O fungo Candida auris foi identificado pela primeira vez em 2009, no ouvido de uma paciente japonesa no Hospital Geriátrico Metropolitano de Tóquio, e até hoje é uma grande ameaça à saúde da população. Com o alerta emitido pela Anvisa no dia 7 de dezembro sobre o primeiro caso desse “superfungo” no Brasil, os brasileiros passaram a se preocupar com esse responsável por graves infecções hospitalares.

Início dos surtos do fungo pelo mundo
Apontado pela primeira vez em 2009 no Japão, o fungo já teve sua presença confirmada em diversos países. Segundo o Centers For Disease Control and Prevention (CDC), até fevereiro de 2019 foram registrados casos em mais de 20 países, entre eles Espanha, Paquistão, Inglaterra, Índia, Estados Unidos e Colômbia.
O primeiro surto na América Latina ocorreu na Venezuela, entre 2012 e 2013, com 18 pacientes infectados. Os Estados Unidos já tiveram 537 casos de Candida auris.
Doenças causadas
O C. auris é um tipo de fungo que pode causar infecções na corrente sanguínea, no sistema respiratório, no sistema nervoso central e nos órgãos internos.
A infecção pode ser contraída principalmente em hospitais, devido à aderência do micro-organismo em materiais hospitalares. Ela é considerada muito grave e difícil de ser identificada, e pode levar entre 30% e 60% dos pacientes ao óbito.
Resistência aos medicamentos
Uma característica marcante desse fungo é a sua grande resistência aos medicamentos habituais, sendo caracterizado como “superfungo”. Assim, o tratamento é feito atualmente com fungicidas menos comuns, mas que também estão começando a sofrer resistência do C. auris. Com isso, o tratamento dessas infecções está se tornando cada vez mais complexo.
Relação com o aquecimento global
Uma pesquisa recente publicada na revista mBio, da American Society for Microbiology, afirma que as infecções pelo C. auris aumentaram devido às mudanças climáticas.
Com o aumento da temperatura global nos últimos anos, o fungo teve que se adaptar a temperaturas mais altas para sobreviver. Desse modo, o seu desenvolvimento no corpo humano foi facilitado, já que este tem temperatura entre 36°C e 37°C.
Primeiro caso do fungo no Brasil
No dia 4 de dezembro, o C. auris foi encontrado no cateter de um paciente adulto internado na UTI em um hospital privado em Salvador, na Bahia. A amostra foi analisada pelo Laboratório Central de Saúde Pública Profº Gonçalo Moniz, em Salvador, e posteriormente pelo Laboratório do Hospital das Clínicas, em São Paulo.
A Anvisa afirmou que ela será submetida também a análises de sensibilidade, de resistência e sequenciamento genético. A Anvisa recomendou reforço de vigilância e outras medidas de prevenção e controle de um possível surto no país.
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Por Clarisse Claro – Fala! UFSC