POR LUANNA MARTINS
Cásper Líbero – um dos líderes dos meios de comunicação de sua época – adquiriu em 1943 a Rádio Educadora Paulista e a transformou em Rádio Gazeta, que em 15 de março passou a operar por meio do sinal da primeira estação de São Paulo, dando início a uma trajetória que já completou 70 anos de profissionalismo e alta qualidade. Desde seu início e até os dias de hoje a Rádio Gazeta pode ter sua história subdividida em três fases ou palavras-chave: elite, esportes e rádio universitária.
Inicialmente era conhecida como Rádio Gazeta – A Emissora de Elite. Não uma elite econômica, mas sim cultural, pois se dedicava a transmissão de música erudita: “As pessoas que ouviam a Rádio Gazeta não eram apenas da classe A, mas muita gente da classe B ou C que por alguma razão tinha gosto e afinidade pela música clássica e por isso ouvia os programas”, diz Irineu Guerrini Junior, professor de História da Rádio e da TV, em entrevista para o Jornal da Gazeta.
Para isso, Cásper Líbero contratou os melhores locutores e profissionais que o mercado da época oferecia, para produzir e proporcionar um trabalho de ponta. E foi o que aconteceu. Diferenciando-se das demais emissoras da época, logo de início a Rádio Gazeta continha orquestra sinfônica e coral lírico próprio, além de contar com pianistas e cantores de altos níveis. A maioria dos concertos eram exibidos ao vivo diretamente dos auditórios e no horário nobre a rádio transmitia programas de músicas clássicas.
Na era dos esportes
A partir dos anos 60 a Rádio Gazeta passa a ter uma programação mais voltada para o esporte. Com a televisão se tornando a principal fonte de informação e entretenimento, não só a Gazeta, mas todas as emissoras de rádio começaram a perder audiência, tendo que inovar e tomar novas medidas para que se mantivessem firmes nessa nova fase.
Com isso, a rádio deixou de transmitir programas de auditório ao vivo e, em vez das vozes líricas e das músicas clássicas, transmissões jornalísticas – principalmente esportivas – tomaram conta da emissora, que passou a ter o tema como marca, sendo associada a grandes eventos esportivos. Foi nessa época que a rádio também conquistou altos índices de audiência.
Aprendendo na prática
No dia 1º de junho de 2009 a Rádio Gazeta AM passou a ser dirigida pela Faculdade Cásper Líbero, e iniciou uma fase de projetos voltados para os universitários, o que perdura até hoje. Atualmente a maioria dos programas são realizados com a colaboração dos próprios alunos, que utilizam a ferramenta como um tipo de “escola prática”. Jony Oliveira, sonoplasta que trabalha a mais de 30 anos na emissora diz: “Antes a rádio era comercial, os alunos só participavam indiretamente das atividades. Agora mais do que nunca passou a ser uma ferramenta dos próprios alunos. Eles estão aqui diariamente contribuindo e aprendendo muito”.
A “Rádio Universitária” é uma maneira doa alunos vivenciarem como é trabalhar nesse meio de comunicação. “A Rádio Gazeta AM quer se desenvolver cada vez mais e agora com os alunos está sendo muito mais legal, porque além deles saberem como é o funcionamento na prática, também é um meio de progredirem na área”, fala Ivan Carvalho, engenheiro e técnico dos equipamentos da emissora.
Quem percorre pelos arredores do quarto andar do prédio da faculdade pode ver rostos e ouvir vozes diferentes a cada dia, pois são muitos os alunos que estão participando, e cada ano mais jovens aparecem para dar novas ideias e uma cara mais “casperiana” para a rádio. E o legal é que você pode realmente fazer e aprender um pouco de tudo, pois as portas sempre estão abertas para quem se interessa.
Assunto é o que não falta lá. Tem de tudo: esporte, história, cultura, notícias diárias… Enfim, tem muita coisa legal e você sempre vai achar algo que seja compatível com o que deseja. A galera é muito unida, e não só os alunos como toda equipe que está envolvida, como os sonoplastas e os técnicos, acabam criando uma amizade, o que torna o ambiente ainda mais agradável. “Sinceramente, acho o que me leva a ficar aqui por mais tempo são os alunos, porque se fosse como antigamente seria chato, mas agora com eles é tudo diferente. A gente faz amizade, a gente brinca, briga, mas no fim está sempre todo mundo unido”, confessa Jony.
“Rádio já faz parte da minha vida”. Isso é o que se ouve de muitas vozes que entraram somente para conhecer o local e se apaixonaram pelo meio radiofônico. Aprender praticando é a melhor forma de ser bom, e para quem realmente quer seguir carreira a oportunidade que a faculdade proporciona é única, pois não se encontra em nenhum outro lugar. “Rádio é a melhor escola, pois exige do comunicador sua própria essência, que é o som”, diz Leonardo Levatti, apresentador do Tarde Gazeta, um dos programas onde os próprios alunos produzem e gravam os quadros. Como Ricardo Rossi – aluno das pós-graduação – diz “participar dessa rádio é continuar um trabalho de qualidade, porque por mais que seja universitária, continua sendo muito boa como sempre foi”.
A Gazeta AM com certeza conquista a todos que participaram e ouvem seus programas. Para os alunos, vale muito a pena passar por lá e conferir de perto, pois pode ser sua voz que está falando para completar mais um momento da história da rádio.
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