seis meses da idade. A campanha realizou-se com autoritarismo, com as casas invadidas, vasculhadas e nenhum esclarecimento sobre a importância da vacina e de higiene.
Em um tempo em que as pessoas tinham o costume de usar vestimentas que cobriam todo o corpo, a exposição dos braços era vista como “imoral”. Os funcionários da saúde pública, protegidos pelos policiais, invadiam as casas e vacinavam as pessoas à força. Descontentes com isso, algumas pessoas pregavam a resistência e que o cidadão tinha o direito de preservar o próprio corpo e não aceitar aquele “líquido estranho”.
Dos dias 10 a 16 de novembro de 1904, a população foi à rua para enfrentar os agentes da saúde e a polícia. O centro da cidade foi transformado em uma praça de guerra, bondes foram derrubados, edifícios depredados e muita confusão na Avenida Central (atual Avenida Rio Branco). A revolta popular obteve apoio de militares que tentaram usar a população insatisfeita para derrubar Rodrigues Alves, mas essa ação foi mal sucedida. Os “rebeldes” foram enviados ao Acre para realizar um trabalho forçado.

O desfecho da revolta da vacina
Diante da insatisfação popular, o presidente revogou a lei da vacina, tornando-a facultativa. Porém, com algumas condições: quem quisesse trabalhar, estudar ou casar tinha que tomar a vacina. Os casos de varíola começaram a cair e as pessoas passaram a procurar voluntariamente os postos de saúde. Por fim, a varíola foi erradicada no país oficialmente em 1971 e Oswaldo Cruz reconhecido como um “herói”.
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Por Isabella Martinez – Fala! Anhembi