“Dois candidatos acertaram o mesmo número de questões no Enem, portanto têm a mesma nota”. A afirmativa parece inegável aos olhos do modelo clássico de avaliação, mas quando o assunto é Enem a resposta pode ser bem diferente, dependendo dos erros e acertos de cada candidato.
Desde 2009, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) adota a Teoria de Resposta ao Item (TRI) na elaboração e correção das provas. A teoria atribui a cada questão – ou “item” – uma probabilidade de acerto de acordo com o nível de conhecimento do aluno na disciplina. Em outras palavras, a TRI considera que alunos que dominam muito a matemática, por exemplo, têm uma probabilidade maior de acertar uma questão difícil da prova do que alunos que dominam pouco essa área do conhecimento.
Entre itens fáceis, de média dificuldade e difíceis, o objetivo da TRI é analisar a coerência das resposta de um candidato na prova, ou seja, como o aluno desempenhou na totalidade do exame. Por exemplo, os candidatos Amanda e Bruno acertaram o mesmo número de itens na prova, mas Amanda teve um perfil de respostas mais coerente (acertou as fáceis e errou as difíceis), o que garante uma nota maior.
Já o aluno Bruno errou muitas questões da categoria “fácil” e acertou muitas da categoria “difícil”, o que a metodologia considera estatisticamente improvável e pressupõe que ele chutou, descontando pontos na nota final.
Questões mais fáceis e mais difíceis do Enem 2017
A partir de mais de um milhão de gabaritos processados pelo aplicativo Quero Minha Nota!, que estima a nota dos alunos na metodologia do Enem, a Tuneduc, startup especialista em dados educacionais, elencou as três questões mais fáceis e difíceis por área do conhecimento – Linguagens, Ciências Humanas, Ciências da Natureza e Matemática.
Linguagens e Códigos e suas Tecnologias
MAIS FÁCEIS:

No geral, a prova de Linguagens e Códigos e suas Tecnologia do Enem 2017 foi considerada clara e direta. As questões mais fáceis da prova são justamente questões que exigem apenas a capacidade de identificar informações presentes em textos ou a partir da leitura de imagens.
As questões 11 e 34 tiveram sua resolução facilitada por apresentarem textos base curtos, com linguagem simples e clara, exigindo leitura e interpretação de imagens, mas não inferências. A resolução da questão 21 exigia um passo extra, solicitando que os candidatos relacionassem o texto à determinada concepção artística, mas pode ser considerada fácil pela forma como foram construídas as alternativas.
MAIS DIFÍCEIS:

Alguns professores que comentaram a prova mencionaram a extensão dos textos base, que foi considerada cansativa. Além disso, identificaram a necessidade de relacionar textos e movimentos artísticos, habilidade necessária para a escolha das alternativas.
Uma das questões mais difíceis do Enem deste ano teve respostas diferentes do gabarito oficial em sites de resolução comentada, mostrando a complexidade da tarefa de interpretação. Entre as três questões consideradas mais difíceis, uma característica é comum: requerem do candidato a capacidade de inferir informações (como a intenção do autor) e discriminar gêneros textuais, relacionando-os com determinada corrente artística.
Ciências Humanas e suas Tecnologias
MAIS FÁCEIS:

As questões exigem operações cognitivas de menor complexidade pois apresentam uma relação bastante direta entre o que se descreve nos textos e as alternativas, exigindo pouco conhecimento prévio dos temas tratados. Além disso, temas como nazismo, terremotos e imigração são comumente discutidos fora da escola, em conversas informais ou pela mídia.
MAIS DIFÍCEIS:

As três questões exigem operações cognitivas de maior complexidade. Demandam dos candidatos a capacidade de analisar um fragmento de conteúdo (textual ou imagético) e extrair deles relações indiretas, que permitam extrapolar o contexto do conteúdo para encontrar a alternativa correta.
Além disso, os itens exigem que os alunos somem conhecimentos prévios às informações contidas nos textos ou imagens, o que os tornam mais complexos.
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
MAIS FÁCEIS:

As três questões possuem conteúdos recorrentes nos vestibulares e nos materiais didáticos que trabalham os assuntos do ensino médio.
A questão 101 pôde ser acertada utilizando apenas o senso comum de que lâmpadas de LED são eficientes e não esquentam, dispensando a análise profunda dos gráficos apresentados. As outras duas (132 e 115) são conteudistas e não possuem complexidade elevada no que é pedido. Os temas são transporte celular e separação de misturas heterogêneas.
MAIS DIFÍCEIS:

Estas questões exigem conhecimento profundo dos temas abordados. A questão 108 é sobre energia mecânica e trabalha com a variação da energia potencial e cinética. Para respondê-la, é necessário relacionar o conhecimento físico com conhecimento gráfico de funções lineares e funções quadráticas. A resolução é feita a partir da manipulação das fórmulas de energia, buscando o caráter gráfico da função que foi gerada como resposta.
A complexidade da questão 131 se baseia na exigência de 4 etapas de cálculos, em que os resultados são dependentes entre si. Errar uma das etapas é suficiente para errar a questão.
A questão 106 não exige do aluno o conhecimento da forma direta como ele é transmitido na escola. Para respondê-la, o aluno teve que extrapolar seus conhecimentos escolares de fisiologia vegetal e aplicá-los em um contexto diferente do usual.
Matemática e suas Tecnologias
MAIS FÁCEIS:

Os itens abordam conteúdos apresentados no ensino fundamental. As questões 154 e 178 envolvem a resolução de problemas por meio de raciocínio lógico: a primeira exigindo conhecimentos de orientação espacial e a segunda o raciocínio lógico-numérico. A questão 155 exige a resolução de um problema envolvendo informações apresentadas em uma tabela com cálculo da média aritmética.
MAIS DIFÍCEIS:

As questões com menor número de acertos exigem alguma capacidade de abstração do aluno. Uma das questões envolve conhecimento em geometria plana (partes do círculo e área do retângulo), já as outras duas envolvem conhecimentos em análise combinatória.
Confira também:
– Unilever marca presença no XII Encontro de Comunicação e Letras do Mackenzie
0 Comentários