No campo das obras literárias, a influência sobre o leitor é de grande importância para a atenção de uma leitura marcante, tendo como objetivo atingir o máximo da atenção do público. Assim, a diversidade é a base para compor uma maior interação com o público por apresentar personagens que se assemelham, em micro ou macro, com o receptor da obra.
Em O Cortiço, de Aluísio de Azevedo, publicado no século XIX de cunho naturalista, mostra um leque de personagens na obra brasileira clássica, o qual explora a riqueza de diversidade dos personagens no cortiço e fora dele.
Assim, várias pautas sociais podem ser refletidas nessa literatura, como o racismo, machismo e prostituição, que remetem a infeliz realidade da época e as quais ainda se espelha no século XXI.

Importância da representatividade na literatura
Além disso, a questão da representatividade na literatura traz uma carga importante para a identificação do leitor com os personagens e o fortalecer no detalhamento dos sujeitos da obra, como suas reações diante de situações e sentimentos, estabelece um vínculo com o receptor, esse que terá a oportunidade de refletir mais sobre as características destacadas pelos personagens e conhecimentos adquiridos a partir da literatura.
Somado a isso, há também o explorar de diversos pontos de vista, que tem um papel de maior inclusão na obra, essa diversidade de opiniões expõe oportunidades que a literatura pode abordar nas decisões dos personagens e dar uma nova visão e gatilho para a atenção dos leitores no caminho do enredo.
Ademais, a relevância da pluralidade dos sujeitos em uma obra nos ensina uma variedade de valores morais, os quais contêm o poder de mudar a perspectiva do leitor e atribuir conhecimentos sem ao menos ter passado por situações semelhantes à mencionada na história.
Com isso, não se deve ignorar a inspiração que tais personagens proporcionam para quem ler a obra, não apenas em heróis de uma ficção, mas também em um simples coadjuvante.
Diante dos benefícios atribuídos à diversidade dos personagens, a realidade da população brasileira traz um dado intrigante em que, segundo o jornal Gazeta do Povo, em 2018, o PNAD apresenta cerca de 11,3 milhões de analfabetos acima de 15 anos.
Assim, com essa estatística, como os brasileiros reconheceriam a riqueza das suas obras literárias nacionais e das internacionais? Como seriam capazes de desfrutar das vantagens e entender a importância da diversidade dos personagens nessas literaturas, que pode fazer, da diversidade do seu eu, o grande “xeque” da obra?
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Por Amanda Marques – Fala! UFPE